luz e trevas

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Shoto On: 

Mal entro em casa e já sou esmagado por uma montanha vermelha.

— Filho, graças a Deus você apareceu, eu já estava quase colocando o uniforme e indo atrás de você... — me aperta contra seu peito, mas logo se afasta me olhando sério. — ONDE VOCÊ ESTAVA? E POR QUE NÃO ATENDEU A MERDA DO CELULAR? — grita com os braços cruzados.

— Vadiando, curtindo, essas coisas... — reviro os olhos. — E meu celular quebrou. — mostro a caixa fechada do novo celular que comprei, fazendo-o arregalar os olhos assustado ao ver minha mão enfaixada.

— Shoto, sua mão... o que aconteceu? — pergunta preocupado analisando-a.

— O celular. — digo cansado vendo-o franzir o cenho. — Foi um acidente. — suspiro.

— Senta aqui, eu vou cuidar disso antes que infeccione. — diz me puxando pro sofá.

— Pai, não precisa, eu vou sobreviver. — digo em tom sarcástico.

— SHOTO! — me olha sério. — Você não vai sair daqui até eu cuidar disso! 

— ‘Tá. — reviro os olhos. 

Depois de meu pai ter feito um curativo — e já aproveitado pra me torturar no processo —, eu finalmente subi para o meu quarto e agora me encontro debaixo do chuveiro, deixando que a água leve toda a sujeira de meu corpo. Mesmo que eu já tenha tomado banho antes, eu ainda me sinto nojento. Me odeio por me sentir assim, me odeio por ter me descontrolado e descontado a frustração em outra pessoa. Tudo bem que foi conscientemente, porém... eu não sou assim. Um pouco, talvez, mas não a este ponto...

Saio do banheiro enrolando uma toalha em minha cintura e com outra para enxugar meus cabelos. Pego meu novo celular vendo se as configurações estão certas e ouço alguém bater na porta. Já imaginando ser o meu pai ando devagar até ela abrindo-a de uma vez, fazendo a pessoa levar um leve susto e eu franzir o cenho.

— O que você quer? — pergunto sem paciência vendo o anão abaixar o olhar envergonhado ao perceber que estou sem roupa.

— Eu v-vim sa-ber se v-você vai que-rer alguma coisa na festa... — gagueja ainda olhando para baixo.

— Festa? — pergunto sem entender fazendo ele me olhar.

— É, o seu pai meio que me deu essa ideia e... O QUE ACONTECEU COM A SUA MÃO? — fala assustado olhando-a.

— Não te interessa. — digo sério, mas seu foco ainda continua na minha mão. — Que história é essa de festa? — chamo sua atenção.

— Vou fazer uma festa aqui em casa, e como você também mora aqui, eu vim saber se você vai querer alguma ideia ou decoração em particular. — diz sério, mas eu percebo um certo brilho em seus olhos. Suspiro e fecho os meus, penteando os cabelos para trás enquanto penso em alguma coisa.

— Você já tem alguma pronta? — pergunto, porém ele não me escuta. — TEM? — digo alto fazendo ele voltar a si e me olhar corado. Antes eu acharia bonitinho, agora eu só acho infantil.

— U-ma fes-ta à fan-tasia. — gagueja corado.

— Hum... — cruzo os braços. — Então eu vou escolher o tema. — falo e ele me olha curioso. — Luz e trevas! 

— E como seria a roupa disso?  

— Não é óbvio? — sorrio de lado. — Anjos e demônios... quem quiser ser mais "santinho", vem de anjo, e quem for do "lado mal", de demônio. Só isso?

— Amanhã vai ter uma reunião na casa do Iida com a turma, para organizar melhor tudo sobre a decoração e convidados, se você quiser ir... — diz com o rosto vermelho.

Meu Eterno RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora