Capítulo 8

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Mal consigo comer de tão apreensiva que estou. Internamente fico rezando para não sofrer uma segunda demissão e despejo na mesma semana.

Assim que termino de lavar a louça, sou chamada até o escritório.

Sr. Arthur está sentado atrás de sua mesa em frente a um computador e me aponta a cadeira em sua frente, onde sento cruzando minhas mãos sobre o colo para disfarçar meu nervosismo.

- D. Júlia devemos esclarecer algumas coisas já que a partir de agora, teremos que conviver. Quero dizer que gosto de tudo em seus devidos lugares, não suporto mentiras e tudo deve ser muito às claras para evitarmos qualquer tipo de constrangimentos. Portanto, desejo que também seja honesta comigo e não teremos aborrecimentos futuros.

Apenas concordo com humildade:

- Sim senhor.

Ele continua seu discurso:

- Certo, não preciso dizer que tudo o que conversarmos aqui será redigido em contrato e que a quebra de qualquer dos lados, acarretará em prejuízo para as partes. Entende o que estou dizendo?

Me pergunto se esse homem pensa que sou analfabeta e faço um esforço para não revirar os olhos quando respondo:

- Perfeitamente Sr. Arthur.

- Ótimo. Que idade você tem?

  Encaro seu olhar profundo e tento manter minha postura profissional.

- Tenho 26 anos.

Ele arqueia as sobrancelhas e depois franze o cenho numa expressão que eu já recebi inúmeras vezes e com o mesmo comentário totalmente dispensável que também já ouvi em diversos momentos da minha vida:

- E já com um filho desse tamanho??!! Começou cedo hein? Terei problemas com o pai do menino ou algum namorado que possa aparecer por aqui?

Odeio esse tipo de intromissão em minha intimidade, sempre devolvo com uma resposta bem mal criada. Afinal, ninguém tem nada a ver com minha vida.

Mas tento entender sua posição, já que é na casa dele que estou morando. Respondo com uma calma que não tenho:

- Não há nada com o que se preocupar nesse sentido senhor.

Ele parece estar estudando minhas respostas e minhas reações. Nitidamente tentando conhecer quem está colocando dentro de sua casa.

- O que pretende fazer com a criança durante a semana?

Detesto a maneira que ele se refere a Miguel, parece até que com um certo asco. Procuro não transparecer esse sentimento e respondo com sinceridade:

- Na verdade não sei Sr. Arthur, estamos muito longe da sua escola e não tenho condições de proporcionar o seu deslocamento. Vou tentar conseguir um colégio aqui por perto, mas infelizmente, acho que este ano estará perdido pra ele.

Falo triste pois ainda não conversei com Miguel sobre isso e sei que ele vai ficar arrasado.

Ele grita indignado:

- Isso é inadmissível!! O menino não pode parar de estudar. É muita irresponsabilidade sua sequer cogitar essa hipótese. Providencie o transporte que eu assumo a despesa.

"Ele me chamou de irresponsável? "  Meu rosto fica vermelho na hora. Quem este homem está pensando que é para insinuar que eu não sou uma boa mãe??! Ele não sabe tudo o que passei para cuidar, educar, vestir e alimentar meu filho nesses dez anos.

Só não vou dizer que foi sozinha porque minha mãe e D. Eulália foram essenciais em nossa vida. Respondo de maneira firme:

- Não posso aceitar isso Sr. Arthur.

Ele retruca num tom seco:

- Inadmissível quer dizer que isso não está em discussão. Além disso, a senhora não está em condições de recusar a minha oferta.

Mais uma vez, ele só faltou me chamar de burra. Levanto meu olhar desafiadoramente pra ele que ignora meu semblante indignado.

- Ainda por cima, precisa de um turno livre ou não dará conta dos seus afazeres.

Novamente engulo meu orgulho e me coloco em meu devido lugar. Não posso me dar ao luxo de enfrentá-lo e perder esse emprego ou prejudicar meu filho por uma reação inadequada.

Mais alguns detalhes são acertados sobre minhas tarefas e por fim, sou informada que receberei um salário. E mesmo insistindo para que me desconte a estadia, ele nega.

Faço uma promessa mentalmente de juntar cada centavo que receber para poder sair dali o mais rápido possível.

No final da reunião, um contrato é impresso e ambos assinamos, selando assim o que seria minha realidade nos próximos meses.

Pessoal por favor comentem o que estão achando. Ainda tem muita história pela frente e a opinião de vocês é imprescindível pra eu saber se estou no caminho certo. Obrigada.

Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora