Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)

Capítulo 22

Acordo no meio da noite, ainda nos braços do meu chefe. Após cobri-lo com um cobertor, vou em direção ao meu quarto para não correr o risco dele acordar e me ver ali.

Não quero admitir, mas a ideia de ir embora está me matando.

Na manhã seguinte, a sala já está vazia. Provavelmente no meio da noite, ele procurou a sua confortável cama.

Hoje é sábado e não tem aula. Arrumei a cozinha com o bolo de aniversário de Miguel e alguns balões que comprei. Chamo as crianças e cantamos parabéns, aproveitando o bolo no café da manhã.

Meu filho está radiante com a decoração surpresa. Estamos conversando e rindo em volta da mesa. Arthur entra vestindo uma roupa casual, o que o torna ainda mais jovial. Seus cabelos estão molhados, entregando que acaba de sair do banho. 

Não há nenhum sinal de ressaca pela bebedeira de ontem.

Meu coração dispara e desvio o olhar para não entregar o quanto ele me desconcerta. Seus olhos verdes, ficam um tom mais claro quando ele está mais relaxado e sem aquela ruga de irritação entre eles.  Seu tom de voz é suave quando questiona:

- Opa! O que está acontecendo aqui?

Miguel é quem responde de pronto:

- Eu estou de aniversário Sr. Arthur.

Arthur se aproxima descansando o braço nos ombros do meu filho, bagunçando seus cabelos com a mão livre.

- Ora,ora,ora...Então essa é uma data muito especial. Posso compartilhar um pedaço desse bolo?

Ele pergunta olhando pra mim de uma maneira que nunca havia feito antes. Amistoso...quase amável. Fico comovida pela maneira que está interagindo com as crianças. Não é um carinho forçado. Parecia que realmente estava feliz por participar da nossa simples comemoração.

Estou tão absorta em meus pensamentos que só percebo que esperam uma resposta minha, quando encontro três pares de olhos me encarando ansiosos. 

Miguel quebra o silêncio:

- Deixa mãe?

Pisco algumas vezes sem entender.

- Deixo o quê?

Quem responde é Arthur:

- Quero levar as crianças no shopping para passear e lanchar. O que acha?

Observando a ansiedade dos pequenos, é impossível negar tal pedido. Respondo logo:

- Claro, tudo bem.

As crianças pularam da mesa comemorando e foram correndo para o quarto se arrumarem. Impossível não sorrir com a felicidade deles. Arthur ainda sorrindo ao presenciar essa agitação, vira pra mim e convida:

- Você poderia...sabe...vir com a gente. Pode ser?

Sou totalmente pega de surpresa. " Como assim, ele não vai ficar com vergonha de ser visto com a empregada?"  

- Acho melhor não. Vou ficar por aqui e ajeitar as coisas.

Ele insiste:

- Por favor Júlia. Eu nunca saí com crianças, não levo jeito nenhum. Vou precisar da sua ajuda.

E com isso ele me convenceu.

Fico totalmente constrangida dentro do carro do meu patrão, que me fez sentar a seu lado no banco da frente. Atrás, as crianças vinham distraídas e Sr. Arthur vinha com a atenção voltada ao trânsito e, vez ou outra soltando uma risada com a brincadeira das crianças. 

Todos eles alheios aos sentimentos adversos que eu estava enfrentando.

Paramos numa loja de brinquedos e Lisa sai abraçada com um urso enorme, quase do seu tamanho, presente do irmão. 

Sr. Arthur dá uma piscadinha para Miguel, me deixando sem entender nada e fala:

- Ei garotão, me ajuda a levar esse ursão até o carro?

Miguel assente e o acompanha, enquanto eu e Lisa nos dirigimos à área de lazer do shopping. Estranho um pouco a demora deles em voltar, mas assim que os avisto de longe, conversando e rindo, me emociono em ver o quanto Miguel gosta dele e fica à vontade em sua presença.

Esse homem em nada se parece com o meu chefe arrogante e que não gosta de crianças. Esse seu lado delicado, carinhoso e atencioso, me tratando de forma educada e cordial, é novidade pra mim.

O que está acontecendo?

Essa versão dele totalmente cativante, me arranca suspiros. Fazendo com que eu fantasie mais momentos assim e me perca em sonhos enganosos.

  "Quanto mais alto se sonha, maior o tombo." Com esse pensamento, me forço a voltar à realidade.

Pareço uma adolescente apaixonada.

Espera aí.

Não sou nenhuma adolescente...

E muito menos apaixonada.