Capítulo 36

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Minhas pernas falham e sou atingida por uma vertigem tão forte, que me causa náusea.

A tal Débora observa Arthur e com olhos miúdos declara com escárnio:

- Por que você está dando satisfação à empregada Arthur? Acabou mesmo herdando os gostos peculiares de seu pai héin?

Furioso Arthur retruca:

- Cala essa boca Débora e vá se vestir eu já disse! Ou não vou permitir que se aproxime de Lisa.

A mulher dá uma gargalhada aguda e me avalia de cima a baixo. Percebendo o quanto estou afetada, alfineta:

- Então está mesmo comendo a empregada. Por isso me dispensou ontem a noite e me jogou no quarto de hóspedes. Você já teve um gosto bem melhor para mulheres Querido.

Sem resposta pra dar e praticamente em choque, viro uma mera expectadora da discussão dos dois. Me pergunto o que Lisa tem a ver com essa mulher.

- Antes de mais nada Débora, exijo que respeite todas as pessoas que moram nesta casa. A única que não é bem-vinda aqui é você! E depois, você deveria aprender algumas coisas com a Júlia, pois nunca será um terço da mãe que ela é.

Estremeço ao ouvir isso e sinto meus olhos molhados, só então percebo que há muito tempo as lágrimas descem pelo meu rosto sem que eu possa impedi-las.

Não sei se de alívio, de nervoso, de toda tensão que tenho passado ou tudo misturado.

Só sei que me sinto ainda mais humilhada diante dessa mulher.

Arthur respira fundo, segura meu rosto em suas mãos, limpando minhas bochechas com os polegares e fala baixinho:

- Depois te explico o que está acontecendo. Confia em mim Júlia...por favor...

Apenas balanço a cabeça em concordância.

Minha voz não sai e ainda permaneço imóvel. Porém minha cabeça está a mil, registrando tudo que estou presenciando. A própria Débora afirmou que ele a rejeitou e que dormiu no quarto de hóspedes.

Isso já me traz um alento.

Ainda voltado pra mim, Arthur se dirige à mulher de forma rude:

- Agora se arrume de uma vez que você vai embora. Não quero que Lisa a veja.

Débora ameaça:

- Isso não é você quem decide!

Arthur fecha os olhos e respira impacientemente. Vira em direção a ela, ficando de costas pra mim.

Percebo seus ombros tensos, as mãos vão para os bolsos das calças e sei que seus punhos estão cerrados, pois já o conheço quando fica nervoso e não quer deixar transparecer.

- Tem razão Débora, não sou eu quem decide...é o meu talão de cheques.

A mulher bufa e girando nos calcanhares, vai em direção a porta, sumindo no corredor. Desta vez, acatando o que ele diz.

Arthur volta seu olhar pra mim, que abranda um pouco. Mas sei que continua tenso e receoso em se aproximar.

- Júlia por favor, arrume as suas coisas e das crianças que iremos passar o final de semana na minha casa do litoral. Pode ser?

Surpreendida pelo convite, depois de tudo que presenciei ali, apenas consigo responder com minha voz falhando e gaguejando:

- Eu não...não acho que seja...seja uma boa ideia.

Ele passa a mão em meus cabelos e implora:

- Por favor Júlia, precisamos realmente conversar. Essa situação entre nós, já está insustentável. As crianças vão amar! Quero que elas conheçam D. Lourdes que é quem praticamente me criou. Vai ser bom mudar de ares um pouco e nós...também estamos precisando.

Para acabar com o assunto, simplesmente concordo balançando a cabeça. Ainda estou tremendo dos pés à cabeça e tenho medo de me mexer.

Arthur me observa preocupado. Porém antes que diga alguma coisa, Débora invade a cozinha já vestida e interrompe:

- Estou pronta Arthur.

Ele não olha pra ela.

Ainda me encarando, diz:

- Obrigado...até mais tarde Júlia.

Deposita um beijo em minha testa, pega sua pasta e vai em direção à saída, com Débora o seguindo.

Usa um tom firme ao se dirigir à ela:

- Vamos embora!

E eu?

Continuo estagnada, respirando profundamente e com medo de nunca mais sair desse torpor...

Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora