Me apresso em desfazer as malas do Sr. Arthur. A maioria de suas roupas estão dobradas e passadas, é necessário apenas organizá-las. Encontro apenas algumas com sinais de uso.
Seguro uma camisa branca nas mãos e sinto um perfume masculino inebriante. Minha vontade era de afundar o nariz naquela peça e aspirar profundamente aquele cheiro, mas não o fiz.
A porta do banheiro se abre abruptamente e meu patrão sai de lá com uma toalha amarrada em sua cintura e o torço nu. Distraído e de cabeça baixa enquanto secava seu cabelo com outra toalha.
Petrifiquei no lugar, como se estivesse cometendo um delito e fosse pega no flagra. Só então pude observá-lo melhor depois da situação constrangedora em que nos conhecemos.
Ele era muito alto, com braços fortes e abdômen reto mas nada musculoso demais. Algumas gotas escorriam por seu peito até a cintura, onde a toalha estava presa.
Seus cabelos eram pretos e lisos. Suas mãos eram grandes, com dedos longos.
Tudo nele exalava masculinidade. Sua postura era segura, sua presença marcante, chegava a ser intimidador estar perto dele.
Sinto minha boca seca, ele me deixa inibida com toda sua autoridade e nudez.
Ao levantar a cabeça, acaba se dando conta da minha presença e então bufa:
- Era só o que me faltava!!! O que ainda faz aqui?
Levo um susto ao sair do meu torpor por conta do seu tom de voz. Olho para meus pés para não encará-lo seminu e solto o que minha mente conseguiu articular rapidamente:
- Só estava recolhendo a roupa suja. A roupa de cama foi trocada essa semana, mas se o senhor quiser posso colocar lençóis novos.
Ele me dirige um olhar bem irritado e percebo que são verdes, bem escuros. Seu rosto todo é bonito, seu queixo é quadrado e reparo que foi recém barbeado.
Sua boca é num tom vermelho escuro e seu lábios bem carnudos. Porém suas sobrancelhas franzidas, mostram dois sulcos entre elas, que revelam que esse seu semblante contraído e seu mal humor é mais do que rotineiro.
"De que adianta ser tão bonito se é um mal amado?" Penso enquanto observo suas feições.
- Eu só preciso dormir D. Júlia. Não me dou bem com crianças, então é melhor seu filho não ficar zanzando pela casa encontrando coisas para quebrar.
Eu suspiro resignada.
- Não se preocupe Sr. Arthur, Miguel é um excelente menino. O senhor nem saberá que ele está aqui, com licença.
Saio rápido do quarto pensando no quanto vai ser difícil essa convivência, porém preciso aguentar até conseguir um lugar pra ficar.
Aviso Miguel pra ficar entre a cozinha e o quartinho e retomo os meus afazeres buscando balde e vassoura onde havia largado anteriormente.
Perto do horário do almoço, verifico que não tem nenhum ingrediente para fazer uma refeição e decido ir ao mercado para providenciar algo.
Como tenho poucos recursos, opto por preparar uma macarronada com molho de tomate e queijo, receita da minha mãe. É prática, rápida, barata, deliciosa e Miguel adora.
Assim que termino de preparar, ouço uma voz rouca e grossa na porta da cozinha.
- O que está fazendo aí D. Júlia?
Respondo secando as mãos no pano de copa:
- Apenas uma macarronada senhor.
Ele se aproxima das panelas pra espiar e eu me afasto do fogão. Esse homem me deixa literalmente pisando em ovos.
Não quero desagradá-lo em nada porque preciso desse emprego e de um lugar pra ficar. Mas ao mesmo tempo, não o conheço.
Ele realmente me assusta um pouco com esse jeito tão austero.
Ele levanta a tampa das panelas e verifica atento o conteúdo.
- Parece bom. Pode servir na sala de jantar e assim que terminar o almoço, teremos uma reunião para acertarmos as regras e redigirmos seu contrato de trabalho.
Eu balanço a cabeça concordando em silêncio e providencio o que foi pedido.
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Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)
RomansaJúlia teve todos os seus sonhos interrompidos por conta de uma gravidez na adolescência.Sem ter onde morar com seu filho, ela vai trabalhar na casa de Arthur. Um homem pedante que deixa claro que despreza a sua origem humilde e não suporta crianças...