Vou até as crianças e convido Lisa para conhecer o seu novo quartinho e acomodarmos seus pertences, que não passam de uma mala pequena, uma mochila com livros e cadernos e uma bonequinha de pano.
Lisa fez questão de acomodar sua bonequinha com carinho no meio da cama.
Enquanto vou guardando suas roupinhas, escuto a conversa entre as crianças. Miguel pergunta:
- Onde você morava Lisa, era grande assim?
Ela já está bastante à vontade com Miguel. As crianças são inocentes e naturais, sem os melindres dos adultos. É normal que já tenham criado um laço de confiança entre eles. Ela responde de forma simples:
- Era grande, mas diferente. Tinha várias camas, só havia meninas e durante o dia todinho, eu tinha que estudar.
Deduzo que era um colégio interno. A curiosidade ainda fervia em mim. Mas meu filho foi mais rápido e fez a pergunta que eu almejava:
- Onde está sua mãe?
Doeu ver sua triste expressão quando respondeu:
- Não sei, eu nunca a conheci.
Miguel ao perceber sua infelicidade, dá um abraço na amiga. Eu me aproximo um pouco mais e sento ao seu lado na cama acariciando seus cabelos longos e pensando em como é triste, ela tão pequena sem sua mãe e com um pai que a considera "um problema".
" Será que era por isso que Sr. Arthur era tão rabugento? Será que era viúvo e nunca se recuperou do baque? " Fico conjecturando para desvendar o mistério que é o meu chefe.
Assim que se afasta do abraço, Miguel ainda comenta:
- Seu pai é bem bravo, mas no fundo é um cara legal.
A menina franze a testa meio confusa.
- Você conheceu meu pai antes dele morrer?
Agora eu é que fiquei confusa e questiono:
- Sr. Arthur não é o seu pai?
Ela ri de nossa confusão e esclarece:
-Não...não. Arthur é o filho mais velho do meu pai. Ele morreu há mais ou menos um mês. Ontem me tiraram de onde eu estava e disseram que agora eu tinha que morar aqui.
Em seguida, as crianças mudam de assunto e já se distraem em seu mundo infantil.
Enquanto eu fico divagando com essas novas descobertas sobre o meu patrão.
Ele não tem filha, mas uma irmã. De qualquer forma, não pareceu nada satisfeito com isso.
Depois de alimentar as crianças, ajudo Lisa a se preparar para dormir. Ela fica ansiosa em um lugar desconhecido e chora dizendo que não queria dormir sozinha.
Miguel se prontifica a ficar com ela, que fica mais calma.
Lavo toda a louça, tomo um banho e como está calor, coloco apenas um pijama curto para dormir.
Verifico as crianças no quarto e sorrio ao ver a imagem deles dormindo em um sono profundo e de mãos dadas.
Volto para a cozinha e decido colocar a matéria em dia, porque estou atrasada para a entrega de um trabalho.
Com meu telefone e caderno em mãos, fico tão concentrada que não vejo as horas passarem.
De repente, levanto a cabeça e dou de cara com Sr. Arthur escorado no batente da porta de braços cruzados, com uma expressão interrogativa me encarando.
Ele vestia apenas uma calça de malha fina cinza e uma regata branca, seus pés estão descalços. Eu tiro o fone e ele pergunta:
- O que está fazendo aqui a essa hora?
Eu não respondo de pronto, meio hipnotizada pela sua figura, até que resolvo falar antes que o silêncio se torne estranho demais.
- Posso lhe servir em alguma coisa?
Ele suspira e vem em direção à mesa.
- Na verdade, vim tomar um pouco de água.
Levanto para servi-lo e me dou conta do que estou vestindo quando vejo seu olhar passeando pelas minhas pernas.
Prefiro ignorar e lhe dar logo a água para que ele volte logo para seu quarto.
Porém ele senta na cadeira ao lado da minha e puxa o meu caderno, correndo os olhos sobre minhas anotações.
- O que realmente está fazendo na minha cozinha às duas horas da manhã D. Júlia?
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Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)
RomanceJúlia teve todos os seus sonhos interrompidos por conta de uma gravidez na adolescência.Sem ter onde morar com seu filho, ela vai trabalhar na casa de Arthur. Um homem pedante que deixa claro que despreza a sua origem humilde e não suporta crianças...