Capítulo 12

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Vou até as crianças e convido Lisa para conhecer o seu novo quartinho e acomodarmos seus pertences, que não passam de uma mala pequena, uma mochila com livros e cadernos e uma bonequinha de pano.

Lisa fez questão de acomodar sua bonequinha com carinho no meio da cama.

Enquanto vou guardando suas roupinhas, escuto a conversa entre as crianças. Miguel pergunta:

- Onde você morava Lisa, era grande assim?

Ela já está bastante à vontade com Miguel. As crianças são inocentes e naturais, sem os melindres dos adultos. É normal que já tenham criado um laço de confiança entre eles. Ela responde de forma simples:

- Era grande, mas diferente. Tinha várias camas, só havia meninas e durante o dia todinho, eu tinha que estudar.

Deduzo que era um colégio interno. A curiosidade ainda fervia em mim. Mas meu filho foi mais rápido e fez a pergunta que eu almejava:

- Onde está sua mãe?

Doeu ver sua triste expressão quando respondeu:

- Não sei, eu nunca a conheci.

Miguel ao perceber sua infelicidade, dá um abraço na amiga. Eu me aproximo um pouco mais e sento ao seu lado na cama acariciando seus cabelos longos e pensando em como é triste, ela tão pequena sem sua mãe e com um pai que a considera "um problema".

" Será que era por isso que Sr. Arthur era tão rabugento? Será que era viúvo e nunca se recuperou do baque? "  Fico conjecturando para desvendar o mistério que é o meu chefe.

Assim que se afasta do abraço, Miguel ainda comenta:

- Seu pai é bem bravo, mas no fundo é um cara legal.

A menina franze a testa meio confusa.

- Você conheceu meu pai antes dele morrer?

Agora eu é que fiquei confusa e questiono:

- Sr. Arthur não é o seu pai?

Ela ri de nossa confusão e esclarece:

-Não...não. Arthur é o filho mais velho do meu pai. Ele morreu há mais ou menos um mês. Ontem me tiraram de onde eu estava e disseram que agora eu tinha que morar aqui.

Em seguida, as crianças mudam de assunto e já se distraem em seu mundo infantil.

Enquanto eu fico divagando com essas novas descobertas sobre o meu patrão. 

Ele não tem filha, mas uma irmã. De qualquer forma, não pareceu nada satisfeito com isso.

Depois de alimentar as crianças, ajudo Lisa a se preparar para dormir. Ela fica ansiosa em um lugar desconhecido e chora dizendo que não queria dormir sozinha.

Miguel se prontifica a ficar com ela, que fica mais calma.

Lavo toda a louça, tomo um banho e como está calor, coloco apenas um pijama curto para dormir.

Verifico as crianças no quarto e sorrio ao ver a imagem deles dormindo em um sono profundo e de mãos dadas.

Volto para a cozinha e decido colocar a matéria em dia, porque estou atrasada para a entrega de um trabalho.

Com meu telefone e caderno em mãos, fico tão concentrada que não vejo as horas passarem.

De repente, levanto a cabeça e dou de cara com Sr. Arthur escorado no batente da porta de braços cruzados, com uma expressão interrogativa me encarando.

Ele vestia apenas uma calça de malha fina cinza e uma regata branca, seus pés estão descalços. Eu tiro o fone e ele pergunta:

- O que está fazendo aqui a essa hora?

Eu não respondo de pronto, meio hipnotizada pela sua figura, até que resolvo falar antes que o silêncio se torne estranho demais.

- Posso lhe servir em alguma coisa?

Ele suspira e vem em direção à mesa.

- Na verdade, vim tomar um pouco de água.

Levanto para servi-lo e me dou conta do que estou vestindo quando vejo seu olhar passeando pelas minhas pernas.

Prefiro ignorar e lhe dar logo a água para que ele volte logo para seu quarto.

Porém ele senta na cadeira ao lado da minha e puxa o meu caderno, correndo os olhos sobre minhas anotações.

- O que realmente está fazendo na minha cozinha às duas horas da manhã D. Júlia?

Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora