Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)

Capítulo 21

Levo um tempo para me recompor e tentar entender o que acabou de acontecer ali. Não posso me deixar levar dessa maneira toda vez que esse homem me envolver.

Ele é meu patrão, de um nível social totalmente diferente e já demonstrou inúmeras vezes que me vê apenas como sua empregada. Não perde a oportunidade de me menosprezar e diminuir por isso. Além do mais, é uma pessoa pedante e grosseira.

Então, por que quando estou nos seus braços nada disso importa ou faz sentido?

Por que meu corpo reage se entregando, toda vez que ele me toca?

Por que sinto sua falta quando não está em casa?

Por que quase enlouqueço de ciúmes quando ele dorme fora ou encontro alguma mancha em suas roupas?

Por que aspiro forte seu perfume toda vez que entro em seu quarto pra limpar?

Com as duas mãos no rosto, penso exasperada "Senhor, não posso estar apaixonada por ele. É só uma atração muito forte porque não convivi com homem nenhum. Calma Júlia, só respira."

Volto aos meus afazeres, espantando esses pensamentos. Chamo as crianças para me ajudar a preparar um bolo, pois o aniversário de Miguel é amanhã.

Nos divertimos muito decorando o bolo e assim que coloco as crianças para dormir, volto para limpar nossa bagunça.

Ao me recolher, percebo que não há nenhum sinal de que Arthur está em casa. Já deitada e com o corpo fadigado, minha cabeça não me permite o descanso. 

Decido que amanhã vou iniciar a busca de um novo emprego e um lugar para me mudar. Chego às lágrimas ao pensar em como vai ser deixar Lisa, já tão apegada em mim e em Miguel... e nós a ela.

Ouço o barulho abafado de alguma coisa batendo na sala e levanto para me certificar do que está acontecendo na casa. Encontro meu chefe no escuro, cambaleante e escorado com uma mão na parede, enquanto a outra balança caída ao lado do seu corpo.

Ele resmunga alguma coisa que não tenho condições nenhuma de entender e percebo que está nitidamente mais embriagado do que estava quando saiu.

Acendo a luz. Ele imediatamente vira em minha direção com um sorriso largo e estende a mão me chamando:

- Júlia vem aqui.

Não posso deixar de sorrir com a cena. Se ele soubesse como fica lindo quando ri despreocupadamente...parece outra pessoa.

Me aproximo e o guio até o sofá. Como ele é pesado, caímos os dois sentados e começamos a rir juntos. De repente ele me olha, fica sério e atira a cabeça pra trás no encosto do sofá. Seu estado é de completa exaustão. Ele fala com a voz arrastada:

- Você...você é uma maldição Júlia.

Franzo a testa ao ouvi-lo. O que ele quer dizer com isso?

- Nunca mais diga que vocês vão embora daqui...eu não aceito isso.

Quando o encaro, percebo que está cochilando. Não tenho forças para levá-lo até seu quarto, então me abaixo para tirar seus sapatos e estico suas pernas até fazê-lo deitar no sofá mesmo. 

Ele solta algo inaudível, não resisto e passo a mão por seu cabelo desfeito, enquanto observo seu rosto bonito tão abatido. Arthur segura meu pulso e me puxa, fazendo com que eu deite a seu lado.

Aceito aproveitar esse momento porque sei que provavelmente amanhã, ele não lembrará de nada. É um sonho ter ele assim tão carinhoso e tranquilo, completamente o oposto da realidade.

Me aconchego em seu peito, ouvindo as batidas do seu coração. Esse é o melhor lugar do mundo. Nesse momento me sinto amparada, protegida e até ...amada. Ele me aperta em seus braços.

- Você tem um cheiro tão bom Júlia...Não me deixe...

Fecho os olhos com força, tentando segurar minhas lágrimas que já estão quase transbordando. Mesmo sabendo que ele não vai me ouvir, explico baixinho:

- Não posso deixar que Flávio encontre com meu menino.

Ele resmunga:

- Nosso.

Levanto a cabeça e o encontro praticamente dormindo. Insisto para tentar entender o que ouvi.

- O que você disse?

Ele dá um sorrisinho de lado e ainda com os olhos cerrados, responde preguiçosamente antes de cair num sono profundo:

- Nosso menino... e você é minha... Júlia.

Ao ouvir isso, as lágrimas deslizam sobre meu rosto encharcando seu peito.

Ah se isso fosse verdade...