Capítulo 35

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Passei dias sem vê-lo.

Arthur se isolou de mim novamente. Saia cedo e voltava tarde da noite, nitidamente me evitando.

Ele deixou bem claro que deveria partir de mim a aproximação e tenho a consciência de que o magoei.

Enquanto isso, eu sofria calada. Passava noites mal dormidas, me alimentava muito pouco e chorava constantemente. 

Pesava todos os dias os pós e os contras de me entregar a esse compromisso, mas não conseguia chegar a conclusão nenhuma.

Não estava feliz longe dele.

Não me sentia segura o suficiente para ficar com ele.

Ele era orgulhoso e não iria me procurar.

Eu era teimosa e não achava justo ele ter me pressionado.

No fundo, eu sentia que estava prestes a perdê-lo...

Na sexta-feira pela manhã, quando entro na cozinha, dou de cara com uma mulher que aparentava mais ou menos minha idade.

 Seus cabelos loiros e bagunçados, caíam sobre os ombros. Seus olhos eram azuis e era realmente muito bonita, apesar de ter uma ar pedante.

Mas o choque maior, foi que ela estava praticamente nua. Vestia apenas uma camisa de Arthur, com uns botões abertos, deixando parte dos seus seios à mostra.

Estagnei no lugar. Meu coração batia descompassado, minha visão ficou turva pelas lágrimas quase transbordando. Minha garganta ardia pelo pranto trancado ali. Até respirar se tornou penoso.

 Uma dor física atravessava todo o meu corpo.

A mulher, assim que percebeu minha presença, fala num tom arrogante:

- Você deve ser a empregada né? Pode preparar o meu café bem forte e com adoçante.

Não me movo, acho que nem piscar eu consigo.

Nunca me senti tão diminuída e humilhada em toda minha vida, nem mesmo no dia em que revelei a Flávio sobre minha gravidez naquele parque.

Era isso que eu sempre seria...a empregada.

Arthur entra na cozinha vestido para o trabalho e com o cabelo molhado, trazendo sua pasta de couro nas mãos.

 Ao deparar com a cena, observa meu estado e se dirige à mulher:

- Débora, que porra você está fazendo com a minha roupa e quase nua no meio da minha cozinha??!!

Ela se aproxima dele com um olhar dengoso, ajeita sua gravata e se insinua de maneira sensual.

- Ora Arthur, eu queria matar as saudades...sentir seu cheiro...

Ele arranca a mão dela e atira longe sem nenhuma delicadeza e diz:

- Recomponha-se, daqui a pouco as crianças estão aqui e não devem vê-la vestida desse jeito!

A mulher dá uma risada e fala num tom debochado:

- Ah é, me esqueci que agora você decidiu virar um homem filantrópico e quer adotar crianças carentes, pivetes de rua.

Arthur bufa e decide não revidar a provocação. Ele desvia o olhar em minha direção, que continuo parada sem forças para me mover.

Tenho certeza que meu rosto está transfigurado pela mistura avassaladora de sentimentos que estou vivenciando, olhando para essa cena.

Era previsível que isso fosse acontecer...mas nem por isso era menos dolorido e cruel...

Sem desviar os olhos dos meus, Arthur se aproxima e toca suavemente meu cotovelo.

- Imagino o que está se passando por sua cabeça Júlia, mas posso te garantir que não é nada do que está pensando...

Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora