Capítulo 30

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JÚLIA


Meu corpo está suado, cansado e satisfeito. Um sorriso bobo insiste em moldar meu rosto, enquanto descanso a cabeça no peito de Arthur. 

Sinto sua respiração aos poucos se normalizando e seu coração voltando a bater num ritmo cadenciado.

Ele me abraça e desliza sua mão no comprimento do meu cabelo, num carinho terno e delicioso. Sinto meus olhos pesarem e estou tão relaxada que quase durmo.

O quarto todo cheira a uma mistura de perfume, suor e sexo. 

Me sinto totalmente inebriada com esse cheiro.

Nunca pensei que pudesse sentir tanto prazer. Mesmo estando um pouco dolorida, meu sentimento nesse momento é de pura felicidade.

Ouço sua voz baixa:

- Está tudo bem Júlia?

Não consigo me mexer ou olhar pra ele, ainda estou meio entorpecida. Ele insiste:

- Machuquei você?

Meu sorriso se alarga:

- Você foi maravilhoso!

Escuto sua risada, aquela que eu tanto desejei que fosse direcionada pra mim. 

Ele parece querer conversar. Mas minha vontade é só de ficar em silêncio, aninhada em seus braços e guardando cada segundo do que vivi e senti em minha memória.

Sua mão sobe e desce devagar em minhas costas, causando arrepios em meu corpo. Ele fala com a voz mansa:

- Você não tem noção de como estou feliz por aceitar nos dar uma chance. Me sinto especial por você escolher se entregar a mim. Foi muito difícil eu aceitar me entregar a você também, mas sei que vai valer muito a pena Júlia.

Ele me aperta em seu abraço e deposita um beijo no topo da minha cabeça. Solta um suspiro e continua quase sussurrando:

- Tem tanta coisa que quero saber de você, que quero te contar, que quero te mostrar...

Desce sua mão até meu seio acariciando suavemente, me arrancando um gemido. Escondo meu rosto em seu peito e ele ergue meu queixo, me fazendo o encarar.

- Não quero que tenha vergonha de mim Júlia. Quero que sejamos amigos, companheiros e que possamos conversar, debater e até discutir sobre qualquer assunto. Acredito que só assim será possível construirmos uma boa relação. Concorda?

Apenas balanço a cabeça em um sinal afirmativo. Arthur pega uma mecha solta do meu cabelo e prende atrás da orelha sem desviar os olhos dos meus. 

Fica em silêncio, como se estivesse me analisando, esperando que eu tomasse a iniciativa e me manifestasse sobre o assunto ao qual eu sei que o incomoda demais.

- O que você quer me perguntar Arthur?

Ele respira fundo e responde:

- Bem, você pode me contar como foi sua experiência com o Flávio. Apesar de odiar pensar nisso, ficar imaginando está me matando.

Começo a contar o que aconteceu na minha adolescência. Sinto seu corpo ficar tenso enquanto vou narrando, mas entendo que é importante pra ele saber. 

Assim como eu tenho uma quantidade enorme de perguntas e teorias em minha cabeça me atormentando.

Quero saber sua história, porque disse que foi difícil se entregar a mim, porque falou que Lisa destruiu o que sobrou de sua família, porque vivia sempre tão irritado...

Ao finalizar meu relato, ele comenta:

- Está comprovado que esse cara é pior do que eu pensava. Você está certa em poupar Miguel deste desgosto.

Ao citar meu filho, ele dá um meio sorriso e questiona:

- E como vamos fazer isso? Digo, como vamos contar às crianças sobre nós?

Dessa vez, eu é quem fico tensa.

 Não existe essa possibilidade pra mim. Respondo séria:

- Nós não vamos falar nada para as crianças.

No mesmo instante, ele muda a feição franzindo as sobrancelhas mostrando seu desagrado e e altera a voz num tom já irritado:

- Como assim não vamos falar nada??!!

Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora