Arthur deixa escapar uma gargalhada alta com a referência desse apelido. Me traz a seu lado, puxando pela mão e fala:
- Essa aqui é a Júlia, mãe daquele garoto lindo, o Miguel. A menina é a Lisa, Nana.
Ao mencionar a menina, a mulher arregala os olhos surpresa e questiona:
- Lisa...aquela Lisa?
Então olha pra mim, que continuo observando tudo em silêncio, tentando entender qual a causa de tanto espanto sobre Lisa e o fato dele não me apresentar como sua empregada.
Arthur completa de modo carinhoso:
- Júlia essa é a D. Lourdes, a minha "Nana". Graças a ela, eu não me tornei um delinquente quando era mais jovem.
Estendo a mão para cumprimentá-la e sou surpreendida por um abraço forte e afetuoso, daqueles que não dá vontade nenhuma de se desvencilhar.
Entramos na casa e vamos nos acomodando. Dentre os vários quartos de hóspedes, as crianças escolhem um para ficarem juntos e eu acabo ficando sozinha em outro. Todos são no mesmo corredor do quarto de Arthur.
Como já está anoitecendo, o banho de mar ficou para o dia seguinte. De qualquer forma, havia muitas coisas para as crianças se distraírem.
Arthur e D. Lourdes, tinham muitas conversas para colocarem em dia e faziam isso na cozinha, enquanto ela preparava o jantar.
Precisando de um tempo sozinha, saio pela porta dos fundos em direção ao mar.
Fui caminhando devagar, reconhecendo o terreno e sentei na areia, sentindo a brisa gelada da noite. Apesar de estar um pouco frio, me senti confortável.
Fiquei observando as ondas calmas, batendo na beira da praia. O horizonte escuro abrigava lindas constelações de estrelas, que se mostravam muito mais brilhantes do que na cidade, onde as luzes artificiais as ofuscavam.
Respirei fundo, sentindo o cheiro da maresia. Fechei os olhos, ouvindo o barulho do mar e, pela primeira vez em muito tempo, minha mente se aquietou.
Nenhum pensamento bom ou ruim, interrompeu aquela conexão de pertencer a algo muito maior no universo. O sentimento era de um bem-estar total.
Experimentei um momento de paz.
Nada de medos, preocupações, ansiedades ou euforias, só a calmaria...
Me sinto despertar da minha quase meditação, assim que Arthur, que não percebi quando havia se aproximado, me chama a atenção:
- Posso sentar aqui com você?
Sem ao menos aguardar minha resposta, ele senta e o cheiro do seu perfume, se mistura ao da maresia.
Um sentimento de melancolia e saudade, me invade.
Lembro de como foi bom estar nos seus braços...e o desejo de experimentar tudo outra vez...
Ainda olhando em direção ao mar, fico imaginando como seria bom esquecer de todos os problemas, divergências e diferenças que nos afastaram.
Seria tão simples apenas me entregar sem receios, ao amor que sentia por ele.
Esse pensamento me atravessa como um choque.
Naquele exato momento, admiti para mim mesma que estava perdida e completamente apaixonada pelo meu chefe.
Infelizmente reconhecer isso, só fazia ressaltar todos os motivos que existiam e comprovavam que não há possibilidade de um futuro pra nós.
Meu peito aperta de tristeza e falta de esperança.
Após me observar por um tempo, Arthur toma a iniciativa:
- Queria te agradecer pelo voto de confiança que me deu, quando viu a Débora lá em casa hoje. Apesar daquela cena patética que ela criou, onde tudo levava a crer que passamos a noite juntos, você acreditou em mim. Não sabe o quanto isso significou Júlia...Eu...jamais faria isso com você. Não, depois de tudo o que nós passamos...não, depois de ter me entregado a você da mesma maneira que se entregou a mim...ainda mais com ela...
Já não aguentando mais tanto mistério, pergunto de uma vez:
- Afinal, quem é essa mulher e o que ela tem a ver com a Lisa?
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Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)
RomansaJúlia teve todos os seus sonhos interrompidos por conta de uma gravidez na adolescência.Sem ter onde morar com seu filho, ela vai trabalhar na casa de Arthur. Um homem pedante que deixa claro que despreza a sua origem humilde e não suporta crianças...