Capítulo 24

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Naquela noite, para fechar o dia maravilhoso, comemos pizza. As crianças foram dormir exaustas e felizes. Meu coração estava leve, como há muito tempo não sentia.

Estou terminando de lavar a louça e Arthur entra na cozinha, já de pijama e cabelos molhados. Sinto seu perfume antes mesmo dele se aproximar. Pergunto secando as mãos no pano de copa:

- Precisa de alguma coisa antes de eu me recolher Sr. Arthur?

Ele puxa minha mão, me guiando até a sala.

- Preciso sim. Venha, vamos conversar um pouco.

O acompanho um pouco aflita sobre o que seria a conversa. Ele senta e me puxa a seu lado. Sua mão fica segurando a minha, numa intimidade que não condiz com a nossa posição de patrão e empregada.

O dia inteiro foi mágico pra mim e para as crianças. Não posso deixar de agradecer a quem nos proporcionou isso. 

- Muito obrigado pelo dia de hoje Sr. Arthur. As crianças aproveitaram muito e Miguel realmente estava muito feliz.

Sem largar minha mão, ele me encara e pergunta:

- E você Júlia, estava feliz?

Engulo em seco e não respondo nada. Só deixo escapar um tímido sorrisinho. Ele respira fundo e começa:

- Júlia, precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem. Sobre o Flávio e tudo o que veio depois...

Olhando para os meus pés, me encorajo a dizer:

- Não tem o que conversar. Preciso pegar meu filho e ir embor...

Sou silenciada por um dedo na minha boca. Ele fala taxativo:

- Eu falei sério Júlia, nunca mais repita que vai embora e levar o menino daqui. Eu...não saberia o que fazer sem vocês...

Tento retomar a palavra:

- Mas o Flávio...

Sou interrompida novamente:

- Aquele cara é um babaca. Ver a maneira que ele te desrespeitou, ouvir as coisas ofensivas que ele falou a seu respeito...Eu tive que me segurar pra não voar na cara dele. Miguel não merece nem saber que aquele cretino existe, quanto mais que é seu pai. Ele nunca mais vai pôr os pés aqui.

Dou uma risada debochada e falo com desdém:

- E qual a diferença que tem entre a maneira que ele se referiu a mim e o modo que vem me tratando desde o dia que comecei a trabalhar aqui?

Ele fechou os olhos e apertou minhas mãos entre as suas com tanta força, que chegou a doer.

- Eu sei Júlia...peço desculpas por isso. Também vi que estava sendo um crápula, assim que me vi espelhado naquele imbecil. 

Ele parecia estar sendo muito sincero. Seus polegares deslizavam fazendo carinho no dorso das minhas mãos enquanto ele falava:

- Você é especial Júlia, diferente. Tem índole, caráter, um filho que eu daria a vida pra que fosse meu também. Não posso e não quero perder você e nem ele.

Parece que estou sonhando, isso é surreal. Fico procurando algum sinal em seu rosto que entregue que está brincando comigo, mas seu semblante é muito sério.

Pergunto sem delongas:

- O que exatamente isso quer dizer?

Vejo paixão em seu olhar quando ele responde:

- Somos adultos Júlia, você certamente entende o que eu quis dizer. Você me desperta coisas que eu nunca senti. Ao contrário, passei a vida lutando contra pois também tenho meus demônios pra lidar. Quero uma chance pra gente se conhecer melhor. Apesar de todo esse tempo que está aqui, não sei nada sobre você. Não quero mais lutar contra esse desejo e a vontade de ficar com você. Sei que também se sente atraída por mim Júlia. Sei que posso fazer você ao menos esquecer a má experiência que teve.

Disse isso com o rosto tão próximo que encostou sua testa na minha. Fecho os olhos, atenta a cada palavra que foi dita e quase não acreditando que isso possa ser possível.

 Sua boca vai me dando pequenos beijos. Um em cada olho fechado, depois no nariz, se espalhando nas bochechas e quando alcança minha boca, a contorna de forma suave, até mergulhar sua língua de encontro a minha, que a recebe e retribui seu carinho com vontade.

O aceito sem pensar no depois.

Eu também não quero mais lutar contra esse sentimento. 

Espera...ele não falou em sentimento. Falou em atração e desejo.

Nesse momento, isso não importa. 

Não quero racionalizar.

Quero ele.

E quero ser dele.

Nossos corpos se entendem sem a necessidade de palavras. Estou envolvida no seu beijo que se torna mais exigente. Ele sabe que estou de acordo com sua proposta e sem se afastar ou parar de me beijar, me carrega em seu colo até o quarto.

Sei que assim que aquela porta fechar, não terá mais volta para mim.

Meu Chefe Indomável (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora