Capítulo 17.

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Meline Barbosa

-Como assim? - Isa pergunta.

-Os exames mostraram um regresso dos comprimidos. - Ela diz e eu só pedia pelo amor de Deus que ela não me sugerisse quimioterapia. - Então a gente vai ter que entrar com outro método de tratamento.

-Outro método? - Isa pergunta de novo e a doutora respira fundo e senta na ponta da minha cama.

-Eu sei que você nunca pensou em tentar os tratamentos mais agressivos, que eles não seriam necessários, mas chegou a hora. - Diz e sinto meus olhos encherem de lágrimas, eu não tava acreditando.

-Mas e cirurgia? Ainda não dá? - Pergunto e ela tira um dos exames do envelope me mostrando.

- Olha, tá vendo que ele continua no mesmo lugar? Ninguém nunca removeu um tumor nessa área que ele tá, então é perigoso, o bom é que ele quase não aumentou, então os remédios seguraram uma grande barra até agora. - Fala e eu não queria ouvir mais nada e nem decidir nada.

Eu só queria que uma vez na vida, minha família estivesse presente pra me apoiar, só dessa vez.

-Acha o João. - Falo pra Isa e ela me olha confusa.

-Você tem até amanhã pra decidir qual método você prefere, meu residente vai passar aqui mais tarde e explicar melhor cada um deles. - Ela fala me dando um papel com o nome dos tratamentos e sai do quarto.

-Você quer que eu ache seu irmão? - Isa pergunta se levantando da poltrona e eu balanço a cabeça em concordância.

Ela sai de lá e o Rafa ainda tava de pé, segurando a minha mão.

-E se você passar com outro oncologista? - Ele sugere e eu nego.

-Ela sempre cuidou de mim, ela vai me sugerir o melhor. - Digo e ele concorda.

Era um clima meio blé, a gente não tinha nada 'sério', ele não precisava ficar nessa situação.

-Vai mais pra lá. - Fala e eu fico confusa.

-O que?

-Vai. - Diz fazendo um sinal com a mão e eu vou indo mais pro canto da cama.

Ele tira os sapatos e deita do meu lado ficando de frente pra mim.

-Descansa um pouco, pode dormir, eu te acordo se precisar. - Fala e eu só conseguia pensar no quanto eu era sortuda.

-Tá bom, pede pra Isa avisar a minha mãe por favor. - Peço e ele concorda.

Viro de costa e ele me abraça, começa a fazer carinho no meu cabelo e aí eu já sei que vou capotar.

Rafael Marques

Cara, como essas meninas conseguiram segurar essa puta barra sozinha até agora?

A porta do quarto abre e eu já faço sinal de silêncio assim que a Isa ia começar a falar, a Mel tinha dormido fazia uns vinte minutos, não ia deixar acordar ela agora.

Vejo um cara atrás dela, ele me olha estranho, deve ser o irmão dela, ele era alto.

Desço da cama devagarinho e calço meu tênis de volta e saio lá fora com os dois.

-Ela acabou de conseguir dormir. - Aviso.

-Tudo bem, vamos deixar ela dormir então. - Fala.

-Prazer João, você é? - Ele pergunta e eu estico a mão pra apertar a dele.

-Rafael. - Digo firme, tenho que passar confiança né.

-João, olha a gente precisa te contar umas coisas, a Mel pediu pra gente contar. - Isa fala antes de ele continuar.

-O que?

(...)

-Isa ela pediu pra você avisar a mãe dela. - Lembro de avisar Isa e ela concorda saindo do quarto.

Desde que a gente contou pro irmão dela sobre o que tinha acontecido, ele sentou na poltrona do lado dela e ficou.

Isa me disse que ele não costuma ser assim e por isso a Mel e ele não tem uma boa relação, mas ao meu ver agora ele tava tentando dar apoio ou sei lá.

-Com licença. - A médica diz abrindo a porta.

Cutuco o ombro da Mel até ela acordar e olhar confusa pra todo mundo.

-O que aconteceu? - Pergunta sentando.

-Depois de conversar com o meu pessoal, decidimos que a quimioterapia vai ser a melhor forma pro seu tratamento, mas tem outros métodos  como eu te disse, mas nenhum deles vão ser tão eficazes quanto esse. - A doutora fala e Mel balança a cabeça positivamente se mantendo firme. - Você concorda com a gente?

-Concordo. - Diz baixinho.

-Bom, você vai fazer a quimio uma vez por semana, vamos agendar o melhor dia fixo pra você e agora eu vou te passar algumas regras e possíveis sintomas colaterais ok? - Ela pergunta e Meline só balança a cabeça. - Você vai ter que cortar alguns alimentos, graviola, chá verde e tenta sempre evitar coisas ácidas, não quero que você corte, mas que diminua o consumo, isso serve pra café e álcool também, conto com vocês pra ajudar ela nisso! - A doutora fala apontando pra mim e pro João.

-Pode deixar. - Digo e ela sorri.

-Meline, agora como você já deve saber, podem acontecer alguns efeitos colaterais, principalmente porque é um tratamento forte, então ânsia, fadiga, perda de apetite, constipação, perda de cabelo e anemia, são fortes candidatos a aparecer e...

-Para por favor. - Desvio meu olhar pra Meline e vejo que ela está prestes a chorar, meu coração já se aperta. - Sai por favor, todo mundo. - Ela pede e nos olhamos por um tempo, devíamos mesmo?

-Olha Mel... - Começo a falar.

-Não Rafael, sai daqui. - Ela me interrompe brava e eu não entendo, mas prefiro sair.

Os outros saem junto, a médica segue reto e o João vem falar comigo.

-Então você é o novo namorado dela? - Ele pergunta.

-Não, é, ah é quase isso eu acho. - Respondo confuso e ele da um sorriso de lado.

-Firmeza então, a gente brigou sabe, hoje em dia eu me arrependo muito, mas nunca fui atrás de falar com ela. - Ele diz.

-Tenho certeza que se vocês conversarem vão se entender. - Falo e ele concorda.

-Ainda não contei pro meu pai que ela veio pra cá, eles não se dão tão bem. - Conta.

-É, ela me falou uma vez, na hora certa ela vai pedir por ele, eu acho. - Digo e vejo Isa vindo de longe.

-A mãe dela disse que vem daqui um dois dias, tá atolada de trabalho. - Fala sorrindo. - E João, você vai ir buscar a sua mãe e vai me prometer que não vão discutir até chegarem aqui. - Diz mandona e ele concorda.

-A Mel pediu um tempo, melhor esperarmos um pouco aqui. - Falo quando ela põe a mão na maçaneta e depois se afasta.

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Amando a dor.Onde histórias criam vida. Descubra agora