Amando a dor.

Capítulo 19.

Rafael Marques

-Vou levar a Isa lá em casa, você acha a Mel e deixa ela no ap? - Vitor pergunta de mão dada com a Isa enquanto levantava da mesa que tínhamos alugado na festa.

-Tenho escolha? - Pergunto e ele ri.

-Não mano, tô indo. - Se despede e sai.

Onde será que essa menina tá?

Começo a andar todo o lugar atrás dela, isso era um saco, eu queria conversar com ela e sei lá, ver se era aquilo mesmo que eu vi ou se ela tinha outra história, mas nem sei se ela quer conversar comigo.

Olho no bar, não vejo ela, chego perto dos banheiros e preferia nem ter visto o que eu vi. Ela tava toda agarrada com um cara barbudo e forte.

Vejo ela com um copo na mão, o líquido azul me chama atenção, ela não pode beber nada alcoólico, o que ela tá fazendo? Enfiando todas as oportunidades dela no cu?

Me aproximo e ao meu ver ela tava tentando afastar ele, mas eu não tenho certeza não.

Observo por mais um tempo e ouço ele falando de sair de lá, mas aparentemente ela não se aguentava em pé, chegou meu momento de intervir.

-Opa amigo, tudo bom? - Chego afastando os dois.

-Qual foi? - Ele pergunta grosseiro.

-Rafinha. - Ela fala animada antes de eu dar qualquer explicação e se joga em cima de mim, me abraçando.

-Ela tem que ir. - Digo, ele revira os olhos e da risada.

-É, ela vai comigo. - Começa a se aproximar de nós dois.

-Não vou não. - Mel fala.

-Por que gatinha? A gente se deu tão bem. - Eu só quero ir embora pra minha casa minha nossa.

- Não quero, valeu. - Ela me puxa pela mão saindo de perto dele e indo até a saída. - Af que cara chato. - Diz antes de começar a cambalear e rir igual uma louca.

Ajudo ela a entrar no carro e entro logo em seguida.

-Onde tá o pen drive de funk? - Pergunta bagunçando todos os que tinham no porta-luvas.

-É o único vermelho. - Aviso e ela acha colocando no rádio e aumentando o som.

Tento ignorar o fato de ir até o apartamento dela com meu carro tremendo de tão alto que o som estava.

Assim que estaciono lá na frente, eu desligo o rádio pra poder falar tchau pra ela.

-Você quer subir? - Ela pergunta saindo do carro.

Eu de verdade não queria, mas só conseguia pensar nela tropeçando em qualquer parte desse prédio e se estraçalhando toda.

-Pode ser. - Estaciono o carro e vejo ela parada na calçada meio cambaleando.

Desço do carro, só vou subir com ela lá e garantir que tá tudo bem, depois já vou, não quero problemas.

-Vem. - Estico minha mão pra ela, ela olha pra mão, olha pra mim e me abraça ignorando a mão.

Eu gosto demais dela, mas de verdade não sei se ela leva o sentimento das pessoas a sério, considerando o que eu já tinha falado e o que ela fez.

Subo com ela até o apartamento, ela abre a porta, tira o sapato e joga no meio da sala.

-Pede lanche pra gente aí, vou tomar um banho. - Fala rápido e deixa o celular na minha mão, indo pro banheiro.

-Mel, não. - Digo e ela coloca a cabeça pra fora da porta do banheiro.