Amando a dor.

Capítulo 42.

Isabella Alencar

Quando eu entro no nosso quarto, tremendo de nervoso, já sinto uma vibe pesada.

O amor sempre foi algo difícil para mim, eu cresci vendo minha mãe trabalhar igual louca pra sustentar eu e meus irmãos, enquanto meu pai vivia bêbado pelos cantos.
Quando eu conheci o Bernardo, meu mundo parou, ele era perfeito, ele era tudo o que eu sempre sonhei, mas ele era mais velho, tinha acabado de entrar na faculdade e conheceu pessoas novas, inclusive a ex-namorada dele que fez nós nos afastarmos.

Depois de tudo, eu me mantive no resguardo de não amar, de deixar as pessoas entrarem na minha vida apenas por diversão e prazer.

O Vitor me mudou, ele conseguiu mexer comigo, quando ninguém mais conseguia.

-Eu não gostei dá sua atitude com o Rafael. - Fala em pé na minha frente enquanto sento na cama.

-Eu vou pedir desculpas pra ele. - Ele cruza os braços e respira fundo.

-Não sei se isso tá funcionando. - Meu coração chega a errar as batidas.

-Que?

-Nós.

-Quer terminar? - Pergunto direta antes que eu passe mal de ansiedade.

-Quero ver o que tá dando errado, pra gente tentar acertar. - Respira fundo e começa a andar de um lado pro outro.

-O que foi? - Pergunto angustiada.

-Eu quero tentar, mas tenho certeza de que com você não vai funcionar, você é muito teimosa, não muda por nada.

Era o ápice, eu já tinha voltado a chorar, era um misto de nervoso e tristeza, eu não era teimosa e ele já tinha certeza de que COMIGO não funcionaria, de onde ele tirou isso?

-Eu preciso pensar um pouco. - Digo quase inaudível e ele parece perceber o que tinha falado.

-Eu me expressei mal, me desculpa, só vamos pontuar o que a gente pode melhorar, pode ser? - Pergunta sentando do meu lado.

-Me dá dez minutos por favor. - Peço sentindo minha cabeça latejar, a frase dele ecoava na minha mente enquanto vinham lembranças do Bernardo me falando que era impossível alguém me amar como ele amou e que eu nunca mais ia encontrar alguém tão bom quanto ele para mim.

Me deito na cama de costa pra ele, olhar seu semblante ansioso agora, era demais pra minha mente.

-Eu te magoei? - Pergunta sentando atrás de mim e colocando a mão no meu braço. - Me desculpa, eu não pensei.

-Tá aí, ótimo ponto, não falar as coisas sem pensar pra não machucar o outro. - Digo me virando de frente pra ele que revira os olhos.

-Essa foi a primeira vez que isso aconteceu.

-Então que não se repita. - Aviso e ele respira fundo.

-Isso não vai funcionar. - Levanta bufando e batendo as mãos.

-Ué, não quer tentar? - Pergunto e ele passa as mãos pela nuca pensativo.

-E se a gente desse um tempo? - O que? Ele estava me deixando maluca, ele me quer ou não?

-Ou a gente se resolve ou termina. - Tento pressionar ele.

-A gente não vai terminar Isabella. - Fala alto, irritado.

-Não grita.

-Não tô gritando. - Diz se aproximando de mim.

Sabe quando você sente aquela tensão sexual no ar?