Capítulo 41.

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Rafael Marques

Eu estava deitado na cama do hotel e tentando raciocinar tudo o que aconteceu.

Eu não fiz nada errado.

Vejo o nome do Vitor no visor do meu celular, desligo a chamada. Tô sem cabeça agora.

Ele continua ligando até eu atender.

-Fala. - Digo bravo.

-Onde você tá?

-O que você quer? - Pergunto.

-Quero conversar, da pra passar seu endereço?

-Tô tranquilo Vitor. - Respondo e posso ouvir ele bufando do outro lado da linha.

-Passa logo caralho, eu sei que eu fiz merda.

-Vou mandar por mensagem seu corno. - Desligo e envio o endereço.

Em menos de vinte minutos a portaria já estava me avisando da chegada dele.

Abro a porta do quarto e vejo aquela cara lavada dele.

-Irmão me desculpa. - Ele fala antes mesmo de entrar no quarto.

-Entra aí. - Falo e dou espaço pra ele passar.

-Caralho eu fiquei cego mano, me perdoa de verdade. - Diz sentando na beira da cama.

-Tá de boa, mas eu tô chateadão com você e com a Mel. - Sento do lado dele. - Mano eu faço de tudo pra ver vocês bem e cês vem armado pra cima de mim.

-Foi mal mesmo. - Vejo a expressão chateada dele.

-Você tem que me ouvir antes de acreditar cegamente em tudo que a Isa fala!

-Pode deixar, eu vou parar com isso. - Fala enquanto gesticula com as mãos. - Você é a única pessoa que sempre fica do meu lado e eu dar um vacilo desses é feião, não vou te deixar por um namorinho.

-Tá tudo bem, se você já entendeu pra mim tá bom. - Digo e jogo meu corpo pra trás. - Ela era doente quando eu conheci ela, tinha todo tipo de problema, eu sei que agora não tem mais tumor, mas você acha que não é pra eu me preocupar?

-É, é sim, não é exagero.

-Pois é, mas ela não entende, eu sou completamente apaixonado por ela só que não dá pra eu estar com alguém que se incomoda por eu me preocupar, esse é o meu jeito de amar. - Digo e ele respira fundo.

-Fala isso pra ela.

-Ela não me escuta.

-Ela queria vir comigo pra se explicar, eu não deixei, mas talvez vocês devessem conversar o quanto antes pra resolver isso. - Paro pra pensar se era realmente ver ela ainda hoje.

Eu não sei se estava em condição emocional pra isso depois do que fizeram comigo.

-Amanhã eu resolvo isso, hoje eu só quero descansar a cabeça e parar de pensar um pouco nisso.

-Pode crer, então eu já vou indo, só queria te pedir desculpa. - Levanta da cama.

-É isso irmão, valeu aí. - Estico a mão pra ele bater e ele bate.

Vitor vai embora e eu me jogo na cama, talvez beber um pouco me fizesse esquecer os problemas essa noite.

Depois de um cochilo, eu peço um lanche pra recepção do hotel e um fardo de cerveja.

Por um dia, eu me lembro como era antes, eu e Vitor uma puta dupla dinâmica, bebendo cerveja e beliscando umas comidas pela rua. Sinto falta disso.

Amando a dor.Onde histórias criam vida. Descubra agora