Capítulo 7.

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Rafael Marques.

Chego em casa ainda com o gosto dos lábios da Meline nos meus. Era estranha a sensação de sentir algo por alguém, isso não me acontecia a tempos e quando conheci a Mel pensei que seríamos bons amigos que só sairiamos juntos pra segurar vela do Vitor e da Isa.

Abro a porta da frente, vejo meu irmão sentado na frente da TV jogando street fighter, penso em ir bater um papo, mas ai ele provavelmente me perguntaria como meu olho ficou roxo e eu não estou nem um pouco afim de explicar.

-Querido? Aconteceu alguma coisa? Voltou cedo. - Ouço minha mãe me perguntar lá da cozinha.

-Não, tá tudo bem. - Digo indo pro meu quarto antes que ela venha me ver.

Fecho a porta, tiro minha camiseta e minha calça, visto meu shorts de ficar em casa e deito na minha cama pegando meu notebook pra poder jogar um pouco.

Meu celular vibra, a tela acende e vejo o nome da Manu, logo embaixo uma mensagem perguntando onde eu estava.

Essa garota é um problema.

Respondo que estou em casa e ela me pergunta se eu queria sair pra algum lugar, recuso seu convite da forma mais educada que consigo, ela me tira do sério.

Resolvo nem responder mais ela, não tenho paciência pra isso, a porta do meu quarto abre e minha mãe entra, fecha a porta, senta na ponta da cama e fica me encarando.

-Eu tô esperando explicações, começando do porque o seu carro não tá aí. - Ela diz, coço minha nuca em nervoso.

-Bom, o carro tá com o Vitor, ele foi sair com uma garota e... - Ela me interrompe.

-Quantas vezes eu vou ter que te falar que carro não é camiseta pra você ficar emprestando? - Ela repete a mesma história de sempre.

-Tudo bem, essa foi a última vez. - Falo.

-Você não ia sair junto? - Ela pergunta mais calma.

-Houveram alguns imprevistos mãe. - Falo e ela revira os olhos.

-Me conta o que aconteceu. - Diz.

-Mãe, depois eu explico, tô super cansado. - Digo e ela sorri de lado.

-Ta bom, seu pai vai chegar daqui a pouco, ele queria que você e o Dan assistissem o jogo com ele. - Ela beija minha testa e sai do quarto.

Fico aliviado por ela não perguntar sobre meu olho.

Volto a jogar no notebook enquanto ouço uma playlist aleatória do spotify.

Passada meia hora, meu pai chega e, eu e meu irmão vamos assistir ao jogo de nosso time com ele. Eu não conseguia largar o celular esperando por uma mensagem de Meline, ou eu deveria mandar alguma coisa?

Minha mente era confusa, eu não entendia mais nenhum comando passado a mim.

Meu celular vibra e meu coração acelera. Olho a mensagem e droga! Era só o Vitor.

Desbloqueio o celular e leio a mensagem.

Mano
Transei no seu carro, foi louco demais!

Qual é Vitor
Que nojo
Me fala que pelo menos usou camisinha

Lógico né mano
Não sou burro não kkkkk

Menos mal kkkkk


Ele não me responde mais, então apago o celular e me concentro no jogo, pelo menos tento.

Já havia passado da meia noite, eu ainda estava esperando uma mensagem dela, mas as mensagens que chegavam ou era da Manu, ou do Vitor, ou de algum grupo sem sentido.

Vou dormir pensando no quanto eu queria uma mensagem dela.

Pela manhã eu sou acordado brutalmente com meu irmão batendo com um travesseiro na minha cabeça.

-Você vai perder a hora da faculdade. - Ele diz intercalando uma palavra com uma batida de travesseiro em mim.

-Vaza Dan. - Digo empurrando ele.

-Vamos logo. - Ele diz saindo do meu quarto.

Me levanto e vou trocar de roupa bem rápido. Daqui a pouco Vitor ia passar aqui com meu carro pra nos levar pra faculdade.

Coloquei uma camiseta lisa preta, uma calça jeans azul escura e calcei um tênis qualquer. Arrumei meu cabelo e já fui esperar o Vitor, junto com o Dan.

Tinha sido uma manhã pacata na faculdade, não teve nada demais. Meu dia só começou a melhorar depois do almoço, quando Vitor me chamou pra ir no parque com ele e com as meninas.

Eu tomei um banho bem rápido, vesti uma camiseta branca lisa e um shorts florido, calcei um tênis preto e já fui buscar Vitor.

-E aí mano. - Ele entra no carro dando um toque na minha mão.

-Passa pegar as meninas no ap. - Ele fala.

Dirijo até o apartamento, e lá ele pula pro banco de trás, pra ir junto com a Isa.

Vejo Meline de longe, meu coração chega a palpitar. Ela entra na frente ao meu lado, fala um oi baixinho e sela minha bochecha de forma rápida. Droga eu estava morrendo de vergonha.

-Oi Rafa. - Isa diz entrando no carro e selando minha bochecha também.

-Oi Isa. - Digo e espero ela fechar a porta para que eu possa dar a partida.

Durante todo o caminho, Vitor e Isa foram se agarrando igual loucos no banco de trás do carro, enquanto eu e Mel íamos em um silêncio mórbido, apenas ao som da Ariana Grande que tocava no rádio e aos estalos dos beijos.

Assim que chegamos em frente ao parque minha mente agradecia por ter saído daquele carro. Entramos e fomos até uns quiosques de salgados e pastéis.

-Eu vou querer um pastel de queijo e um de carne. - Vitor fala pro cara atrás do balcão.

-Quer do que? - Pergunto pra Meline, ela olha os salgados e desvia o olhar para um pão de mel da vitrine.

-Quero um pão de mel. - Ela diz toda fofa me fazendo derreter por dentro. - E uma água. - Completa.

-Eu quero uma coxinha, um pão de mel e uma água por favor. - Peço e o cara logo me entrega.

Pago tudo antes que Meline se ofereça para pagar, eu fazia questão de pagar, e também, não tinha dado nem dez reais.

-Nós vamos ir dar uma andada enquanto comemos, tudo bem? - Vitor pergunta se levantando com Isa.

-Beleza. - Falo e Meline concorda.

Um silêncio paira sob nós, mas logo ela quebra ele colocando uma música para tocar baixo.

-Nunca ouvi. - Digo e ela dá um sorriso de lado.

-É nova. - Fala apoiando o rosto em uma das mãos. - Você não fez nada errado tá bem? Eu sei que eu to estranha e nem tô falando nada, mas é que o Carlos me fez muito mal, eu não pensei que fosse ver ele de novo.

-Você sabe que qualquer coisa que você precisar pode contar comigo né? Tipo expulsar ele da sua casa de novo. - Digo e ela dá risada.

-Eu sei, muito obrigada por isso, mas não posso ficar arriscando você com esse cara. - Ela diz e bebe um bom gole de água. - Ele é perigoso e você é bom demais. - Fala e humidece os lábios.

-Eu dou conta. - Falo e ela dá uma risada abafada.

-Ele é envolvido com o crime Rafael, você não tá entendendo. - Diz e eu me lembro da discussão sobre drogas na casa dela no dia anterior.

-Como ele entrou nisso?

Amando a dor.Onde histórias criam vida. Descubra agora