Capítulo 28.

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Meline Barbosa

Eu e o pessoal tínhamos acabado de desembarcar, antes de embarcar eu havia desbloqueado o Rafa de tudo, me senti mal de continuar com isso.

Vejo Isa e Vitor de longe e meu coração já começa a bater mais forte, tava mortinha de saudade deles.

Corro até eles e abraço aquela vagabunda com a maior força do mundo.

-Menina como você tá? - Isa pergunta se afastando do abraço.

-To ótima amiga o vôo foi tranquilo. - Respondo. - Oi Vitor. - Cumprimento ele com um abraço.

-A Callie tá com saudades, vamos lá? - Pergunta.

-Vamos sim, só deixa eu ver se minha mãe já arrumou um táxi ou chamou um uber. - Me viro e vejo ela com o polegar pra cima. - É, acho que ela conseguiu. - Damos risada e seguimos pro carro.

Quando chego no ap vou direto ver minha bolinha de pelo, continua a coisa mais linda e cada vez mais gordinha.

-Perdoa a mamãe filha, mas eu voltei tá bom? - Pego ela da gaiola esmagando minha peludinha.

-Tia Isa cuidou muito bem dela. - Isa fala sentando do meu lado.

-Mentirosa! Eu que cuidei, você colocou água um dia. - Vitor diz me fazendo rir.

-Eu acredito no Vitor. - Falo e ela me olha indignada com a boca em O.

(...)

-O que você tá achando da festa filha? - Minha mãe pergunta deitando na espreguiçadeira do meu lado, abaixo meu óculos de sol pra poder ver ela melhor.

-To curtindo, a comida tá uma delícia, mas e você, como tá? - Ela humidece os lábios.

- Como assim? - Pergunta confusa.

-O amor da sua vida e o amor pra sua vida estão aqui. - Ela abaixa o óculos de sol e me olha nos olhos como quem diz cala a boca.

-To bem. - Ergue o óculos e deita reta de novo.

Continuo pensando em como seria amanhã com o Rafa, e eu quero tanto ter uma conversa decente com ele, o único problema é que a gente nunca consegue fazer isso, a gente sempre termina transando ou discutindo até um ceder.

Tiro uma foto do meu copinho de cerveja, fazia um tempo que eu não bebia nada, me deu até uma alegria a mais.

Inclusive a quimio lá em Floripa foi bem tranquila e eu tô bem feliz do meu cabelo não estar caindo ainda.

Posto a foto e vou dar um mergulho na piscina, tava um calor absurdo.

Nadei bastante, fazia tempo que não entrava em uma piscina, Isa ficou o tempo todo comigo e até agora não havia tido nenhuma briga de família, então tudo estava sob controle

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Nadei bastante, fazia tempo que não entrava em uma piscina, Isa ficou o tempo todo comigo e até agora não havia tido nenhuma briga de família, então tudo estava sob controle. Inclusive eu tô até estranhando essa falta de briga ou discussão.

Eu até dei um oi pro meu pai, de longe, mas dei, o que é uma evolução pra ambos.

Tinha chego a hora do parabéns, cantamos, comemos o bolo e o sol começou a abaixar, era umas quatro da tarde já.

-Meline. - Ouço meu pai e já fico nervosa, não no sentido de brava, mais no sentido de nervosismo mesmo, fazia muito tempo que não conversávamos.

-Oi. - Não sabia se chamava ele de pai ou de Bento, então resolvi que oi era uma boa.

-Tem um rapaz chamando por você no portão. - Fala e eu fico confusa. - Olha ele tá chorando, eu não sei o que aconteceu, mas se quiser eu vou lá com você. - Pela primeira vez em muito tempo ele parecia se importar comigo, meu coração até fica mais quentinho.

-Você sabe o nome? - Pergunto e ele nega, mas eu já imaginava quem era.

-Olha, o Rafael tá falando que não vai embora antes de te ver. - Isa chega interrompendo.

-É o Rafa? - Pergunto só pra confirmar.

-É, e ele tá caindo de bêbado. - Avisa revirando os olhos.

-Quer que eu vá lá com você? - Meu pai pergunta e eu balanço a cabeça afirmando, na hora Isa me olha estranho.

Que se dane que ele ia ter que ver eu dando um esporro no Rafa, ele se importou comigo, se importou depois de muito tempo mesmo.

Abro o portão e vejo ele sentado na sarjeta, ele vira o rosto rápido e quando me vê, parecia que tinha travado, nesse tempo eu reparei em como suas olheiras estavam mais profundas e escuras, e seu cabelo e barba desleixados. Ele levanta e já começa falar.

-Meline me perdoa pelo amor de Deus. - Ele começou a falar rápido e enrolado, minha vontade era dar um tapão no rosto dele.

-Rafael, esse é o meu pai. - Ele fica assustado. - Pai, esse é o Rafael, o cara que era pra eu namorar, mas ele beijou a ex dele. - Falo e meu pai arqueia as sobrancelhas.

-Olha Mel eu quero só conversar. - Diz acanhado.

-Você brincou com os sentimentos da minha filha? - Meu pai pergunta se aproximando dele.

-Na-não, não é isso não. - Fala gaguejando.

-Quer que eu bata nele?

-Não precisa pai... - Rafa me interrompe.

-Se o senhor quiser me dar um soco bem no meio da cara eu deixo, eu entendo. - Ele tava bêbado pra caralho.

-Você vai cuidar dele? - Meu pai pergunta ignorando a burrice que acabamos de ouvir, aponta pro Rafa, me fazendo respirar fundo.

-Vou, fala que eu mandei tchau pro João. - Ele abre os braços a espera de um abraço.

Eu não sabia mais como fazer isso, ele me expulsou de casa sem nem saber como eu estava.
Fecha os braços e vejo seu rosto ficando triste, ainda vamos conversar e nos resolver, afinal ele era meu pai né.

-Desculpa pai, não consigo, mas eu passo essa semana lá na sua casa pra dar um oi, depois das 17 você já tá em casa né?

-Isso. - Fala e entra pra dentro, acho que chatiei ele.

-A gente pode falar agora? - Rafa pergunta.

-Me dá a chave do carro. - Estico a mão e ele fica receoso em entregar, mas entrega. - Eu não acredito que veio dirigindo até aqui, seu retardado. - Pego a mão dele, guiando ele até a porta do passageiro. - A gente conversa depois que você tiver tomado um banho, tá a catinga pura. - Ele da risada e entra no carro. 

Amando a dor.Onde histórias criam vida. Descubra agora