Capítulo 40.

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Rafael Marques

Acordo lembrando da noite de ontem, tinha sido péssimo dormir sem a Mel comigo.

Eu fui tentar falar com ela, mas ela me mandou ir a merda e foi deitar no sofá, o pessoal não estava mais lá, acho que perceberam o clima e foram cada um pro seu quarto.

Pensei que quando eu acordasse, ela ia ter vindo pro quarto, mas não, ela dormiu lá mesmo.

Acho que vou pedir desculpa e esquecer essa história, não aguento ficar assim com ela.

Levanto da cama ainda meio sonolento e vou direto pro banheiro fazer xixi. Depois vou pra cozinha encontrar com o pessoal, mas só Isa e Catherine estavam lá.

Entro e vejo Isabella de cara fechada pra mim, era o óbvio.

-Bom dia. - Falo e ela me ignora.

-Bom dia. - Catherine responde e acho que percebe o clima ruim.

Eu não gostava disso de eu e a Mel termos uma discussão e ela já ir correndo contar pra Isabella. Eu me sentia péssimo, a Isa já passava a informação pro Vitor e ele sempre vinha me cobrar sem nem ouvir o meu lado da história, e ele é MEU amigo.

Estava odiando essa situação constante de "fofoca".

-Que horas nós vamos no prenda gaúcha? - Cathe pergunta.

-Prenda gaúcha? - Questiono, eu não estava sabendo de nada.

-Nós vamos meio dia Cathe. - Isa responde só pra ela.

-Quando a gente combinou isso? - Pergunto.

-Você não foi convidado. - Isa responde.

-Como assim? - Eles fizeram um planejamento sem mim porquê eu me preocupo com a Mel?

-Você não tá incluso mais na NOSSA programação, te cancelamos. - Diz e eu espero ela falar que era piada, mas não era.

Antes que eu fale merda ou exploda, vou atrás da Mel pra poder conversar com calma.

Vejo ela sentada no sofá junto com Vitor e vou até lá.

-A gente pode conversar? - Pergunto e ela me ignora e, continua falando com o Vitor. - Meline? - Chamo e ela repete a mesma coisa.

Sinto meu sangue esquentando e meus olhos querendo marejar, eu não fiz absolutamente nada de errado, por quê eles tão me tratando assim?

-Tô pegando minhas malas, vou voltar pra SP se não fazem questão de eu ficar aqui com vocês. - Aviso e pela primeira vez, eles me olham.

-Mano, para com isso. - Vitor fala revirando os olhos.

Eu quero meu amigo de volta.

-Isso o que? - Pergunto.

-De ficar aí ameaçando ir embora, não tô mais te reconhecendo. - Diz e eu perco a cabeça.

-Você não tá me reconhecendo? - Debocho e ele levanta pra me peitar. - Eu nem sei mais quem você é Vitor. - Digo apontando o dedo no rosto dele.

-E quem você é? Você só fica fazendo merda atrás de merda, dando vacilo atrás de vacilo. - Fala perto do meu rosto.

-Que vacilo eu dei mano? Eu só me preocupei com a saúde dela! - Digo alto.

-Mas toda história tem dois lados né vacilão! - Fala me empurrando e eu não vou fazer isso, eu não vou reagir e bater no meu melhor amigo.

-Exatamente, mas você virou um ouvinte da fofoca da Isabella e nem se importou em saber o meu lado. - Abaixo o tom e ele continua me peitando. - Você foi meu amigo Vitor, eu não vou bater em você. - Falo decepcionado e me afasto dele.

Vejo que o pessoal estava a nossa volta já, só dou a costa e volto pro quarto.

Isso era extremamente exaustivo psicologicamente.

Jogo umas roupas na mala e vou me mandar embora daqui, não vim aqui pra ficar sendo capacho de ninguém.

Peço um uber e vou saindo do quarto com a mala pra ir lá na frente.

Eles me olham, todos ficam me olhando como se o que eu estivesse fazendo fosse um super drama, até o meu irmão, que saco!

-Se você sair por essa porta... - Mel começa a falar e eu corto.

-Você vai fazer o que? Eu queria conversar com você, eu ia te pedir desculpa e deixar tudo numa boa, mas você fez planos sem mim, colocou todos eles contra mim, vai fazer o que? - Vejo seus olhos marejando e meu coração implora pra amolecer, mas sou forte. - Eu tô decepcionado com você e principalmente com o Vitor. - Ressalto.

Saio de lá antes que eu caia no choro e o uber já está parado lá fora.

Entro e vou desabafando com ele o caminho todo. Preferi ir para um hotel hoje, pra poder comprar minha passagem ou alterar a minha pra hoje, teria que ver como vou fazer.

Meline Barbosa

-Eu não acredito que ele me trouxe pra uma viagem e me deixou sozinha! - Falo brava assim que ele sai.

-Ele fez o certo. - Catherine fala e todos nós olhamos confusos pra ela.

-O certo? - Isa pergunta brava.

-É, ele se preocupou com você e você foi uma escrota, ele só queria saber se tá tudo bem, deve ser normal essa reação dele depois de tudo que você passou, e esse plano de não chamar ele pra almoçar foi totalmente sem nexo, vocês são adultos, deveriam se comportar como. - Diz e complementa. - E se você é amigo dele, tem que ouvir o que ele fala, não a fofoca da sua namorada que pode alterar a história da amiga pra como ela quiser, e outra Meline, você que não quis conversar com ele. - Joga tudo na mesa e por um momento isso parece ter sentido.

-Eu vou ver se encontro ele e peço desculpas. - Vitor fala aparentemente arrependido.

Eu ainda não sabia o que eu ia fazer, estava completamente perdida.

Minha cabeça começa a rodar, eu odiava ter tontura. Fecho os olhos e paro um pouco pra pensar.

Amanhã, com calma, eu ligo pra ele e a gente conversa, vai ser melhor.

-A gente vai perder o horário da reserva. - Isa fala.

-Reserva? - Pergunto.

-Do restaurante. - Não é possível que ela tá preocupada com isso.

-Cancela meu lugar. - Digo indo pro quarto.

Entro e já consigo ver um monte de coisa que ele esqueceu, principalmente sua camiseta de dormir em cima da cama.

Deito e puxo a camiseta pra abraçar. Sinto o cheiro dele e meu coração acelera mais rápido.

Amando a dor.Onde histórias criam vida. Descubra agora