+ Giovanna +
Estou preucupada com o que vai acontecer daqui pra frente, isso se eu sobreviver.
Conversei com a Maria sobre meu pai, eu ter um cargo na máfia é incogitável, não sirvo para coisas assim.
A conversa com a Maria não me ajudou muito, ela é péssima com conselhos, mesmo tentando me ajudar. Eu estou completamente perdida e não sei o que fazer.
Saio de casa e vou para o lugar que mais me deixa calma por aqui. A floresta.
Sento-me em baixo de uma árvore. Não sei o que fazer, então simplesmente choro.
Como eu, sendo uma inútil, vou comandar algo? Como vou matar pessoas ou simplesmente machuca-las? Eu não sirvo para coisas assim.
Ouço passos e fico quieta mas as lágrimas não param de descer pelo meu rosto.
— Não acha arriscado ficar no meio do mato sozinha durante a noite? Pode ter um assassino à solta por aí. — Ouço a voz de Mikhail com um tom de deboche.
Fico quieta, não estou para piadas hoje ou rebater coisas assim, só quero ficar quieta no meu canto.
— Você está bem? — Ele pergunta e eu fico em silêncio.
— Por que um assassino se preucuparia com sua vítima? Afinal, por que você não me mata logo? — Estou cansada de viver nessa bagunça.
— Não estou preocupado, estou curioso.
— Pois vai ficar. Da minha boca não sai nada. — Eu não confio nele, vou falar para que? Para ele levar informação para os amiguinhos dele?
Continuo chorando, só que baixinho dessa vez. Espero que ele vá embora logo ou pelo menos me leve daqui, não aguento mais.
— Deve ser ruim, não é? Perder sua vida de patricinha milionária. — ele se senta ao meu lado
— Não, eu me sinto mais livre. Mas se for para você ficar me jogando para baixo é melhor se retirar. — digo de cabeça baixa. Sinto um misto de sentimentos que eu nem sei controlar quando ele chega mais perto.
— Giovanna. — sua voz soa calma e depois ele solta uma risada rouca. Gostei da forma como ele pronunciou meu nome — Tudo bem se você não me contar nada. Pra falar a verdade, eu nem sei o que estou fazendo aqui.
Fico quieta e respiro fundo, tento me acalmar e não consigo. Eu preciso de um abraço, de algum consolo. Olha na bagunça que me meti, eu não quero mais ficar sozinha.
— Eu sei que é estranho o que vou pedir agora, mas você pode me dar um abraço? — me sinto a pessoa mais louca do mundo. O que eu tenho na minha cabeça?
Ele fica surpreso e depois começa a rir. Será que eu sou uma piada para ele?
— Um abraço? — ele pergunta, porém não respondo.
Acabo me assustando quando ele acata meu pedido.
Me senti estranha de primeira, mas depois foi reconfortante e muito sentimentos vieram no mesmo momento. Senti meu rosto esquentando e borboletas em meu estômago, me senti segura pela primeira vez no meio dessa bagunça. Devo estar completamente maluca, quem se sentiria segura com o cara que quer lhe matar te abraçando? Quem pediria um abraço ao cara que quer lhe matar? Só eu mesmo.
— Com toda certeza você é a garota mais maluca que eu já vi. — ele diz e novamente solta uma risada rouca.
— Eu estou me sentindo mal, não tinha ninguém para me abraçar e a Maria odeia abraços e é péssima com conselhos.— digo e me sinto mais calma — Vou contar o que está acontecendo comigo, eu já te abracei, o que poderia ser pior?
— Posso lhe dizer várias coisas que seriam piores. — ele dá um sorriso safado.
Reviro os olhos e começo a falar.
— Como você sabe, meu pai comanda a máfia italiana. Eu estou com medo dele morrer e eu ter que comandar aquilo. Não sei mexer com isso, eu sou péssima em tudo que faço, não consigo comandar os empregados de uma casa, imagine milhares de soldados? Eu não sei se isso vai acontecer e eu estou com medo de ligar para o meu pai e descobrir que isso realmente vai acontecer. Eu não quero, eu não quero mexer com isso. Já tem pessoas demais atrás de mim. — digo tudo de uma vez e nem tinha me dado conta de que já estava chorando novamente.
Ele me abraça mais forte me surpreendendo de novo. Isso está sendo a coisa mais louca que estou fazendo em minha vida, estou tendo sentimentos bons e me sentindo acolhida, não sei porque, mas parece que ele me entende de alguma forma. Deixo o calor do abraço me esquentar, o abraço dele é o mais confortável que já dei em minha vida.
Será que é errado o que estou fazendo? A Maria iria surtar se me visse abraçando o Mikhail assim, mas é só um abraço, não tem nada demais. Esse foi meu primeiro abraço com um homem sem ter sido meu pai, é estranho, mas é confortável e quentinho. Eu poderia ficar a noite toda em um abraço assim.
O abraço estava tão confortável e tão bom que eu sinto meus olhos pesando e lentamente acabo adormecendo.
♤♧♤♧
Enquanto uns se dão mal, outros se dão bem...
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Alopradas [Reescrevendo]
RandomO que você faria se descobrisse que faz parte de uma máfia? Mais precisamente que seu pai é um mafioso e que agora os inimigos dele estão correndo atrás de você. Você fugiria, certo? Giovanna não tinha outra opção. Um intercâmbio nos Estados Unidos...