Capítulo 36

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+ Maria +

Não preciso saber ler mentes para saber que a Giovanna está se apaixonando pelo russo. Depois dizem que eu sou a louca aqui. Também não consigo entender qual é a dele, o cara tentou matá-la e agora está chamando ela pra sair. Tudo bem, eu não tenho nada a ver com isso.

Escuto um ranger de madeira vindo da cozinha, pego minha arma de seu esconderijo e a destravo. Vou abaixada até a cozinha e vejo um homem com terno preto rondando o apartamento. Saco minha arma, porém quando ia atirar, o filho da puta me vê e é mais rápido atirando em minha direção.

Fala sério, todo dia isso? Cadê a porra da paz que eu tanto peço? Minha resposta são vários caras entrando no apartamento enquanto eu faço o que posso para desviar dos projéteis.

Quando vejo que não conseguirei escapar, aponto minha arma para um deles e quando aperto o gatilho, não sai porra nenhuma. Ah merda, como se eu já não soubesse que sou azarada.

Resolvo partir para a luta física com alguns russos, o que resulta em vários cortes e hematomas pelo meu corpo. Talvez eu tenha ganhado um tiro de raspão na coxa. Mesmo assim eu lhe garanto que os agressores também não saíram intactos.

Pego a arma de um russo que derrubei e atiro nos demais que vieram em minha direção. Quando a munição dessa arma acaba eu consigo pegar outra e vou atirando enquanto tento alcançar a saída. Desço a escadaria correndo e escuto barulhos de tiros atrás de mim. Quando chego no térreo, viro para a saída de funcionários e me escondo no meio das sacolas de lixo.

Porra, que situação de merda. Fico quieta e vejo os russos passando na minha frente, eles olham na direção dos sacos de lixo mas não me vêem. Ao perceberem que perderam a mercadoria, eles vão embora me dando a chance de meter o pé daquele caralho fedorento.

É aí que você me pergunta, como eu saí viva? Eu realmente não sei. Talvez eles não me quisessem morta, não ainda. Ou talvez eu tenha tido a sorte deles serem incompetentes.

Que se foda, como a porra da minha arma não disparou? O pente estava cheio quando guardei.

Giovanna... Só pode ter sido ela. Ela é a única que pode ter visto onde guardei minha arma.

Resolvo ligar para ela que demora um pouco para atender.

— O que é, Maria? — a filha da mãe ainda é ríspida.

— Me passa o endereço de onde você está agora, Giovanna.

—O que aconteceu? — sua voz parecia preocupada.

— Só me passa o endereço, porra.

Ela me passa o endereço. Por sorte estou com o meu celular então pesquiso o nome do prédio no Google e felizmente não é longe.

Caminho até lá com uma puta dor na perna, espero não ter deixado um rastro de sangue por onde passei. As pessoas na rua me olham com cara de nojo, para melhor dizer, uma velha com um cachorrinho fofo torce o nariz ao passar por mim.

— Tá olhando o que, coroa? Seu cachorro está fedendo mais do que eu.

Ela resmunga alguma coisa mas continua andando. Quanta bondade das pessoas, uma adolescente com a perna sangrando na rua e ninguém diz ao menos um "oi". Até lá no Brasil as velhas fofoqueiras são mais educadas.

Finalmente chego ao prédio, suponho ser aqui onde o russo está morando. O lugar é chique, mas a segurança é precária. Consigo passar despercebida pelos seguranças mesmo fedendo à merda e entro no elevador.

Acho engraçado o conceito de seguranças de hotel, eles estão cuidando da segurança de um assassino treinado sem ao menos saberem.

Toco a campainha do quarto que a Giovanna me informou e o Mikhail atende.

Alopradas [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora