+ Maria +
Acordo com uma puta dor de cabeça e um com um baita jeito na coluna. Que merda eu dormi no carro.
Tento acostumar minha visão à claridade e ligo o carro, com sorte eu não vou bater essa merda. A Giovanna ainda está apagada ao meu lado. Pelo que eu me lembro a noite foi boa naquele bar, fazia tempo que eu não me divertia assim.
Estaciono o carro na garagem e me questiono como eu vou tirar a Giovanna dali. Melhor eu deixar ela no carro do que derrubar ela no chão e ter de atura-la me enchendo o saco.
Faço a volta pela casa e quando abro a porta da frente tem uma arma apontando para minha testa.
Fodeu.
Bato minha mão na arma antes que possa atirar e dou um chute no estômago de um soldado alto e barbado. Consigo derruba-lo no chão porém percebo que tenho mais companhia dentro de casa.
— Não queremos encrenca com você Monteiro. Entregue-nos a Martinelli. — ordena um homem de idade com um terno preto.
Esses mafiosos e suas manias de se referirem a alguém pelo sobrenome.
— Acho que você sabe que nada é tão fácil assim, não é?
Abro um sorriso de lado e tiro minha arma do cós da calça. Está aí o motivo de sempre andar armada.
Dou um tiro na testa do velho pegando os guardas de surpresa. Eles fizeram um péssimo trabalho em protegê-lo, principalmente se considerar o fato dele parecer ser uma pessoa importante na máfia. Com toda certeza ao matar esse cara eu estaria muito mais ferrada do que eu já estou agora, se tivesse jeito, mas como já estou atolada na merda não vai fazer muita diferença.
Os outros soldados partem pra cima de mim e descarrego o resto do meu pente neles. Me pergunto como a Giovanna ainda não apareceu por aqui falando que o que estamos fazendo é uma crueldade desnecessária. Bom, talvez seja, considerando que já se tem nove homens caídos ao chão.
Mais soldados entram para dentro de casa e minha munição acabou. Rapidamente pego duas as facas que estavam em meus coturnos e luto com elas. Não preciso nem registrar que minha cara já está toda quebrada agora, não é?
Esmurro o rosto de um soldado e recebo um soco no ouvido em troca. Escuto um zumbido que com a ajuda da minha ressaca fica praticamente insuportável. Fico meio tonta e recebo um murro no estômago.
O Lucca aparece na porta com uma feição desnorteada. Puta merda, se eu realmente dependesse dele para sobreviver, com toda certeza já estaria morta.
Volto a realidade quando ele me vê e joga uma que a pego no ar. Atiro no desgraçado que já ia me proferir outro soco.
Porém, o Lucca chegou tarde. Chegaram mais soldados, uma parte foi para cima do Lucca e a outra parte se uniu para me atacar. Levei tantos murros na cabeça que acabei desmaiando.
×××
— Você sabe o que acontece se ele descobrir que ela está aqui?
Que merda, tem alguém gritando e minha cabeça vai explodir.
— Ela matou cinco soldados senhor, e não achamos a italiana.
O que falou agora tinha sotaque russo.
— Eu não ligo para os soldados e acho que você também não deveria ligar, não se considerar qual seria nossa tortura se o pai dela descobrir.
Será que eles estão falando de mim? Não consigo abrir os olhos então tento me lembrar do que aconteceu.
Porra, eu fui sequestrada. Abro os olhos de uma vez e sinto uma pontada na cabeça. Por sorte a iluminação era precária ou se não eu teria uma enxaqueca horrível.
— A bonequinha acordou. — sinto um bafo horrível perto de mim.
Bonequinha? Ah vá se foder.
Continuo com a cabeça baixa tentando capturar o máximo de detalhes possíveis sobre o local. Em que merda de lugar eu estou?
— Como vai, criança?
Primeiro bonequinha e agora criança. Tento mover meus braços mas percebo estarem amarrados. Abro um sorriso sarcástico e olho para o meu raptor, porém não lhe profiro uma sequer palavra.
— Pegamos sua amiguinha. Ela não para de perguntar por você.
Isso não é muito a cara da Giovanna. Suspeito ser um blefe porém prefiro não arriscar.
— Qual é a cor da roupa dela?— pergunto.
Ele para e pensa por um momento. O homem que estava a minha frente era calvo com os dentes podres e estatura baixa.
— Rosa.
Como sempre não me enganei, porém fico em silêncio. A Giovanna estava usando verde da última vez que a vi. Abro um sorriso ao lembrar que meu plano de mudar as cores das roupas deu minimamente certo.
— Onde ela está? — provavelmente ele percebeu meu sorriso e resolveu deixar seu blefe de lado. Ao não responder sua pergunta ele aperta minha garganta e após um tempo começo a ficar sem ar. Sinto minhas vistas escurecendo porém não profiro uma palavra até ele soltar meu pescoço — Não me faça te torturar, garota.
Sei que a Giovanna é lerda, porém não é burra. Sei onde ela estava mas com toda certeza neste momento ela já acordou e encontrou a casa coberta de sangue.
— Ela estava no carro. — digo — Mas agora não tenho ideia de onde ela possa estar.
— MENTIRA! — ele grita.
Ora, ora, vejo alguém desesperado aqui.
Observo melhor o lugar e sinto que o reconheço.
O homem pega um alicate e prensa meu dedo polegar. Puta merda, isso dói pra cacete, porém não vou lhe dar o gosto de ouvir meus gritos, não enquanto eu aguentar segura-los.
— Sua vadia. — ele bate na minha cara — Você é uma cadela que nem sua mãe era.
Ele aproxima o rosto de mim e lhe dou uma cabeçada. Ele conheceu minha mãe.
Seu nariz começa a sangrar e ele esmurra minha cara, com o impacto a cadeira cai e com a sorte que eu tenho, dou de cara com o chão.
Outro homem chega por trás e levanta minha cadeira.
Não tenho esperanças de ser resgatada. A Giovanna mal sabe segurar uma arma e o Lucca não conseguiria me encontrar sozinho. O que me resta é aguentar, afinal, vou morrer de qualquer jeito, contando o que eu sei ou não.
— Oh senhorita Monteiro. Teremos um longo dia pela frente.
Sim, teremos. Pode apostar.
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Alopradas [Reescrevendo]
AlteleO que você faria se descobrisse que faz parte de uma máfia? Mais precisamente que seu pai é um mafioso e que agora os inimigos dele estão correndo atrás de você. Você fugiria, certo? Giovanna não tinha outra opção. Um intercâmbio nos Estados Unidos...