Capítulo 38

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+ Maria +

Em um único dia, eu e a Giovanna conseguimos ser perseguidas pela polícia e por russos. Pelo visto, meu pai resolveu me deixar lado agora, porém do jeito dele. Sem ele para segurar os tiras, minhas merdas começam a ficar a mostra.

Tive o azar de arrumar uma amiga sem noção por entrar na fila de um show de talentos. Quem diria que a desajeitada sabe dançar balé. Ela ali dançando no palco me fez lembrar da minha mãe. Ela foi a melhor bailarina que eu já vi, ela dançava com uma leveza surreal, como uma pessoa sem culpa e feliz, mas mesmo assim, minha mãe dançava com emoção, com amor pelo que fazia, com amor pela vida.

A Giovanna dança bem, muito bem para falar a verdade. A forma como ela dançava era como se ela estivesse despejando toda sua dor no palco, como se aquilo aliviasse. Me sinto assim quando toco piano.

Foi meu pai quem me ensinou a tocar, ele sempre pegou no meu pé para eu ser melhor que ele. Ele não admite, mas fez um ótimo trabalho. Tirando atirar, lutar e outros afins para sobreviver, tocar piano é a única coisa que eu sei fazer, como eu já estava no palco por causa de um filho da puta que me empurrou, a única coisa que eu poderia fazer era tocar piano, e foi isso que eu fiz. Toquei uma música rápida é harmônica que meu pai havia me ensinado à algum tempo, quando eu terminei as pessoas estavam aplaudindo. Nunca havia tocado em público antes.

Saindo dali a Giovanna me convenceu a ir em um parque. A garota nunca foi em um parque de diversões antes então eu tive que levá-la. Talvez você me julgue por ter a levado em brinquedos que lhe davam medo, mas foi ela quem quis ir ali e nem ferrando que eu iria em um carrossel.

Agora estou em casa olhando para o teto sem nada para fazer. Já se passaram dois dias que estou esperando o russo me arrumar o equipamento necessário para invadir aquela mansão.

A campainha toca e quando atendo, tem uma bolsa grande na frente da porta, a pego e entro para dentro de casa.

Abro a bolsa com cautela correndo o risco de ter uma bomba, quando vejo, realmente tem. O equipamento que pedi para o Mikhail está aqui, pronto para o uso.

— Giovanna. — a chamo para começar a se preparar.

O plano já está pronto, tem 30 por cento de chances de dar certo, os outros 70 vão na sorte.

— Aconteceu alguma coisa? — a julgar pelo seu cabelo bagunçado, suponho que ela estava dormindo até agora, às duas horas da tarde.

— Os equipamentos estão aqui, se lembra do plano?

— Você tem certeza que nós realmente temos que fazer isso? — ela faz uma careta.

A Giovanna demorou bastante para se acostumar com a ideia, porém não temos muitas opções.

Passamos o resto do dia nos preparando e repassando o plano, quando chega a noite, saímos em direção à mansão.

Ao chegarmos lá seguimos o plano de entrarmos se sermos vistas, se algum guarda nos avistar estaremos fodidas.

Andamos sorrateiramente para não sermos vistas e usamos um equipamento para subir o muro. Ao aterrissarmos, coloco um pano com sonífero no nariz de um guarda antes que ele nos veja.

Minha sorte é que a Giovanna já está bem treinada e não comete tanta burrada como antes.

Conseguimos passar sem sermos vistas por outros guardas e coloco um dispositivo para travar a imagem de todas as câmeras. Conseguimos adentrar o local com mais tranquilidade que eu pensei, porém tudo acaba ao entrarmos em um cômodo com muitos soldados, então temos que lutar. Quando percebo que têm gente de mais ali para somente duas pessoas, resolvo pegar minha arma carregada com dardos soníferos. Chega de gente morta por enquanto.

Continuamos em silêncio até subirmos ao segundo andar e chegarmos à um novo cômodo que estava trancado, então pego um arame e tento abri-lo.

— Maria, isso é loucura. Eles vão nos matar. — percebo que a Giovanna está apavorada, o que é compreensível.

— E foi só agora que você percebeu?

— Ainda tem tempo para desistir?

Com um certo esforço, consigo abrir a porta. Nós entramos no local que felizmente está vazio.

— Não, Giovanna. Não tem.

Tirei a sorte grande. Neste exato momento estou no escritório do chefão.

Puta merda, estou no escritório do chefe da máfia russa!

Começamos a vasculhar o local à procura de algo o mais rápido possível. Encontro vários livros de advocacia e alguns deles recheados com drogas. Belo esconderijo, mas sinto pena pelos livros.

— Maria. — Giovanna me chama e quando chego até ela, percebo que ela está pálida.

Ela estava segurando uma caderneta e ao olhar o conteúdo, me surpreendo com o que acabo de ver.

Merda, isso não é possível!

— Puta que pariu! — exclamo.

Nós estamos fodidas! Eu estou fodida! Que porra está acontecendo?

— Maria, nós temos que sair daqui.

Escuto o barulho da porta se abrindo atrás de mim.

— Ora, ora, veja só quem está aqui! — uma voz com um forte sotaque russo diz.

Droga!

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Alopradas [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora