+ Falcão +
Durante os últimos dois meses, o tráfego de soldados da máfia russa pelo mundo aumentou significativamente. Eu não deveria ter deixado minha filha sair.
Faz quase um mês que não a vejo, desde então, venho descobrindo um lado obscuro que estava escondido na Maria. Sempre soube que ela não era santa, afinal, ela é minha filha. Porém, tamanha foi minha surpresa ao saber as proporções que seus problemas estavam tomando.
Eu não ligo para minha imagem, estou pouco me fodendo para o que os outros iriam achar de mim, e os negócios, todos sabem quem eu sou, então não importa o que eu faça, não vai fazer a mínima diferença. Eu poderia ter chutado o balde no momento em que eu recebi a ligação de um dos meus infiltrados na polícia americana dizendo que minha filha havia supostamente matado um homem. Posso ser considerado um péssimo pai por isso, mas acho que seria pior se eu a acostumasse limpando todas as suas cagadas para o resto da vida, a Maria já é bem grandinha para lidar com os próprios atos.
Uma das coisas que mais me preocupa no meio dessa situação, é que eu não queria minha filha envolvida nesse mundo do crime, nem eu queria estar aqui. Desde que minha esposa morreu, eu tive que cuidar dos negócios da família, e isso acabou colocando minha filha em risco, o que não me deu outra opção a não ser treina-la para sobreviver.
Após a Maria terminar o ensino médio, ela quis fazer um intercâmbio. A princípio, achei uma boa idéia, poder dar a ela a oportunidade de estudar fora e ter mais recursos na vida do que eu, imaginei também que com ela saindo e tendo seu próprio espaço, estaria livre para ser quem ela quisesse sem a influência do submundo. Acontece que eu me enganei, isso a deixou vulnerável e desprotegida. Porra, minha filha foi sequestrada! E o pior foi que eu só recebi essa notícia à aproximadamente duas semanas.
Tudo que eu mais quero nesse momento é sair daqui e ir atrás dela, porém ela precisa aprender a se cuidar. Será que eu estou sendo um bom pai? A Carol gostaria do que eu estou fazendo? Com toda certeza, não. Ela sim saberia o que fazer em uma situação como essa.
Meu celular toca em cima da mesa e antes de pegá-lo, término de esvaziar meu copo de uísque.
— Quem fala? — pergunto.
— Sou eu, senhor Zé. Sentiu minha falta?
Imediatamente reconheço a voz do outro lado da linha.
— Falei para nunca mais ligar, filho da puta. O que você quer, Jones?
A família Jones era muito próxima à minha antes de tudo começar a desmoronar. Lucca Jones era muito próximo da minha filha, as vezes até de mais. Quando minha esposa morreu e a minha filha ficou em coma por dois meses, eu não quis ninguém além de mim perto dela. Egoísta, talvez, mas eu estava desesperado e não queria nenhuma má influência perto da minha filha. Percebi que o Lucca nutria alguns sentimentos a mais pela Maria, sendo ele três anos mais velho que ela. Não quis ele por perto, então mandei a família dele para longe e falei para minha filha que ele havia morrido.
— E você acha que eu ligaria se não fosse importante?
—Vá direto ao ponto.
— Sua filha desapareceu há uma semana.
Vejo que não adiantou muito minhas medidas para que ele mantivesse distância. Foi só minha filha sair de perto de mim que ele já foi correndo para cima dela.
— Eu te falei para manter distância, porra. Qual parte você não entendeu?
— Eu não trabalho para você, Falcão. Não sou obrigado a seguir suas ordens.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alopradas [Reescrevendo]
RandomO que você faria se descobrisse que faz parte de uma máfia? Mais precisamente que seu pai é um mafioso e que agora os inimigos dele estão correndo atrás de você. Você fugiria, certo? Giovanna não tinha outra opção. Um intercâmbio nos Estados Unidos...