Capítulo 47

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+ Giovanna +

É hoje que a guerra começa, hoje eu posso perder as pessoas que eu amo, hoje eu posso morrer. Eu nunca fiquei com tanto medo em minha vida inteira, não tem como fugir disso, essa guerra pode acabar com os russos, mas também pode acabar comigo e com minha família.

Estamos no preparo e daqui algumas horas o inferno começa. Durante a metade do dia não ouvi ninguém falar nada, só o Mikhail que veio no meu quarto conversar comigo e me acalmar porque eu estava chorando de desespero. Aqui tudo está uma loucura, são pessoas andando para lá e para cá, dá pra sentir a tensão no ar.

— Hey, Gio, está preparada? Me disseram que você aprendeu a atirar melhor. — Lucca vem me irritar a essa hora. Comigo com medo de morrer, é pedir para apanhar.

— Lucca, não estou em um bom momento para brincadeiras, vá pertubar outra pessoa, por favor.

— Você tem certeza que quer ir? — ele pregunta sério.

— Sim, se eu ficar parada aqui a situação vai ficar pior. Eu prefiro tentar e acabar morrendo do que não tentar e perder as pessoas que eu amo. — estranho ele estar sério, mas ignoro, afinal, todos nós sabemos a hora de parar com a brincadeira.

— Você é menos covarde do que eu pensei, mas já vou logo te avisando, lá é muito pior do que você possa imaginar, uma guerra é um completo inferno. Te desejo boa sorte, vai precisar.

— Você não confia em mim, não é? Eu sei que da última vez que nos juntamos eu fui insuportável. Foi mal...

— Não estaria tentando te convencer a não ir se eu confiasse. Só não morra e não me mate por engano, okay?

— Vou tentar não morrer e nem atirar em você, mas se eu morrer, cuide bem da Mari, ou melhor, deixe ela cuidar bem de você. — digo e dou uma risada.

— Ela sabe se virar bem sozinha. De qualquer forma, boa sorte. — ele sai.

Fico novamente sozinha, é realmente assustador só de pensar em perder alguém, mas de qualquer forma eu tenho que ser forte e seguir em frente, por mais que seja difícil.

Ando pela casa e acho o senhor Falcão comendo na cozinha. Lembro-me do que meu pai fez com ele, foi totalmente horrível, ele poderia ter perdido boa parte da infância da Maria.

— Me perdoe pelo meu pai, eu sei que o que ele fez é imperdoável, eu mesma não sei se conseguiria o perdoar, mas me perdoe. — essa é a coisa mais decente a se fazer, eu não posso voltar no passado e concertar o que o meu pai fez, então pedir desculpas é a melhor opção agora.

— Você não tem que pedir desculpas, você nem havia nascido quando essa merda aconteceu. — ele diz, sério.

— É a coisa mais decente e que eu posso fazer, senhor. Sua filha é quase uma irmã para mim, só de pensar o que sua esposa passou sozinha me dá tristeza, eu realmente sinto muito.

— Não sinta, mas fico feliz que tenha saído algo bom da sua família. Espero que você seja uma chefe sábia no futuro. — sinto um frio na espinha a cada vez que falam sobre eu comandar essa máfia, eu com certeza iria acabar falindo tudo.

— Senhor, não afaste a Maria de mim. Por favor, ela é minha única amiga.

— Maria faz as próprias escolhas dela. — fico feliz por isso. Dou um pequeno sorriso e vou para a sala.

Chegando lá, me encontro com o meu pai, ele ficou de me passar o plano.

— Então pai, qual é o plano? — Ele não parece nada confortável com a escolha que eu fiz de ir para essa guerra.

— Você tem certeza de que quer ir mesmo? Minha filha, você não aprendeu totalmente os golpes de lutas, sua mira ainda não é boa, as chances de você se machucar são altíssimas. Você tem certeza de que quer se meter nesse lugar? — ele insiste em me perguntar pela vigésima vez, não adianta eu falar que quero ir.

— Eu tenho certeza, eu vou ir e irei lutar na guerra com vocês. Não vou ficar em casa parada como a princesa frágil que está em perigo, eu sou forte e mesmo não sabendo de muitas coisas eu dou um jeito, se fosse para morrer eu já teria morrido. — ele fica sério e muda de assunto para o plano.

Ele me explica o plano e tudo que eu tenho que saber para sobreviver.

— Não haverá tempo para conversas com a Maria ou Lucca e muito menos tempo para beijos com o Mikhail. Se você quer lutar, tem que estar totalmente focada no alvo, se não já era. — ele fala totalmente sério e continua me explicando outras coisas.

×××

Estamos em uma base segura na Rússia onde estamos nos preparando é nos equipando. Meu sangue gela só de lembrar que eu já estou no meio da guerra e não tem como voltar atrás.

Pegamos um veículo e vamos até o local onde outros soldados estão. É agora que tudo começa.

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Alopradas [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora