Guardem o que eu estou dizendo e anote para não esquecer. Isso não vai ficar assim.
Quem ela pensa que é? Tudo bem que o banheiro é dela mas no meu não tem hidromassagem. Se ela quiser que eu saia de lá, ela que me dê uma.
Pensando bem, se eu não vou ter ela também não vai.
Coloco uma roupa decente e vou comer algo no refeitório. De longe eu vejo Giovanna passar, tento disfarçar minha cara de ódio mas infelizmente não consigo. Que se foda, ela mexeu com a pessoa errada.
Seguranças? Sério? Isso é ridículo ao extremo. Minha família não tem um bom histórico com seguranças. Talvez seja por isso que aquilo me incomodou tanto.
Após fazer meu lanche eu saio para a rua. Nunca vim à NY e quero conhecer a cidade. O lugar é realmente incrível. Deve ser legal morar aqui.
São tantos prédios enormes e bonitos, porém resolvo me afastar um pouco das ruas do centro. Passo por um lugar mas afastado, estou a aproximadamente 3 horas andando. Encontro uma porção de baratas perto de um restaurante chinês, não deve existir vigilância sanitária por aqui. Esse lugar não me é estranho, provavelmente eu já devo tê-lo visto em alguma foto.
Piso em cima e uma barata que passou perto do meu pé e acabo tendo uma ideia. Pego uma caixa de sapato que eu acho por perto e arrasto ela aberta pelo chão para apanhar algumas baratas. São baratas consideravelmente grandes então elas enchem a caixa. Fecho a embalagem de papelão cheia daquele inseto nojento e continuo andando. Olho no meu GPS um atalho para chegar no meu prédio e caminho até lá.
A imbecil da Giovanna só pode estar querendo que eu continue invadindo o quarto dela porque até agora ela não trocou a fechadura e eu tenho uma chave reserva.
Devo deixar claro que eu não achei essa ideia de um quarto novo justo. Por que é ela quem tem que ficar com o quarto chique? Que se foda, isso não vai ficar assim.
Destranco a porta e entro no lugar com uma ridícula decoração cor-de-rosa e vou até o banheiro. Porra, que vontade de entrar nessa banheira. Ignoro minha vontade e solto as baratas no local, fecho a porta do banheiro e saio do quarto.
Aproveite seu banheiro agora, vadia.
Vou para o meu quarto e tomo meu banho no meu chuveiro normal mesmo. Aquela banheira de hidromassagem cairia tão bem... Mas que se foda, vou me contentar com o que eu tenho.
Após o banho eu peço um café e pego um livro pra ler. Desde que eu comecei a ler eu comecei a ver o mundo por outros olhos, amo livros de investigação e amo rir dos personagens se ferrando no final. Sei que não é assim na realidade, nem todos ganham o que merecem.
Cerca de uma hora depois eu ouço gritos.
- AIUTO! SCARAFAGGIO! SCARAFAGGIO! MARIA!
Mas que porra é essa? Acabo rindo dos gritos pois não entendi uma palavra do que ela disse.
Alguns minutos depois, ela bate na minha porta.
- Não acredito que você fez isso! Não esperava que você fosse descer seu nível a esse ponto. - diz Giovanna, pálida. Ela está com um bafo horrível.
- Primeiramente, escove seus dentes, ninguém é obrigado a aturar esse seu bafo de esgoto. E segundo, quem desceu o nível aqui foi você.
- EU SÓ ESTOU COM BAFO PORQUE EU VOMITEI DE TANTO NOJO DAQUELAS BARATAS! - ela grita e começo a rir.
- É só chamar o dedetizador, idiota.
- Lógico que eu já chamei. Mas agora eu vou chamar a polícia. - diz e sai andando.
- Espera aí. Polícia? - a sigo até seu quarto.
Percebo que o local já está limpo.
- Eu te disse que iria ter troco, não precisa chamar a polícia. - fala sério, envolver as autoridades só por causa de umas baratinhas?
- Eu vou chamar a polícia sim. Esse quarto é meu, esse banheiro é meu e se eu quisesse esse prédio inteiro também seria meu.
- Sabe o que você é, garota? Uma mimada do caralho. Uma filhinha do papai que acha que pode ter tudo e todos na mão. Só que isso não funciona comigo. Aqui é bate e volta, porra. Fui criada numa sociedade em que gente como você morre cedo.
- Eu não ligo para isso. Ao contrário de você eu tenho classe e não vou perder meu tempo discutindo. Saia daqui agora ou eu chamo a polícia.
- Polícia? Chame. Chame o papai também. Aposto que com você sempre é assim. Aparece alguma ameaça e vai correndo pro papai - o queixo dela treme, não acredito que ela vai chorar - Mas aonde está o papai agora, cadela? Diga. Ele não está aqui para salvar você. - então ela começa a chorar.
- Por que você está fazendo isso? Por que você não me deixa em paz?
- Paz? Você chamou três seguranças pra me tirar de um banheiro e eu fui arrastada de lá somente de toalha. Eu te falei que iria ter troco e você merecia algo pior. Teve sorte por ser só baratas no banheiro e não uma cobra na suas coisas.
- Não tem uma cobra nas minhas coisas mas tem uma na minha frente.
Acabo rindo. Ela no caso não para de chorar.
- Talvez eu seja. Porque assim como as cobras, eu só ataco quando mexem comigo. Não seria grossa com você se você não parasse de encher o saco e não teria colocado baratas no seu banheiro se você não tivesse me tirado a força de lá com seguranças.
- Saia do meu quarto, eu não quero te ver nunca mais. - ela grita é começa a chorar compulsivamente.
Deixo ela pra lá. Essa menina só pode ter problemas.
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Alopradas [Reescrevendo]
AléatoireO que você faria se descobrisse que faz parte de uma máfia? Mais precisamente que seu pai é um mafioso e que agora os inimigos dele estão correndo atrás de você. Você fugiria, certo? Giovanna não tinha outra opção. Um intercâmbio nos Estados Unidos...