+ Maria +
Fogo. Cheiro de fumaça. Dor.
Estou no inferno? Droga, não consigo respirar.
Abro meus olhos e só vejo fogo e destroços. Percebo que estou sendo carregada, quando foco minha visão, vejo que é o Lucca. Ele é um demônio? Ele também morreu? Meu corpo inteiro dói insuportavelmente, minha garganta e meu pulmão ardem por causa da fumaça.
Merda, eu não morri, ainda estou na casa do Stepanov. Mas que porra, não posso nem morrer em paz.
- Aguente firme, Mari. Estamos quase lá. - Lucca diz, ofegante.
Não consigo dizer nada, parece que meu corpo ainda não acordou.
Conseguimos sair da casa e parte dela começa a desmoronar. Olho para o lado e vejo parte da equipe junta, o Stepanov está acorrentado e sendo levado para o carro.
- Maria! - meu pai corre até mim.
Tento me mexer, com certo esforço eu consigo ficar de pé, porém logo sinto uma dor extremamente aguda em minha perna e perco o equilíbrio, por sorte Lucca me apoia.
- Você está bem, filha? - meu pai pergunta e eu afirmo com a cabeça, dizer que não estou bem não vai adiantar nada.
- Você não devia ter feito aquilo. - a porra toda está literalmente desabando ao nosso redor e o Lucca quer dar lição de moral.
Conto as pessoas que estão ao nosso redor e sinto a falta da Giovanna.
- Onde está Giovanna? - pergunto com certa dificuldade.
- Nem ela, o pai ou o Petrova saíram. - meu pai responde como se isso não fosse nada.
Eu queria estar bem o suficiente para entrar lá e voltar viva, mas não consigo nem ao menos me manter de pé.
- Pai, essa porra vai cair e eles estão lá dentro!
Tento gritar porém sinto uma enorme tontura. Acho que vou vomitar.
- Não podemos entrar lá.
Continuo encarando a casa com alguma esperança até que vejo Mikhail sair abraçando Giovanna que parece desolada.
Tenho vontade de perguntar onde está Vicenzo mas sua cara já diz tudo.
Então quer dizer que o Martinelli morreu...
Tristeza não é exatamente o que eu sinto agora, para melhor dizer eu fico triste pela minha amiga que acaba de perder o pai, mas não consigo me importar com a morte de um homem que fez tanto mal ao meu pai.
Um enjoo forte me atinge e eu acabo vomitando no chão. Acho que eu nunca senti tanta dor em toda minha vida, mesmo já tendo sido torturada uma porção de vezes.
As vezes eu me questiono, o que o universo tem contra mim? Eu acabei de sobreviver a explosão de uma granada e agora, logo agora, aparecem mais russos atirando. Os demais soldados que ainda estavam de pé conseguiram matá-los, mas não antes de um filho da puta acertar dois tiros no meu peito.
Ótimo, se eu não morrer agora vou pensar seriamente em pular de um prédio e tentar voar. Vá se foder, porra, não posso nem morrer em paz.
Vejo meu sangue pingar no chão e essa é a minha última visão antes que eu apague.
×××
Sinto cheiro de água sanitária, tento me mexer mas não consigo. Não preciso nem abrir meus olhos para perceber que estou em um hospital.
Forço meus olhos a se abrirem mas logo me arrependo pois uma luz forte os atingem. Tento acostumar minha visão com a claridade e viro minha cabeça para o lado. Lucca Jones está dormindo em uma cadeira aparentemente desconfortável, sua cara está horrível, não só porque parece que ele não dorme à dias, mas também porque ainda há vários hematomas pelo seu corpo. Tento chamá-lo mas minha voz não sai. Por quanto tempo estou aqui?
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Alopradas [Reescrevendo]
RandomO que você faria se descobrisse que faz parte de uma máfia? Mais precisamente que seu pai é um mafioso e que agora os inimigos dele estão correndo atrás de você. Você fugiria, certo? Giovanna não tinha outra opção. Um intercâmbio nos Estados Unidos...