+ Maria +
Dias do caçador e dias da caça, me pergunto se já tive meu dia de caçadora pelo menos uma vez no meio dessa bagunça. Posso ter torturado um homem mas não consegui informações muito relevantes, pelo menos tive um vislumbre de como não ser a caça.
Uma verdade vos digo, ninguém sai o mesmo depois de uma tortura. Eu por exemplo, estou sem um dos meus dentes molares e sem minha unha do dedo mindinho, isso se não contar a quantidade de feridas que há pelo meu corpo.
A Giovanna, bom, estou preocupada de ela não olhar mais na minha cara, disse coisas horríveis na frente dela, mas foi tudo uma tentativa de enganar Stepanov, por mais que não tenha adiantado por muito tempo. De qualquer forma, vê-la sofrer na minha frente sem que eu pudesse fazer nada foi uma das piores partes da tortura.
Ao ouvir as batidas na porta, eu percebi o código que meu pai havia me passado desde que eu era criança, duas batidas seguidas na porta e depois de uma breve pausa, mais outra. Naquela hora, com um grampo eu abri o cadeado das correntes que prendiam minhas mãos, com as próprias correntes, matei os filhos da puta que nos vigiavam e saí junto com a Giovanna daquele inferno.
Porra, nunca imaginei que eu ficaria tão feliz ao ver meu pai ou ao ver o Lucca com uma perna sangrando. Minha vontade foi de pular naquele cretino na mesma hora que ele deu aquele sorriso sacana, mas isso o colocaria no chão.
Quando subimos no telhado, eu tive um mau pressentimento e fiz com que meu pai subisse no helicóptero primeiro. Como de costume, eu estava certa, os russos prepararam um míssil e o piloto teve que se apressar. Naquela hora, eu juntei toda a adrenalina que me restara e corri máximo que eu pude. Vi o desespero vívido nos olhos do meu pai na hora em que eu pulei do telhado, não sei como ele também não caiu quando passou para o último degrau da escada de corda e me segurou com somente uma mão.
Essa não foi a primeira vez que eu encarei a morte nos olhos e mandei ela ir se foder, talvez seja por isso que eu não tive aquele clichê de ver a vida passando em minha frente como em um filme.
Ali, logo após ter visto o meu pai arriscando a própria vida para tentar me salvar, eu esqueci toda raiva que eu tinha guardado dele, afinal, eu não estaria ali se ele não tivesse ido me buscar.
Agora estou em um avião entupida de remédios para dor e indo direto para a Itália com meu pai, Giovanna e Vicenzo Martinelli, Mikhail Petrova, Lucca Jones e eu, todos juntos. O que pode dar errado se não contar que meu pai e o pai da Giovanna são inimigos, que Mikhail e Lucca não conseguem ficar no mesmo cômodo sem querer matar um ao outro e também sem contar que o Mikhail fazia parte da máfia russa? Bom, não sei uma resposta exata.
— Temos que conversar, garoto. — Vicenzo Martinelli vulgo pai da Giovanna chama o russo.
— Sim, senhor, nós temos. — dá pra ver que ele tremeu na base.
Até me ajeito na poltrona pra assistir a treta melhor. Por sorte a Giovanna está dormindo.
— Por que você desistiu de matar a minha filha mesmo sabendo as consequências? — o italiano pergunta, calmo.
— Para falar a verdade, eu não saberia responder essa pergunta a princípio. Porém agora, posso afirmar veementemente que amo a sua filha.
Olha, por essa resposta nem eu esperava.
— Olha garoto, eu não sou homem de avisos, porém como vi que minha filha realmente gosta de você, vou lhe dizer só uma vez. Se machucar minha filha, nem nos seus piores pesadelos você poderá imaginar como será sua morte.
O russo está mais fodido do que pensa, principalmente por que ele solta um sorriso de felicidade provavelmente entendendo que o que o Martinelli disse, foi um passe livre para a Giovanna.
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Alopradas [Reescrevendo]
DiversosO que você faria se descobrisse que faz parte de uma máfia? Mais precisamente que seu pai é um mafioso e que agora os inimigos dele estão correndo atrás de você. Você fugiria, certo? Giovanna não tinha outra opção. Um intercâmbio nos Estados Unidos...