C A P Í T U L O 7

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															Celma me observa enquanto dou a ela uma colherada da sopa

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Celma me observa enquanto dou a ela uma colherada da sopa. Seus olhos me analisam tanto que até passo a mão sobre o rosto com receio de estar suja.

—  Você é tão bonita, querida. —  Seu elogio me pega de surpresa.

—  Obrigada, Celma, gostei do elogio, mas nem chego aos seus pés com tanto charme. —  Seu sorriso se alarga, talvez o elogio tenha vindo, apenas para receber um de volta também.

—  Você deve ter muitos namorados. 

—  De onde veio essa suposição?—  Acabo rindo com isso, a melhor piada do ano. —  Não tenho nem um, quem dirá muitos. Não tenho tempo para romance, não com esses homens bobões que aparecem por aí. —  Celma sorri também, não sei porque as pessoas sempre tocam nesse assunto.  Dou à ela a última colherada.

Fico incomodada com o assunto, ele sempre me incomoda. As pessoas esperam que eu encontre alguém, me case e tenha filhos, mas não encaro a vida dessa forma. Não existem regras, posso viver sozinha se bem entender, cuido muito bem de mim mesma, e não preciso de um homem para me fazer esquecer de que sou capaz, porque na maioria das vezes o amor só traz sofrimento.

—  Uma moça tão jovem e bonita deve aproveitar.

—  Já me disseram isso, e aproveito a vida, sem homens, é claro. —  Descanso o prato sobre a mesa. —  Tenho o Maycon, a senhora o conheceu outro dia, não é? Ele é o único homem que cabe na minha vida, o pai dele foi o causador da ruína de sua mãe, nenhum deles vale a pena. —  Suspiro pesadamente. É difícil me lembrar de como Samira foi tirada de nós.

—  Não pense assim, Lorena! Sua irmã conheceu e escolheu um caminho errado, não significa que sua vida será assim. Tome cuidado, pode se arrepender quando ver que o tempo passou, e que perdeu oportunidades de ser feliz por conta de um medo.

—  Acho que não vou me arrepender, Celma. Obrigada pelo conselho. —  Toco sua mão macia e fria. 

—  Lorena!! —  Dora me chama.

Me levanto rapidamente, tenho medo quando o pessoal da administração procuram por mim. Dora tem uma expressão tranquila, isso me deixa um pouco menos temerosa. Caminho até ela quase tropeçando nos próprios pés. Ela me estende o telefone.

—  Estão ligando para você!!

—  Para mim? —  Ela assente balançando o aparelho. Aproximo de minha orelha.  —  Pronto?

—  Lorena? —  Reconheço a voz de algum lugar, mas não consigo decifrar. Observo Dora caminhar para a recepção, acho que nem ela sabe de quem se trata.  —  Aqui é o Gustavo Monteiro, neto do Joaquim. Como vai?

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