C A P Í T U L O 8

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																						Antes de me levantar da cama aumento o som do celular até o último volume

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Antes de me levantar da cama aumento o som do celular até o último volume. Não quero correr o risco de perder a ligação de Lorena. A semana para mim passou lentamente, foi torturante, precisei me segurar para não ir até lá antes do tempo que dei à ela.

Desço para tomar café, Mirian já está colocando os pães na mesa, ela sempre nos espera descer para poder começar a refeição. Deixo um beijo no meu avô e outro em Mirian antes de me sentar com os dois.

—  Bom dia, filho.

—  Bom dia, vô. Como o senhor está?

—  O mesmo de sempre. Sobrevivendo. —  Faço de tudo para sufocar o riso perante o seu drama.

Fico aliviado sempre quando vejo que está bem, mesmo não estando tão satisfeito com a realidade. Entendo muito bem o seu lado, ficar sozinho nessa casa, nos traz lembranças, uma certa dor e saudade de tudo o que já nos aconteceu. Ficar o dia todo aqui dentro, no silêncio e na ausência de uma alegria, às vezes se torna desesperador.

Outra vez penso em Lorena, ela é minha esperança de dias melhores ao meu avô. Eu posso muito bem suportar essa solidão, passar os meus dias afogando entre as lembranças que doem e perfuram meu peito. Tem dias que converso com minha mãe, outros não, estamos nos afastando não só pela distância, mas também porque sua vida gira em torno de status e do seu parceiro.  Não aprovo o relacionamento dos dois, nunca serei capaz de aprovar um outro amor na vida dela, não quero que a imagem da família feliz que tivemos se apague da minha memória.

Passo a manhã ao lado do meu avô, na sala, conversamos um pouco e ele me contou histórias sobre a sua adolescência, me surpreendo sempre quando ele diz que deu trabalho aos pais. Gosto de vê-lo contar sobre sua vida, me faz viajar e imaginar como tudo era. As melhores partes são quando ele menciona minha avó, e a forma como seus olhos brilham sempre quando fala dela.

Esse amor sim foi verdadeiro, um amor desses que encontramos em livros, com um pouco mais de complicações e dias difíceis, mas ainda assim, um amor genuíno.

Na hora do almoço, já estou impaciente, nem consigo tocar na comida direito. Meu avô como sempre atento, percebe e me olha preocupado e intrigado na mesma medida.

—  Aconteceu alguma coisa, Gustavo?

Mirian também está curiosa e se interessa pela resposta.

—  Estou esperando uma ligação, até agora nada. —  Afasto o prato de comida e me recosto na cadeira.

—  Ligação? É a respeito da empresa? —  Meu avô também deixa de comer e tem toda a sua atenção em mim.

—  Não, vô! É a Lorena.

Mirian franze o cenho e meu avô ri baixinho. Fico olhando para ele tentando entender sua reação.

—  Por que está rindo?

Antes De DesistirOnde histórias criam vida. Descubra agora