C A P Í T U L O 30

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										Eu poderia passar uma vida toda assistindo o sorriso do meu avô entre seus amigos em um dia especial como esse

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Eu poderia passar uma vida toda assistindo o sorriso do meu avô entre seus amigos em um dia especial como esse. Tive vários pensamentos negativos durante a semana, a verdade é que tenho medo de perdê-lo e quanto mais os dias e os anos passam, sei que mais perto estamos de nos separar. Lorena tem razão em dizer que não devo pensar nisso, mas é quase inevitável, tenho medo, sei que nunca estarei preparado para passar pelo luto uma outra vez.

Planejar uma festa assim foi uma ideia genial, Lorena sabe muito bem como agradá-lo e confiar nela é sempre uma boa escolha. Voltamos para casa quase perto de anoitecer, foi um dia cheio e prazeroso, conheci alguns dos idosos e todos me pediram para cuidar muito bem da Lorena, meu avô fez questão de dizer a todos que estamos namorando, Lorena ficou envergonhada e, confesso, eu também, mas aos poucos fui me adaptando e todos nos receberam tão bem que fui capaz de entender os motivos do avô Joaquim gostar tanto do lugar.

Com muito sacrifício consegui convencer Lorena a passar a noite em minha casa, não foi preciso muito para convencer o Maycon e aprendi que o caminho certo para fazer Lorena aceitar algo, é pelo seu sobrinho. Nós dois não somos muito bons em negar as coisas que ele pede, talvez Lorena seja ainda mais forte que eu, acho que está acostumada, mas nunca consigo dizer não a qualquer pedido que ele faça com tanta empolgação. É surpreendente me ver assim, se alguém me contasse eu nunca acreditaria, mas Lorena e Maycon me tornaram outra pessoa, tenho uma nova versão e gosto tanto da mudança que nem me importo com o meu passado.

Lorena prometeu que viria até o meu quarto quando Maycon dormisse, enquanto a espero fico olhando o celular sentindo um desejo imenso de ligar para minha mãe. Faz alguns dias que não falo com ela, têm coisas que desejo contar, gostaria de falar sobre os meus sentimentos e minha relação com a Lorena, mas há algo que nos distancia, e não digo isso por estarmos separados fisicamente, mas sim porque desde a morte do meu pai, desde que ela entrou em um relacionamento novo, nossa convivência nunca mais foi a mesma. 

Coloco o aparelho na escrivaninha ao lado e quando a porta se abre, levanto para receber Lorena.

—  Ele demorou um pouco mais hoje, estava agitado, deve ser o tanto de doce que comeu.

Pego em sua mão a puxando para mais perto de mim, Lorena apoia as mãos em meus ombros enquanto envolvo sua cintura com meus braços. É tão bom estar com ela assim, sinto-me tão inteiro e vivo que mal consigo parar de sorrir.

—  O que achou do meu pijama? —  Lorena se afasta e abre os braços como se quisesse me mostrar algo incrível.

Ela está com um vestido florido de mangas curtas que Mirian a emprestou, o comprimento dele vai até os seus joelhos e confesso que a peça larga em seu corpo ficou engraçada.

—  Acho que você precisa trazer roupas suas e deixar aqui para momentos como esse. —  Lorena cruza os braços. —  Mas continua linda, como sempre.

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