"Uma leitura leve e marcante, com personagens queridos que vão conquistar seu coração."
Lorena Medeiros é uma jovem que carrega consigo grandes responsabilidades. Desde a dolorosa morte de sua irmã, Lorena se tornou responsável pelo pequeno Maycon...
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Acordar e sentir um vazio no peito destrói um dia inteiro, sei disso porque me senti assim por muitos anos. Às vezes acontece, hoje mesmo me senti assim. Foi difícil encontrar forças para colocar um sorriso no rosto e, principalmente, focar no trabalho.
Comecei a pensar que talvez uma pausa, por pelo menos um dia, me faria bem. E foi quando a ouvi, que tive a certeza de que havia tomado uma boa decisão.
Lorena, mesmo inconsciente disso, tornou meu dia mais leve, sua presença, sua voz, a forma como sorria e a leitura que discorria por seus lábios, pareceu algo tão genuíno que por um momento de empolgação me dispus a me juntar com eles nem que fosse por poucos minutos, mas só para sentir um certo conforto, talvez o mesmo que meu avô sente sempre quando ela está por perto.
O avô Joaquim nunca desiste, já não basta todos os dias ouvi-lo me dizer que preciso de uma namorada, e que com toda a certeza Lorena seria uma ótima pessoa para mim, hoje também decidiu bancar o cupido definitivamente. Mesmo sentindo sono, afirmou que conseguiria assistir ao filme, só para não termos a desculpa de desistir do programa. Claro que não demorou nem vinte minutos e ele já deu um jeito de se retirar e, mais do que isso, mandar Mirian para longe de nós. Como se já não fosse o suficiente, antes de me deixar sair do quarto, me aconselhou:
— Seja gentil, elogie a escolha dela mesmo que o filme seja chato.
Depois disso, apenas fechou os olhos tranquilamente, como se tivesse cumprido sua missão do dia.
O filme é carregado de muito drama, não é um dos gêneros que me agradam, mas assistir todos os esforços que o garoto faz para realizar os desejos da garota que ama, chega a ser emocionante. Não a ponto de me fazer chorar, mas digo isso só por mim, porque de onde estou, consigo enxergar Lorena secando suas lágrimas quando vez ou outra move os lábios diante de falas que decorou.
Tenho vontade de rir, e ao mesmo tempo acho adorável essa sensibilidade que ela tem, nunca cheguei a chorar com livros ou filmes, aliás, foram poucas as vezes que me senti capaz de chorar depois que perdi meu pai. A vida nos transforma sem pedir permissão, as coisas só acontecem e você precisa se adaptar às mudanças, não importa como vai fazer, mas precisa se adaptar.
Fica difícil me concentrar na história quando Lorena parece estar prestes a desabar de chorar, não sei se ela precisa de alguma ajuda, porque realmente está me assustando.
— Está tudo bem, Lorena? Eu posso tirar o filme se você quiser. — Lorena se ajeita no sofá quando ouve minha voz.
— Eu... Estou bem, estou sim. Só que eu sempre choro nessa parte... Não liga pra mim. — Não sei se tem como ignorar isso.
Antes de pensar em muita coisa, sentei-me ao seu lado. De certa forma, funciona, Lorena para de chorar, mas quase tem um infarto com o susto que tomou. Eu me arrependi de ter me aproximado, ainda mais agora notando o seu desconforto, mas não tem como voltar atrás depois disso.
