Sob a pele do lobo

Sétimo

A quinta-feira chegou rápido demais para o desespero de Anahí. Ao menos tivera a tarde de folga e pudera de preparar para o encontro de logo mais a noite. Foi até o seu salão de beleza preferido onde fez as unhas e hidratou os cabelos. Escolheu um vestido com ajuda de Dulce. Era preto, discreto mais fatal segundo a ruiva. Era de alças largas, com um decote estilo vintage que deixava os seios bem redondos e moldados, justo até abaixo do joelho, desenhando o quadril e deixando a sensualidade para a fenda lateral na coxa direita.

Não demorou para a Mercedes de Alfonso estacionar em frente ao prédio dela. Ficou esperando-a do lado de fora do carro. Uma calça social preta, sapatos igualmente pretos de cadarço extremamente lustrosos e uma camisa azul marinho, justa nos braços. Anahí sentiu cambalear enquanto caminhava pelo hall indo até ele. Estava incrivelmente irresistível, e aquilo sem dúvidas seria um grandessíssimo problema para ela.

- Pontual - ela elogiou, assim que ele abriu a porta do carro para ela. Alfonso sorriu, galanteador como sempre.

- Pronta para o melhor jantar da sua vida - sorriu, empolgado.

- Quanto ao Meet, eu mudei de ideia - disse simplesmente.

- Bem, já fiz reservas - sinalizou ,confuso com a mudança repentina.

- Eu pensei melhor, e bem, se você realmente quer se tornar alguém mais humilde, tenho um lugar perfeito pra te apresentar - sorriu travessa. Alfonso a achou linda, mas preocupou-se com o lugar onde ela pretendia levá-lo.

- E que lugar é esse? - pediu, curioso.

- Você vai ver. Troca de lugar comigo - brincou.

- Você? Dirigir meu carro? - indignou-se.

- E que não há nisso? Aposto que dirijo muito melhor do que você.

- Ah mas isso nunca - suspirou. Ponderou e resolveu ceder, não podia ser tão ruim assim.

O caminho foi animado. A música tocava no rádio, e Alfonso o tempo todo reclamava de Anahí na direção. O quanto ela dirigia devagar, o quanto deixava os outros cortarem sua frente, o quanto esquecia de dar o pisca ao virar um cruzamento. Pra ela era como estar na auto-escola outra vez, mas riu o tempo todo, levando-o a loucura.

Já estavam no Brooklin pelas contas de Alfonso. Foi quando ela parou em frente à um estabelecimento que havia ali. O letreiro luminoso anunciava: "Jhoes Pizza". Anahí desceu do carro, esperando Alfonso do lado de fora. Ele desceu receoso, era novo pra ele estar ali em um bairro tão simples como aquele.

- Anahí, que diabos estamos fazendo aqui? - sussurrou, assim que ela ativou o alarme do carro.

- Nós vamos comer. O Jhoe é meu amigo, e a pizza dele é ótima. Você vai amar a de pepperoni - sorriu se deliciando com a angústia dele. Sem dúvidas vê-lo ali era algo incomum, mas ela o faria ver o lado simples da vida. Era seu mais novo projeto.

- Pensei que mulheres como você pedissem Pizza Hut, ou Dominos em casa enquanto viam um filme água com açúcar - debochou e ela riu.

- Tem muitas coisas sobre mim que não sabe - piscou o olho, abrindo a porta.

- Estou vendo - Alfonso suspirou, sentindo o cheiro de comida adentrar suas narinas.

- ANNIE! - o loiro correu de trás do balcão, e se aproximou, envolvendo-a em um abraço que enciumou Alfonso.

Jhoe tinha cabelos claros, um rosto bonito, olhos azuis tão azuis quanto os de Anahí. Era forte, com músculos saltando pela camiseta cinza mescla que usava. Era jovem, devia ter uns 28 ou 29 anos. Parecia o Jensen Ackles de Supernatural constatou Alfonso, só que em uma versão melhorada. Como se fosse possível.

- Jhoe! - ela lhe sorriu, deixando com que ele a abraçasse - Senti tanto a sua falta - suspirou, contente - Deixa eu te apresentar - se separou, introduzindo Alfonso na conversa - Esse é Alfonso, meu amigo - os dois se cumprimentaram com um aperto de mãos - E esse é Jhoe, o melhor pizzaiolo de Nova York.

Jhoe riu exibindo os dentes brancos e alinhados, o que preocupou ainda mais Alfonso. Sem dúvidas devia considerá-lo uma ameaça. Ele os conduziu até uma mesa do lado de fora, era aconchegante e tinha uma música suave, além do frescor do ar puro. Apesar da excentricidade e do loiro ameaçador, Alfonso estava gostando do ambiente, era algo novo pra ele acostumado a tanto luxo e bajulação.

- Então? O que achou? - ela pediu divertida.

- É diferente - admitiu - Mas está agradável. Escuta, de onde conhece esse tal de Jhoe? - Anahí riu, ele estava com ciúme - Do que está rindo? - arqueou uma sobrancelha.

- Nada - encerrou o riso bebendo um copo de água - Conheci o Jhoe na época da faculdade. Minha irmã Candice tem uma confeitaria no centro de Manhattan, e bem, Jhoe trabalhou lá por algum tempo antes de abrir o negócio dele aqui.

- Já rolou algo entre vocês? - ela sorriu. Ele não conseguia mesmo disfarçar.

- É claro que não - tratou de negar - Jhoe era lance da Dulce. Os dois namoraram por um ano, mas não deu muito certo. Nós somos grandes amigos, gosto muito dele, como um irmão mais velho.

Alfonso bebericou a própria cerveja. Logo a pizza chegou e ele teve que admitir que realmente era uma das melhores que já havia comido na vida, mesmo tendo viajado para Itália e tendo provado a famosa e tradicional pizza de Nápoles.

- E aí - Anahí perguntou enquanto caminhavam pro lado de fora - Foi tão ruim assim?

- Tenho que confessar que foi legal - ela sorriu, satisfeita - Apesar de não ter ido com a cara do seu amigos, até que foi agradável.

- Que bom, porque a noite tá só começando - sorriu, maliciosa. Talvez fosse efeito das cervejas artesanais que ela havia bebido com a pizza.

- O que quer dizer com isso? - Alfonso se aproximou, colando os corpos enquanto a segurava pela cintura. Anahí arrepiou com a proximidade, e então o afastou com a mão no peito. Não cairia na dele tão fácil assim.

- Quero dizer que vamos para outro lugar, aqui perto. Sabe jogar bilhar Herrera? - desafiou.

- Não só sei como costumo ser o melhor - entrou no carro, dando a partida.

- Se fosse você não ficaria tão certo disso, pratiquei muito entra aulas de laboratório e de anatomia - brincou.

- E que tal uma aposta? - disse, a olhando de canto de olho.

- Talvez torne as coisas mais interessantes. Acho que topo. E o que vamos apostar? - sorriu, empolgada com a possibilidade.

- Se ganhar pode escolher o que quiser, mas de eu ganhar, quero te beijar e você não irá se opor.

Anahí ponderou por alguns segundos. Tinha vontade também de beija-lo desde que a noite começou. Aliás desde antes da noite começar, não sairia de jeito nenhum perdendo nessa aposta. Além do que Alfonso parecia blefar e nunca a vira jogar e ela sabia que era realmente boa. Arriscaria.

- Eu topo.

Não demoraram a chegar ao bar. Uma grande mesa de sinuca no centro, além de uma jukebox velha que tocava Led Zeppelin, uma das bandas preferidas de Alfonso, como bom londrino que era.

- E então, pronta? - brincou passeando o giz pela ponta do taco.

- Como nunca estive - ela provocou, se posicionando pra primeira tacada.

Alfonso sorriu achando-a completamente sexy. Conforme mexia, o vestido colado lhe dava uma visão ainda mais ampla dos seios fartos que tinha. Mal podia esperar para beijá-la ao som de Stairway To Heaven.