Quinto

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- Tem certeza que eu devo ir? Bem, seus pais acabaram de chegar, vão querer privacidade - Anahí tentou convencer Maite pela milésima vez de que um almoço, assim, sem planejamento, não era uma boa ideia.

- É claro que é Annie, além disso, falei tanto de você pra minha mãe que ela não aguenta de curiosidade pra te conhecer. Aliás, ela me pediu pra te convocar - sorriu a morena, ajeitando a bolsa sobre o ombro.

- Tudo bem - Anahí cedeu. A amiga não desistiria tão fácil, disso ela tinha certeza.

As duas foram no carro de Anahi, já que Maite pretendia ficar na casa nova dos país para ajudar com a organização, faziam dois dias que Ruth é Armando haviam mudado para Nova York. A ideia era ficar mais perto dos filhos e da meta Chloe, que era o xodó dos dois.

Assim que chegaram, Anahí pode observar a bela fachada da casa. Era enorme! Um pátio grande, com um imenso jardim florido, no centro um chafariz grande, e bancos belíssimos de carvalho. A casa era tons pastéis de marfim com marrom, e uma bonita senhora, vestida elegantemente as esperava em frente à porta principal com um sorriso. Maite caminhou até a mãe, enlaçando-a em um abraço. Ruth afagou-lhe os cabelos e logo voltou a atenção á Anahí.

- Olá querida - a senhora sorriu, abraçando-a - Você deve ser a famosa Anahí, acertei?

Anahí sorriu, um pouco corada.

- Acredito que Maite deve ter falado muito de mim - brincou.

- Não só Maite - Ruth alfinetou. Anahí a olhou confusa, e ela logo tratou de mudar de assunto - Venham, vamos entrar. Logo Alfonso e Chloe devem estar chegando.

- Alfonso? - Anahí sussurrou baixo para Maite.

- Que mal tem nisso? - brincou, sorrindo travessa.

Todo mal do mundo, Anahí pensou.

Ruth logo as conduziu até a sala, onde haviam várias caixas, mas um sofá creme bonito e confortável. Serviu-lhes chá e algumas bruschettas. Armando não demorou a juntar-se a eles. Embasbacado com a beleza de Anahí, não cansou de tecer elogios e brincadeiras a ela, arrancando risos de Ruth e Maite.

Anahí estava gostando de estar ali. Os Herrera sem duvidas eram completamente diferentes da própria família. Os pais até que tentavam ser legais, apesar de ausentes, mas sua relação com a irmã Adella muito difícil. Parecia existir um abismo imenso entre as duas. Ela terminou o chá, deixando a xícara sobre a mesa de centro, girou o pescoço no sentido da porta e pode ver uma Chloe travessa entrar por ela, com maria-chiquinhas presas por laços cor de rosa, é um belo vestido em tom de pérola. Os cabelos escuros realçavam ainda mais as maçãs do rosto avermelhadas, provavelmente pelo esforço que fazia ao andar apressada pelo imenso corredor.

- Vovó! - exclamou, jogando-se sobre Ruth - Eu estava com muita saudade.

- Oh meu anjo, eu também estava - sorriu, beijando-lhe o rosto corado.

- CHLOE - Alfonso entrou segurando os casacos. Anahí sentiu o coração parar e a respiração faltar. Ele usava uma camisa azul marinha justa, ressaltando os músculos, presa dentro da calda social preta - JA DISSE PARA NÃO CORRER ASSIM.

- Deixe-a - Armando se manifestou a favor da neta - É só uma criança Poncho.

- Annie - Chloe saltou para o colo da médica, com tanta rapidez, que por pouco não a levou ao chão. Anahí sorriu com o carinho, arrumando-a confortavelmente sobre as pernas - Você veio pra almoçar com a gente?

- Vim - sorriu - Sua tia e sua vovó me convidaram - explicou - Como se sente? Está melhor da queda?

A menina assentiu, sorrindo um sorriso banguela. Já havia perdido dois dentes da frente.

- Bom, podemos comer? - Alfonso pediu, quebrando a atmosfera harmônica - Tenho uma cirurgia a tarde no Mercy West, não quero atrasar.

Arrogante, pensou Anahí. Como se ela e a Maite não fossem cirurgiãs tão ocupadas e atarefadas quanto ele.

O almoço transcorreu tranquilamente. Todos a trataram com muito carinho. Chloe sentara entre ela e a tia, e vez ou outra encontrava uma forma de chamar-lhe a atenção, seja para contar-lhe sobre a nova escola, ou sobre as bonecas que o pai compraria para a casa nova.

- Ei - Alfonso esbarrou nela, que saía do banheiro enxugando as mãos em um papel toalha. Anahí respirou fundo, não deixaria-o tirá-la do sério. Não a aquela hora da tarde - Não olha por onde anda? - ele completou.

- Você é sempre assim? - Anahí pediu, com a sobrancelha levantada.

- Assim como?

- Grosseiro e temperamental - ela cuspiu. Ele a olhou ofendido, mas ela prosseguiu - Sabe, não precisa agir com essa arrogância. Todos sabemos que você é uma excelente médico, um bom e preocupado pai. Devia se ater a outras coisas ao invés de querer provar ser superior a cada vez que nos encontramos.

Alfonso ponderou o que falaria. Queria dizer que a única temperamental ali era ela, mas isso só a irritaria mais, e não estava em seus planos afasta-lá.

- É muita audácia sua pensar que eu queira provar algo para você. Não tenho que provar nada a ninguém.

- Concordo - Anahí deu de ombros, com desinteresse - Agora se me der licença - já ia se retirando quando ele puxou-a pela mão, os dois perto a cortina de seda que havia na janela do corredor - O que está fazendo? - olhou a mão dele, que segurava seu punho.

- Ninguém nunca falou comigo dessa forma - ele confessou. Ela o olhou atônita.

- Desculpe-me alteza - disse irônica entre dentes - Mas você mereceu. Praticamente implorou por isso.

Alfonso riu, e ela o achou ainda mais arrogante, como se fosse possível. Só faltava chamá-la de tola.

- Você é linda Anahí - suspirou, curvando os olhos verdes sobre os azuis dela. Anahí soltou o ar pelas narinas, nervosa.

- E você é um idiota - resmungou afetada - Me solta. Vou me atrasar!

- Solto - passou o nariz pelo pescoço dela - Anahí estava imóvel, não conseguia raciocinar direito. O paciente estava morrendo em suas mãos. O paciente era sua própria racionalidade - Mas só depois...

- Depois do que - sussurrou, inebriada pelo perfume. Os pelos do corpo todo arrepiados.

- Só depois que me disser que não quer sentir seus lábios sobre os meus tanto quando eu quero - sussurrou, colando os lábios aos dela.

Sob a pele do lobo Onde histórias criam vida. Descubra agora