Décimo Quarto

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Anahí saiu exausta da sala de cirurgia. Como médica sabia dos risco que havia nas mãos sempre que tocava em um bisturi. Tom era um pequeno menino de somente sete anos, dois a mais que sua quase enteada Chloe. Tinham dois anos que ela é Christian haviam descoberto um tumor ósseo no garoto, e desde então, Tom já havia passado por mais de 15 cirurgias. Anahí sequer se deu conta quando o monitor cardíaco apitou sonorizando a perda do menino. Ela ainda o massageava sem pausa, sem descanso, tentando inutilmente trazê-lo de volta à vida.

- Annie, já chega - Christian disse baixo enquanto se afastava da mesa de cirurgia, tentando fazê-la parar. Anahí sequer o ouviu - Anahí eu já disse que chega - repetiu, vendo-a prosseguir com a ressuscitação - Doutora Portilla - segurou as mãos dela que o encarou - Já chega. Não há mais nada que possamos fazer.

Anahí suspirou frustrada. Sabia bem separar a vida pessoal da profissional, mas algo naquele menino não a deixava fazer essa distinção.

- Hora do óbito, 14:22 - Christian anunciou - Eu falo com a família - a tranquilizou.

Anahí mau ouviu o que Christian tinha a dizer. Saiu apressada porta a fora do bloco cirúrgico, jogando a touca antes sobre os cabelos em um canto qualquer e caminhou até o vestiário, onde a vinte minutos chorava sem parar. Que diabos estava acontecendo?

- Está tudo bem? - Maite abaixou, ficando na altura dela - Christian disse que você estava se sentindo mal.

- Perdemos um paciente - secou as lágrimas com as costas das mãos - Um paciente que tratávamos a mais de dois anos, enfim, fiquei muito comovida com isso.

- Talvez você devesse ir pra casa, sair um pouco daqui, de repente conversar com Dulce possa te fazer bem - sugeriu.

- Está tudo bem Mai - forçou um sorriso, tirando a própria roupa - Tenho muitas crianças resfriadas e com escoriações me esperando no pronto socorro.

- Annie, tem certeza de que você está bem? Tem dias que está estranha, chorando pelos cantos, com mal estar - disse preocupada - Será que não seria interessante você tirar uma licença? Se for algo que Alfonso tenha feito, sou capaz de acabar com ele - séria.

- Não tem nada a ver com o Poncho - sentou novamente, tirando as sapatilhas - Quer dizer, tem, indiretamente.

- O que houve?

- Eu estou confusa Maite. Não sei se foi uma boa ideia aceitar esse casamento assim tão rápido. Alfonso é tudo o que eu mãos queria em um homem, mas ao mesmo tempo não sei se estou preparada para essa vida, e além do mais, bem - suspirou, mordendo o lábio direito - Eu acho que bem, eu desconfio que estou grávida.

- VOCÊ O QUE - Maite quase berrou - Quer dizer, como assim Annie? Vocês não se cuidaram?

- Algumas vezes sim, outras não - lamentou.

- Annie isso é incrível - Maite a abraçou animada - Será que vou ter mais um sobrinho? Poncho vai surtar quando souber! Ele fala o tempo todo em ter mais um filho.

- Mai, não conta nada pra ele tá legal? Quero ter certeza primeiro, me acostumar com a ideia e aí sim eu mesma conto - pediu.

- Claro - a cunhada sorriu - Jamais estragaria esse momento - Vamos logo comer algo, quero cuidar desde já do meu sobrinho ou sobrinha.

Anahí riu, só Maite mesmo para deixá-la Maia animada com a ideia de ter um filho.

Alfonso foi buscá-la no trabalho. Anahí bocejava exausta, já eram quase sete da noite e ela trabalhara o dia todo sem parar.

- Se quiser podemos deixar o jantar para outro dia - ele acariciou a perna dela com carinho encima da meia calça fina.

- Você não se importaria? - pediu com cara cansada.

- Jamais meu amor - beijou-lhe a face - Só quero mesmo ficar com você.

Anahí sorriu, selando os lábios com os dele. Chegaram em casa e Chloe já dormia, então Anahí subiu para o quarto dele, enquanto ele preparava algo para ela comer. Entrou na banheira tentando relaxar, não demorou para que Poncho chegasse ao quarto com uma bandeja nas mãos e ela o chamasse pra se juntar a ela.

Agora os dois tomavam um banho juntos, ele massageando as costas dela, que tinha a cabeça apoiada no peito dele. Estava deliciada com a massagem.

- Maite me disse que você não estava muito bem hoje, aconteceu algo?

Maldita linguaruda, Anahí pensou.

- Nada demais, perdi um paciente importante, e mexeu um pouco comigo - explicou - É inevitável pensar em como seria se fosse comigo. Se fosse meu filho, me colocar no lugar daqueles pais, lutando a dois anos pela cura do filho sabe, não sei se poderia sobreviver a isso - suspirou.

- Quando tivermos nossos filhos - sussurrou no ouvido dela - Prometo que faremos o possível para que cresçam saudáveis e lindos, assim como você - mordiscou a orelha dela que sorriu.

Anahí ponderou se aquele era um bom momento. Estava tão nervosa e inquieta com aquilo que não conseguiria manter o silêncio por muito tempo mesmo, então se virou sentando no colo dele, dentro da água.

- Poncho - mordeu o lábio inferior E se - suspirou - E se esses filhos viessem um pouco antes do planejado?

- Como assim? - franziu o cenho e ela rolou os olhos. Homens!

- Eu digo, e se eu já estivesse esperando um bebê, agora por exemplo, sem estarmos casados, com Chloe tão pequena. O que acharia disso?

Alfonso sorriu travesso, como se conseguisse decifrar o que ela queria dizer.

- Seria a melhor notícia que poderia me dar - beijou o ombro desnudo dela - Eu quero ter mais filhos desde que Chloe nasceu. Sempre quis ter três, quatro. Não havia encontrado ninguém a ponto de me despertar isso, mas com você, quero ter nove, dez se possível. Mesmo não sendo a melhor hora, caso você estivesse esperando um bebê, eu seria sem dúvidas o homem mais feliz e realizado do mundo, pois eu te amo Anahi, e sei que nós dois iremos amar nossos filhos mais do que qualquer outra coisa no mundo.

Anahí começou a chorar como um bebê, deitando a cabeça no vão do pescoço dele. Deu uma fungada leve enquanto Alfonso deslizava a mão pelas costas dela, tentando acalma-lá.

- Porque desse assunto agora? Não me diga que - ela o interrompeu.

- Sim Poncho - colou a testa na dele - Eu acho que estou esperando um bebê.

Sob a pele do lobo Onde histórias criam vida. Descubra agora