Oitavo

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- E agora o grande final - Anahí se posicionou, só faltava a bola oito que estava bem direcionada. Derrotaria Alfonso em dois tempos.

- Você está confiante demais - riu, dando um gole na cerveja enquanto segurava o taco na outra mão. Anahí fuzilou-o com os olhos.

- Quieto, preciso de concentração.

E por incrível que pareça ela errou. O taco pegou de mal jeito e a bola branca acabou sendo encaçapada. Alfonso não deixou de zombar dela, deixando claro o quanto estava satisfeito com o acontecido. Não foi difícil pra ele encaçapar a bola final e vencer o jogo, Anahí não escondia sua cara de descontentamento. Escorou-se na mesa de bilhar, esticando o braço até a cerveja dele e dando um gole, no bico mesmo.

A essa altura já estavam super a vontade, eram eles dois e mais outras cinco pessoas só ali. Anahí já havia tirado os sapatos ficando descalça e Alfonso tinha os dois botões superiores da camisa abertos. Ele se aproximou de Anahí, prensando-a entre ele e a mesa. Ela suspirou, completamente arrepiada com o contato. Alfonso deu um sorriso de satisfação.

- O que pensa que está fazendo? - pediu acida, cruzando os olhos com os dele, que riu divertido.

- Cobrando meu prêmio - sussurrou perto dela - Vai dizer que não costuma pagar suas apostas Doutora? - brincou atrevido, e ela o olhou ainda mais fixamente, abandonando angariava de cerveja em qualquer canto ali.

- Eu sempre cumpro minha palavra Doutor - ela sussurrou.

E então ela enlaçou o pescoço dele com os braços e selou seus lábios. Alfonso se surpreendeu com a audácia, mas tratou logo de segurar sua cintura e aprofundar o beijo. Anahí deu espaço a língua dele, enquanto acariciava sua nuca com as unhas. Ele colou ainda mais os corpos, colocando-a sentada na borda da mesa, apertando ainda mais sua cintura e descendo uma das mãos pela coxa descoberta pela fenda do vestido.

Os dois estavam completamente alheios ao que acontecia. Anahí tinha uma mão no peito dele, descoberto pela camisa levemente aberta, e a outra em seus cabelos, bagunçando-os. Alfonso continuava a beija-lá com luxúria, podia jurar que aquele era o melhor beijo que já será na vida. O gosto dos lábios dela era único, eram macios e completamente atrativos. Rezava pra que ela não o dispensasse depois disso, pois não sabia se conseguiria se acostumar sem eles outra vez.

Anahí sentia a confusão de álcool com aquele maravilhoso perfume. Mal podia acreditar que se atrevera a puxa-lo para um beijo daquele jeito, mais fora tão bom que a audácia valera a pena. Alfonso tinha mãos fortes e firmes, além de um beijo de tirar o fôlego. Era másculo e intenso o que a fazia ter pensamentos pecaminosos. Não fosse as pessoas ao redor, seria capaz de se deixar levar e transar com ele ali naquela mesa mesmo. Mas voltou a realidade quando o ar faltou, e encerraram o beijo com alguns selinhos.

Alfonso continuou próximo dela, descendo alguns beijos para o pescoço, o que a fez arrepiar.

- Chega chega - ela empurrou-o devagar com a mão no peito, descendo da mesa - Acho que foi um prêmio e tanto. Já está de bom tamanho.

Ele riu, levando as mãos ao bolso. Parece que precisaria de mais pra conseguir tê-la por inteiro, mas não importava, depois desse beijo ele faria o que ela quisesse.

- Eu achei pouco - brincou, sorrindo - Acho que poderia rolar mais um pra compensar - apontou os próprios lábios.

Ela riu, calçando os sapatos e apanhando a bolsa.

- Já chega - acertou-o de leve com a bola - Vamos pra casa, já está tarde.

Os dois pagaram a conta e voltaram para o carro de Alfonso. A música era animada e ele não sabia como se comportar. Parecia um adolescente que acabara de dar o primeiro beijo em uma garota bonita. Na verdade ele não sabia como se comportar com Anahí, tudo nela era muito intenso, seja a rejeição ou a atração. Deslizou a mão pela coxa dela devagar, fazendo um carinho sem malícia ali. Pra surpresa dele ela pareceu gostar e até se permitiu a colocar a própria mão, cobrindo a dele e a acariciando.

Foram o caminho todo em silêncio, até chegar à frente do prédio dela. Anahí então tirou o cinto, e ele abriu a porta pra ela. Os dois ficaram escorados na Mercedes por alguns minutos sem saber direito o que fazer, aquilo era muito novo pra ambos.

- Gostei muito da nossa noite - Alfonso disso, finalmente quebrando o silêncio - Obrigada.

Anahí sorriu, ficando em frente à ele.

- Que bom poder te mostrar que dá pra se divertir com simplicidade - alfinetou - Mas tenho que confessar que também adorei a noite. Obrigada pela disponibilidade e por estar aberto a viver algo novo.

Alfonso queria dizer que desde que fosse com ela não se importava de conhecer algo novo todos os dias, mas era cedo demais pra isso, sem dúvidas. Limitou a colocar uma mecha de cabelo dela que caía no rosto atrás do cabelo.

- Vamos nos ver outra vez? - perguntou direto, e ela o olhou, mordendo o lábio inferior.

- Bem, talvez nos vejamos no sábado. Vou buscar Maite e Chloe na sua casa.

- Chloe também? Não estava sabendo disso - disse, curioso.

- É, digamos que seja um passeio secreto - murmurou, rindo baixinho. Ele arqueou a sobrancelha, desconfiado - Tudo bem, você vai saber de qualquer forma mesmo. Vamos ao planetário, vai ter uma exibição no sábado à tarde e como Chloe me contou que gosta do espaço, pensei que seria uma ideia legal irmos até lá.

Alfonso sorriu. Anahí estava empenhada em agradar Chloe e aquilo o satisfez imensamente, imaginar as duas mais próximas o deixava imensamente animado.

- Tive uma ideia ainda melhor - ele sorriu.

- Que ideia?

- Eu vou estar livre no sábado. Vou ao planetário com vocês. Sem dúvida Chloe irá adorar o passeio, e não poderia perder esse momento.

- Você? Ir conosco?

- E porque não? - riu - Vai ser uma ótima oportunidade de passar mais tempo com Chloe, é claro - sussurrou ao ouvido dela - com você. E Maite, óbvio.

- Acho que podemos aceitar um intruso na nossa excursão - riu, brincando - Agora é sério, tenho que ir - bocejou - Ainda está tarde e amanhã tenho uma cirurgia que me ocupará por boa parte do dia.

- Vou deixá-la ir porque se trata de uma boa causa - segurou sua mão ao vê-la se afastar - Adorei a noite - sorriu, sentindo-a soltar os dedos.

- Eu também - acenou sorrindo, enquanto entrava no prédio.

Alfonso ficou mais alguns minutos escorado no carro. Suspirou com um sorriso bobo nos lábios. Estava acontecendo outra vez o inimaginável e agora era tarde. Ele já estava perdidamente apaixonado.

Sob a pele do lobo Onde histórias criam vida. Descubra agora