Três

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Um ano depois...

- Alô? - Anahí atendia o telefone sentada na sua cadeira. Logo voltaria do intervalo e não costumava atrasar.

- Alô Annie? Graças a Deus você atendeu - a morena falava desesperada - Annie, sou eu, Maite. Minha sobrinha acabou de cair no brinquedo mais alto do parque, estamos indo para o hospital. Ela está desacordada - revezava a fala com o choro.

- Mai, eu estou lindo pra frente do hospital recebê-los - levantou rapidamente, vestindo o jaleco - Você fez a triagem de trauma? Como estão os batimentos?

- Normais, já liguei para o meu irmão, ele está indo nos encontrar aí.

- Tudo bem, tente manter a calma sim? Vai ficar tudo bem.

Não demorou até que a ambulância chegasse ao hospital. As portas de abriram e por elas saiu uma Maite completamente culpada e nervosa. Christian e eu já os esperávamos.

- O que temos? - Christian pediu.

- Chloe Herrera, cinco anos de idade, queda de brinquedo com altura superior a dois metros. Escoriações, batimentos normais, impossível consultar reflexos, paciente desacordada desde a queda. Temperatura corporal normal e oxigenação também.

- Tudo bem, vá indo Chris, já os alcanço.

Assim ele o fez, deixando-nos a sós.

- Mai, você tem que se acalmar! Vai dar tudo certo - segurei seus ombros tentando lhe passar confiança.

- Annie, por favor - chorou - Não deixe que nada de mal aconteça com a minha sobrinha. Meu irmão nunca me perdoaria. Ela estava aos meus cuidados. Foi um minuto de descuido! Um minuto Annie - lamentou.

- Crianças são assim mesmo Mai - lhe abracei, com carinho - Vou pedir que a Dulce venha te fazer companhia está bem? Devem estar precisando de mim lá dentro.

Anahí foi até a sala de trauma com Christian. A demora deixava Maite cada vez mais e mais aflita.

- Mai, você tem que se acalmar - Dulce lhe pediu pela milésima vez.

- Não dá - ela suspirou, aflita - Você não conhece o meu irmão. Chloe é tudo o que ele tem na vida, ele é capaz de matar por ela. Ele nunca vai me perdoar de algo ruim acontecer.

- Mesmo assim, a culpa não foi sua. Não foi algo que pudesse ser evitado. Essas coisas acontecem e ele vai ter que aceitar que você não é a culpada. Então pare de dizer essas coisas sim?

Logo um moreno alto, vestindo um terno de marca cara, Dulce deduziu, adentrou o corredor aos berros. Ele se parecia tanto com Maite que Dulce não teve dúvida alguma de quem se tratava. Após falar com uma enfermeira no corredor, ele se aproximou das duas.

- Ah aí está você - gritou acusador com Maite -!Cadê a minha filha Maite? Cadê a Chloe?

Diante do silêncio da amiga tamanho nervosismo, Dulce resolveu falar.

- Boa tarde senhor Herrera, sua filha Chloe está sendo examinada pela Dra.Portilla e o Dr.Chavez, sem duvidas não poderia estar em melhores mãos. Tenho certeza de que logo os dois virão nos dar notícias. Quer que eu lhe busque um copo de água? - disse, solicita. Ele pareceu ignora-lá e prosseguiu.

- Você é uma irresponsável - disparou contra Maite, que já se encolhia no banco de tanto chorar - Eu deixo Chloe uma tarde com você e olha aonde viemos parar. Num hospital- gritou.

Dulce entreveio outra vez.

- Senhor, eu vou pedir que mantenha sua compostura. Estamos em um ambiente hospitalar, caso contrário serei obrigada a chamar a segurança - ameaçou.

- E quem você pensa que é? - ele gritou com Dulce, até ser interrompido pela bela mulher de cabelos castanhos presos num rabo de cavalo e os olhos mais azuis possíveis.

- Ela é Dulce Maria, chefe do setor de Psicologia, e eu sou a Doutora Anahí Portilla, médica da sua filha. Será que podemos nos acalmar e conversar de maneira educada senhor Herrera?

Alfonso estava fascinado. Ninguém abrem em toda sua vida ousada falar com ele daquela forma. Ao invés de se enfurecer com ela por colocá-lo em seu devido lugar, ele estava atraído por aquilo. Tratou de espantar os pensamentos.

- Cadê Chloe? Quero ver minha filha!

- Sua filha está bem. Estabilizada! Ela acordou, testamos seus reflexos, já realizamos tomografia e demais exames e está tudo bem - sorriu, e ele a achou ainda mais linda, como se fosse possível. Estava aliviado com a notícia - Como houve uma concursão vamos por precaução mantê-la em observação por 24 horas. O Dr. Chávez já está retornando com ela da tomografia, creio que em pouco tempo poderão vê-la.

- Obrigada doutora - ele disse, estático - segurando suas mãos entre as dele. Anahí não havia lhe observado direito, tamanho era a adrenalina de tentar salvar a sobrinha da amiga, mas era um belo e atraente homem.

- Eu apenas fiz eu trabalho Senhor Herrera - tirou as mãos das dela e caminhou até Maite.

- Obrigada, obrigada Annie - Maite chorou, abraçada a ela - Não sabe o quanto eu estou aliviada com isso. Nunca me perdoaria se algo ruim acontecesse com a minha sobrinha.

- Eu sei Mai - Anahí a abraçou - E sei também que não foi sua intenção então não precisa ficar nervosa assim.

- Toma Mai - Dulce lhe ofereceu um copo de água e ela prontamente o bebeu.

- Vou até lá ver se Christian já retornou e aí os deixo vê-la, tudo bem? - sussurrou, vendo Alfonso ao telefone falando com a mãe. Maite assentiu - Porque ele te tratou assim Mai? - pediu, não contendo a curiosidade.

- Chloe é a única coisa que ele tem Annie. Sua única família - suspirou, já mais calma - Desde que Serena morreu, ele ficou assim, frio, grosseiro, de mal com a vida. Mas é o jeito dele, já nos acostumamos com isso.

- Bem, eu vou até lá - disse - Logo volto com notícias.

Sob a pele do lobo Onde histórias criam vida. Descubra agora