Sob a pele do lobo

Vigésimo Sétimo

Anahí foi até o alojamento, enquanto Alfonso ajudava um amigo com a mudança. Caminhou pelo corredor sorrindo, enfim a felicidade estava de volta a sua vida. Anahí se questionou muito sobre dar aquele passo outra vez com Alfonso, mas não era capaz de mandar no próprio coração. Ela o amava profunda e intensamente e definitivamente na via uma vida futura que não fosse a seu lado.

Girou a maçaneta adentrando seu quarto e assim que bateu os olhos sobre a cama, a imensa caixa negra da Burberry parecia reluzir sobre os lençóis brancos. Tinha um belo e delicado laço em tom nude. Anahí abriu a caixa rapidamente, ansiosa pelo conteúdo e de lá encontrou um envelope rosé, além de um lindo vestido longo em tom marsala com um decote intenso nas costas, é um pouco mais recatado na frente, havia uma fenda discreta na perna esquerda e era do tamanho dela. Caíria como uma luva.

Olhou encantada pela peça, amava grifes caras mas sempre tinha receio em gastar com elas e aquele vestido devia custar milhares de libras. Colocou-o de lado, passeando os olhos pelo bilhete.

Para uma linda dama, um lindo vestido. Me acompanha no jantar? Hoje será ao meu estilo.

A letra era inconfundível, Alfonso estava fazendo de tudo para reconquistá-la mesmo. Suspirou apaixonada e foi se preparar para a noite, não sem antes agradecer a Alfonso pelo vestido e dizer que era mais do que óbvio que ela iria ao seu encontro. Ele afirmou que uma limusine viria buscá-la às oito, então Anahí tratou de aprontar-se.

Passava das oito quando ela se olhou no espelho pela última vez. O vestido era de caimento perfeito, demarcava sua cintura, deixando-a terrivelmente sexy. A maquiagem escura nos olhos ajudavam a reforçar isso, bem como os cabelos soltos em cascatas pelas costas. Até ela chegou a surpreender-se com o resultado, estava simplesmente linda.

A limusine a esperava e o chofer fora completamente educado e gentil, a conduziu pelas ruas de londres até chegar ao Alain Ducasse no The Dorchester. Anahí estava extasiada, aquele era simplesmente o restaurante mais incrível que já vira. Eram lustres e pedrarias espalhadas por todos os lados, mármore travertino no chão e nas escadas. O restaurante era francês e  dirigido pelo chef Jean-Philippe Blondet, reconhecido mundialmente por suas estrelas michelin.

Alfonso a esperava na porta do restaurante, elegantemente vestido com um smoking preto. Anahí sorriu assim que o braço dele apossou-se de sua cintura inalando o perfume dela em seu pescoço.

- Estou até assustada com os rumos essa noite - Anahí riu, segundo com ele pelo corredor até a mesa que Alfonso havia reservado.

- Certa vez você me levou para conhecer uma vida mais humilde, hoje quero te trazer para uma vida mais glamurosa. Possa garantir que ambas são prazeirosas.

- Estando com você, não tenho dúvida de que realmente sejam - selou os lábios com os dele antes de sentar na cadeira que ele lhe oferecia.

O maître logo chegou com a carta de vinhos e Alfonso não titubeou em escolher uma Goût de Diamants.

- Tem certeza que não está exagerando? - Anahí pediu um pouco espantada com o preço.

- Você vale cada centavo meu amor - acariciou a mão dela sobre a mesa, beijando-lhe o dorso.

O jantar fora incrível, para Anahí havia sido o melhor pato que havia comido na vida. Os dois degustavam a champanhe quando a música começou a soar, e as luzes caíram, num convite para uma dança. Alfonso a olhou admirando os casais deslizando pela pista, e então resolveu que aquele era o momento ideal.

- Quer dançar?

- Quem eu?  - pediu, dando o último gole na taça rindo - Estou bem aqui - negou, sabendo o quanto ele era tímido quando o assunto era dançar em público.

- Vamos? - insistiu, levantando e estendendo a mão a ela que decidiu aceitar.

- Sua timidez foi embora? - arqueou a sobrancelha divertida.

- Tudo pelo bem da noite mais inesquecível da sua vida - piscou convencido, e ela riu.

Os dois deslizaram sobre o salão ao som de uma música lenta que Anahí não sobre precisar. Estava tão inebriada com o perfume de Alfonso, com a proximidade, que foi inevitável não se perder naquela dança. Ela tinha os olhos fechados e a cabeça repousava sobre o ombro dele enquanto os corpos se moviam em perfeita sincronia. Apesar da timidez, Alfonso dançava muito bem para um homem da idade dele.

A música logo acabou, e Anahí abriu os olhos percebendo que toda a atenção do local estava neles, inclusive as luzes da pista, que se acenderam sobre eles após Alfonso sinalizar algo ao sonoplasta no andar superior. Era Tom, amigo de Alfonso. Tola fora ela em acreditar que ele o estaria ajudando com a mudança, os dois estavam era planejando tudo.

- O que está acontecendo? - ela sussurrou baixo, envergonhada.

- Acho que isso pertence a você - ele se ajoelhou estendendo a ela o Tiffanny's que havia lhe dado quando a pediu em casamento pela primeira vez.

- Alfonso levanta já daí - ralhou com ele, visivelmente emocionada.

- Da primeira vez eu fiz tudo simples e acho que deu azar, dessa vez quero fazer como manda o figurino - se manteve ajoelhado, estendendo a aliança em uma das mãos enquanto a outra segurava a mão direita dela - Anahí, não há nada que eu queira mais em toda a minha vida do que estar com você, do que construir uma vida com você. Você e eu sabemos de todos os desafios que enfrentamos, todas as dores e problemas pelos quais passamos e nada disso conseguiu mudar o que sinto por você. Você é tudo que preciso, você leva vida aos meus dias, você é minha dose diária de felicidade e por isso eu te peço pela segunda e eterna vez, quer se casar comigo?

Anahí já sentia as lágrimas rolarem pelo rosto, a essa altura a maquiagem já devia estar foda borrada. Alfonso era um filho da mãe desgraçado por fazê-la passar por isso diante de tanta gente, sentía-se patética sem saber como agir. As pessoas ao seu redor a olhavam apreensivas, ansiando por uma resposta.

- Então, aceita logo - alguém gritou, arrancando risos gerais.

- É claro que eu aceito - o sorriso dele aumentou - Como pode pensar que eu diria não? Meu coração é seu Poncho, não tenho como negar isso, nem que eu quisesse.

E então ele colocou o anel no anelar dela e levantou, passou a mão pelo rosto dela, adentrando-lhe os cabelos e a beijou, a beijou tão intensamente que as palmas e assobios foram intensos por parte do "público". Assim que os dois se separaram, a música tornou a tocar e a dança recomeçou. Os dois andavam abraçados até a mesa.

- Como conseguiu meu anel? - pediu, de sobrancelha arqueada.

- Eu tenho meus cúmplices.....

- Ian - Anahi sussurrou - Só podia ser.

- Era o mínimo que ele podia fazer depois de beijar a minha garota - Poncho brincou deixando-a constrangida.

- Amor...

- Esquece isso - beijou-a outra vez - Não vamos estragar a noite. Quero aproveitar ao máximo o tempo que ainda temos juntos antes de eu ter que voltar para casa.