Trigésimo Primeiro

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Candice realmente estava certa! Anahí esperava duas pequenas princesas. Chloe e Alfonso fizeram a festa, compraram sorvetes e muita calda de caramelo para mimar Anahí. Estavam vendo filmes na sala a tarde toda de sábado. Anahí entre as pernas de Alfonso que acariciava sua barriga, enquanto Chloe tinha a cabeça deitada sobre as pernas dela que lhe acariciava os cabelos. Não demorou até que a menina pegasse no sono, então o pai a levou pra cama, voltando a fazer companhia para a noiva.

Anahí sorriu vendo-o se aproximar. Alfonso estava tão carinhoso com ela nos últimos dias que não podia se sentir mais amada.

- Como estão as minhas princesas? - pediu, voltando a acariciar a barriga dela.

- Acho que estão dormindo papai - sorriu, quando ele beijou-lhe a face - Precisamos escolher os nomes dessas bonequinhas.

- Não sou muito bom com isso - coçou a nuca e ela riu.

- Então, Candice teve um sonho, e nesse sonho as meninas se chamavam Luiza e Helena - mordeu os lábios - Confesso que gostei da sugestão e acho que ela ficaria lisonjeada.

- Concordo com você meu amor, nossa Lulu e nossa Lele nasceram lindas como a mãe e cheias de saúde - beijou-lhe os lábios.

- Não ficaria chateada se elas tivessem assim esses seus olhos lindos...

- Mas de maneira alguma - ele negou - Não abro mão desses olhos azuis pelos quais me apaixonei. Tenho certeza que serão iguaizinhas a você - ela riu.

Os dois ficaram ali namorando por um bom tempo, até que Anahí acabou caindo no sono e Alfonso aproveitou para trabalhar um pouco no escritório. Estava finalizando um laudo quando o telefone de casa tocou. Então correu para atendê-lo, afim de não acordar Anahí.

- Alô?

- Alô Alfonso, aqui é o Henrique, pai da Annie - identificou-se, a voz do sogro soou nervosa aos ouvidos dele.

- Oi Henrique - respondeu apreensivo - Aconteceu algo?

- Alfonso a Marichello - suspirou - Ela acabou de sofrer uma parada cardíaca em casa. Nós estamos no hospital. Os paramédicos a resgataram e ela está na CTI - chorou - Eu estou muito preocupado Alfonso, mas não quero deixar a Annie nervosa, ainda mais grávida.

- Ela está bem Henrique? - pediu preocupado - Vocês já tiveram notícias dela?

- Ainda não, estou aguardando o médico. Candice está a caminho, por favor, cuide de Anahí, não a deixe ficar nervosa - implorou.

- Tudo bem Henrique, fique calmo sim? Eu vou explicar a Annie, e se ela quiser eu a levo até aí. Me mantenha informado certo?

- Certo, qualquer novidade eu ligo.

Alfonso preferiu esperar Anahí acordar. Andou de um lado para o outro preocupado sobre como contaria a ela sobre a mãe. Sabia que Anahí e Marichello eram completamente grudadas e sabia que Anahí tinha verdadeira adoração pela mãe.

Algum tempo depois a viu se espreguiçar, abrindo os olhos. Assim que o viu ela sorriu carinhosa, e ele beijou sua testa. Anahí pode ver a expressão preocupada dele, e estranho o cenho franzido.

- O que houve? - levantou sentando no sofá. Alfonso se manteve em silêncio - Você está me assustando Poncho. O que aconteceu? Porque está me olhando assim?

- Annie, preciso te dar uma notícia, mas preciso que fique calma sim?

- Alguém morreu? - pediu já desesperada - Fala logo Poncho, o que aconteceu?

- Amor, a sua mãe - suspirou - A sua mãe ela sofreu uma parada cardíaca. Seu pai chamou os paramédicos e ela já está no hospital. E ei - secou a lágrima dela que escorria pelo olho - Meu amor, vai ficar tudo bem, shiiiii - a abraçou - Eu estou aqui tudo vai ficar bem!

- Me leva pra ver ela? Me leva até lá por favor Poncho? Minha mãe é uma das pessoas que mais amo no mundo, como isso pode acontecer com ela? - se entregou outra vez ao choro.

- Essas coisas são comuns Annie, a gente como médico sabe que isso acontece muito, e também sabemos que pode não ser nada de grave e nem deixar sequelas, sem dúvidas sua mãe está em boas mãos e irmos torcer para que tudo volte a ficar bem sim? Vamos, vou ligar para minha mãe ficar com Chloe e levo você até lá, sei que assim seu coração ficará mais tranquilo.

Anahí não disse mais nenhuma palavra. Até mesmo quando Ruth a abraçou desejado força e boas energias, nem mesmo assim ela conseguiu reagir. Estava desolada pela mãe. Sem dúvidas Marichello não merecia isso. Era uma mulher incrível, amorosa, carinhosa. Não aceitava que algo de ruim acontecesse com ela.

- Pai! - ela correu pelo corredor do hospital. O pai a recebeu de braços abertos, ambos chorando desolados - Pai, como a minha mae está?

- Nós não sabemos muito ainda meu amor - explicou - Parece que estão a medicando, ela está sedada, vai ficar assim por algumas horas enquanto os médicos fazem alguns exames.

- Eu quero vê-la! Eu quero pai - quase gritou.

- Calma Annie - Candice que estava ali tão desolada quanto ela a abraçou - Você não pode ficar assim nesse estado. Vai dar tudo certo irmã, logo nossa mãe vai estar bem outra vez.

- Não é bom para ela ver Marichello nessa situação - Henrique sussurrou para Alfonso, enxugando as próprias lágrimas - Eu mesmo me impressionei.

- Vou levá-la lá fora para tomar um ar!

Alfonso custou a convencer Anahí a sair um pouco com ele para fora do hospital, e fora ainda mais difícil convencê-la a comer algo. Queria ver a mãe a qualquer custo. A notícia era de que diminuiriam os sedativos para ver a reação de Marichello, e poderem averiguar os possíveis danos. A princípio não havia nada de alteração significativa nos exames, os médicos torciam para que não tivesse a fala, a visão nem a audição comprometidas também já que fora uma parada longa com reanimação.

Anahí concordou em comer o sanduíche que Alfonso lhe oferecia após muita chantagem com a condição de que ele a deixasse ver a mãe.

- Annie, não acho que seja uma boa ideia. Aliás você já está fragilizada o suficiente e - ela o interrompeu.

- Eu cansei de ver pessoas entubadas, eu sei exatamente o que esperar Poncho. É minha mãe, eu quero vê-la droga - brigou com ele que suspirou cedendo.

- Tudo bem, mas saiba que se você se alterar ou se descontrolar eu vou tirá-la para fora e iremos para casa. Não esqueça que você tem dois bebês dentro de você que passam exatamente por todas as emoções que você passa - sinalizou a barriga dela.

- Prometo que tentarei me controlar - suspirou.

Os dois caminharam pelo corredor da CTI devagar, assim que visualizou a mãe pelo imenso vidro, chego de canos e tubos, Anahí desabou no choro, se agarrou a camisa de Alfonso chorando sem parar. Ela já havia visto milhares de pessoas naquela situação, mas ver alguém que se ama realmente era desolador.

Alfonso saiu arrastando-a dali mesmo contra a vontade dela.

- Eu te avisei Anahí - brigou com ela indo até o carro - Nos vamos para casa, você vai tomar um banho, tomar um calmante e descansar.

- Eu não vou conseguir dormir com a minha mãe nesse estado Poncho - suspirou, os olhos inchados de tanto chorar.

- Não importa. Nós vamos mesmo assim.

E sem dar tempo para respostas ele arrancou com o carro. Anahí se questionava que lição tão dura era essa que Deus queria lhe dar. Primeiro lhe levara a filha que esperava, agora a mãe que tanto amava estava em um estado crítico. Parecia que em todas as vezes que a felicidade despontava em sua vida algo terrível acontecia. Suspirou assim que entrou em casa inalando o perfume da mãe. Chorou por mais incontáveis minutos no banho, enquanto Alfonso massageava seus cabelos com xampu e a consolava. Depois ele a ajudou a vestir um pijama quente e lhe deu um remédio para dormir. Não demorou até que ela caísse no sono.

E decidiu descer para pegar um copo de água e para sua surpresa encontrou Adella na cozinha. Ela vestia uma camisola curta sentada na bancada enquanto comia uma fatia de pizza. Alfonso tentou voltar para o quarto antes que ela o visse mas já era tarde demais.

- Alfonso? Porque não vem comer, tem o bastante para dois.

Sob a pele do lobo Onde histórias criam vida. Descubra agora