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A garota não jantou, não quis comer absolutamente nada, e nem se quer dormiu. Ela ficou a madrugada inteira observando o quarto, tentando encontrar formas para sair dali, vendo o reflexo de pessoas paradas em frente a sua porta, trocando o turno de vigilância. Ela também observou a fragilidade de Catarina, ela parecia boa demais para compactuar com tudo aquilo, era como se não se encaixasse a realidade em que vivia, ou apenas era sonsa e dissimulada, e precisava se aproveitar desse fato urgentemente para conseguir escapar.

Catarina que costumava acordar cedo para fazer exercícios físicos, estava terminando o treino quando viu Phelipe adentrar em sua academia particular. Ele estava sem camisa, e com o peitoral musculoso totalmente exposto e suado, se aproximou dela, beijou levemente seus lábios entregando a chave do quarto de Antonella, saindo em seguida. Ela guardou a chave no bolso de seu short e continuou seu treino matinal com sua personal.

— Poucas porções, mas bastante variedades. Coloque também aquele iogurte que eu gosto. Ela não comeu nada ontem. — Disse Catarina dando ordens a uma das empregadas antes de tomar um banho para levar o café da manhã para Antonella.

Com os cabelos molhados e perfumada, Catarina avisou a Phelipe que estaria no quarto da Antonella, pegou a bandeja farta, e entrou. A garota a encarou com ódio, e uma revolta lhe invadiu naquele instante, deixando-a cega por um momento.

— Bom dia, trouxe seu café. Como não sei bem o que gosta pedi um pouco de tudo.

Ela colocou a bandeja em cima de uma mesa arrumando de costas para a garota. Trêmula, Antonella se levantou da cama com cuidado para não fazer barulho, pegando um vaso e acertando sem jeito Catarina que soltou um grito de dor, se desequilibrando com vertigem, e se encolhendo no chão em seguida. Com o barulho do resto do vaso se quebrando no piso, Phelipe entrou vendo que Antonella se aproximava da porta tentando fugir, e em seguida viu sua esposa caída, com o pescoço cortado e ensanguentado.

— O que pensa que está fazendo, imbecil? Quer que eu a mantenha amarrada? É isso o que quer?

Phelipe pegou a garota pelos cabelos empurrando-a contra a cama, ainda um pouco tonta, Catarina viu a cena e se desesperou levantando com dificuldade.

— Phelipe, não. — Ela se colocou entre eles impedindo que Phelipe a machucasse. — Por favor, está tudo bem, eu estou bem.

Phelipe olhou para Catarina completamente fora de si, odiava que ela se metesse em suas decisões, teve vontade de castiga-lá ali mesmo.

— Vamos sair daqui, por favor. — Implorou ela com dor, segurando o corte que não parava de sangrar.

— Não pense que vai ficar assim. — Avisou ele apontando o dedo indicador para Antonella.

— Retire todos os objetos cortantes, e o café da manhã, não entra mais nada nesse quarto hoje, nem água. — Ordenou Phelipe a um dos seus funcionários que rapidamente se propuseram a cumprir suas ordens.

Phelipe puxou Catarina com seu toque firme levando-a para a suíte do casal. Pegou uma maleta com primeiros socorros e limpou o ferimento em silêncio.

— Catarina, eu vou falar apenas uma vez, nunca mais volte a me desautorizar na frente de quem quer que seja.

— Perdão, mas...

— Cale a boca quando eu estiver falando, porra. — Gritou ele irritado. — Na próxima, quem vai sofrer as consequências será você.

Ele limpou bem a região, e fez o curativo, deixou-a sozinha no quarto e foi cuidar de outras coisas, principalmente sobre o que dizia respeito a Jorge, queria se livrar o quanto antes da garota, que pelo visto iria trazer grandes problemas.

Sobre-viverOnde histórias criam vida. Descubra agora