Catarina levou as mãos ao rosto desolada, seu grito de dor e desespero preencheu o ambiente. Não podia acreditar no que estava acontecendo, não queria ver Ella morrer diante de seus olhos, agora tudo o que mais desejava, era que Phelipe também a matasse, não queria viver com a dor de ter causado tantos problemas para Antonella, não poderia conviver com o luto de perdê-la.
— Desgraçado!
Catarina ouviu a voz de Jorge e olhou para o lado devagar, quase conseguiu ver o caminho da bala saindo de uma pistola dourada até atingir em cheio a cabeça de Phelipe, ao mesmo tempo em que ouvia tiros do lado de fora da casa, tentando tampar os ouvidos em pânico.
— Ella, por favor, filha, reage. Por favor.
Jorge começou a se desesperar por perceber que Ella estava desacordada, além de estar covardemente machucada.
— Senhor Jorge, me deixe vê-la.
Sérgio era quase formado em medicina, usava o dinheiro da máfia para estudar. Ele se aproximou do corpo de Antonella analisando os sinais vitais, fez alguns procedimentos para tentar reanima-la, completamente concentrado ali, mesmo que o caos fora da casa estivesse aparentemente sem controle, fazendo com que Jorge saísse para tentar conter os ânimos.
— Os sinais vitais estão fracos. Precisamos levá-la imediatamente para a emergência. — Disse ele ao ver Jorge voltando.
Ele pegou o corpo frágil de Ella em seus braços colocando-a no banco de trás do carro, saindo com Catarina e Sérgio em direção a emergência mais próxima. Ao chegarem, Sérgio foi na frente agilizando o procedimento, voltando com médicos e socorristas levando-a em uma maca, vendo-a desaparecer no interior do hospital. Jorge entrou ao lado da Catarina, e ficaram esperando em uma recepção mais reservada. Sérgio sumiu dentro do hospital tentando ficar a par de toda situação, já que alguns médicos presentes eram também seus professores.
Catarina estava sentada, não tinha um só minuto que conseguisse recobrar a calma, se sentia culpada pelo que Phelipe fez, jamais se perdoaria caso Antonella viesse a óbito, estava em um choque tão profundo, que nem havia se dado conta de que Phelipe havia sido atingido, e consequentemente, faleceu.
— Senhor Jorge, preciso que assine a autorização para a cirurgia de emergência de sua filha.
Jorge se levantou acompanhando a enfermeira até a recepção, pode naquele instante ter uma ideia do quanto Antonella estava machucada, fraturas nas costelas, possíveis traumas cerebrais, e a urgência de uma cirurgia no pescoço na tentativa de evitar que entre as sequelas, Ella ficasse paraplégica.
Já havia se passado mais de duas horas desde que Antonella entrou para o centro cirúrgico. Catarina continuava sentada no mesmo lugar, imóvel, seu corpo já nem sentia mais as dores musculares da posição, não conseguia nem perceber que também estava machucada, apesar de seus machucados nem se compararem ao que Phelipe fez a Antonella.
Jorge agora precisava lidar com as consequências, limpar a sujeira, além de Phelipe, dois outros membros de sua equipe acabaram mortos, assim como alguns homens de confiança de seu rival.
— Eu preciso resolver umas coisas. Sérgio vai ficar aqui com você, qualquer coisa me liguem. — Disse Jorge para Catarina antes de sair.
Catarina se encolheu em seu acento e chorou baixinho, tinha medo de perdê-la, as vezes pensava que nunca seria feliz, e acreditava que talvez merecesse tudo aquilo.
— Tome, vai te acalmar.
Catarina encarou o menino ali, e pegou o copo térmico com chá. Sérgio não passava dos vinte e cinco anos provavelmente, ela o viu pouquíssimas vezes entre a equipe de Phelipe, talvez, porque ele era extremamente bonito, e Phelipe costumava ser ciumento e controlador.

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Sobre-viver
RomanceDuas máfias rivais estão a ponto de iniciarem uma guerra, depois que Jorge Firmino decide roubar uma carga valiosa de seu principal rival, Phelipe Zimam. Para evitar que um confronto inicie, Phelipe decide sequestrar o que Jorge tem de mais precioso...