— Pai, pai. Precisamos conversar.
Jorge se virou encarando Antonella que entrava desesperada em sua biblioteca. Ele tinha ideia de que ela estava encantada por Catarina, que era uma bela mulher, mas sabia exatamente que Phelipe não perdoaria um envolvimento entre elas.
— Não temos nada para conversar, Antonella! Eu quero essa mulher fora da minha casa, e bem longe de você.
— Eu sei que você tem razão em ficar bravo, sei que Phelipe é perigoso, mas ela não é igual a ele, além do mais, são só uns dias.
— Não.
— Pai, eu não vou deixar ela sozinha, se ela for embora, eu vou também.
— Não me venha com chantagens, Antonella! Foi você que ajudou ela fugir?
— Sim.
— Você está louca? Você sabe o que ele poderia ter feito? Tem noção do que você fez? Eu não estou acreditando, Antonella.
— Eu não posso abandonar ela, aqui ela está segura, pai, por favor, não vamos sair de casa, ele não tem como encontrar ela aqui.
— Eu já disse que não!
— Papi, olha, você tem toda razão do mundo em se preocupar, mas ela fugiu porque ele a agrediu, e Catarina acabou perdendo o bebê, eu não posso deixar que ele coloque as mãos nela de novo, ele é capaz de matá-la.
— Isso não é um problema meu.
— Papi, por favor.
— Já chega, Antonella! Não me faça colocá-la na rua agora mesmo.
Antonella encarou seu pai e saiu dali, se sentia desanimada por não conseguir nada com Jorge, queria ter boas notícias para Catarina, mas não seria assim, infelizmente não podia fazer nada para ajudá-la. Catarina estava esperando que Antonella voltasse, e ao vê-la, percebeu que não lhe restaria nenhuma saída além de ir embora.
— Desculpa.
— Está tudo bem, Ella. Seu pai só está preocupado com você, e ele está certo.
— É tão injusto, eu vou pensar em alguma coisa. Eu prometo que vou te ajudar.
— Eu não poderia ficar aqui a vida toda, não é? Amanhã mesmo eu saio pela manhã.
Antonella a abraçou forte, queria pensar em uma forma de não permitir que ela precisasse ir, tinha muito medo que Phelipe conseguisse encontrá-la. Não conseguia aceitar o fato de Catarina correr riscos de ser sequestrada, ou assassinada simplesmente porque não quer mais viver ao lado de um homem que se sente no direito de achar que tem poderes sobre ela. Elas se sentaram na cama e se olharam, naquele instante, só conseguiam pensar que mais uma vez teriam que se separar, e a ideia não era muito agradável.
— Já decidiu o que fazer?
— Acho que vou para Portugal, tenho uma prima que mora lá, fico por alguns meses, e quando a poeira baixar, penso em seguir para Itália.
— Como vai viajar? Não acha que Phelipe pode estar preparado para que você tente sair do país?
— Eu preciso arriscar, Ella. Se eu ficar por aqui, é ainda mais fácil ele me encontrar.
— Não vamos agir por impulso, ok? Vamos pensar juntas em uma solução.
Ella ligou para conhecidos, procurava casas afastadas da cidade para locar por um período curto de tempo, ou apartamentos mobiliados com segurança redobrada. A cada ligação, Jorge estava mais preocupado com o envolvimento de Antonella nessa história, sabia que ela não iria deixar Catarina simplesmente desamparada, e esse fato lhe preocupava profundamente.
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Sobre-viver
RomanceDuas máfias rivais estão a ponto de iniciarem uma guerra, depois que Jorge Firmino decide roubar uma carga valiosa de seu principal rival, Phelipe Zimam. Para evitar que um confronto inicie, Phelipe decide sequestrar o que Jorge tem de mais precioso...