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Laura observava Antonella tomando um chá, enquanto as crianças dormiam no início da tarde depois de brincarem até ficarem exaustas.

— Amiga, por que não dá uma chance para ela? Para ela, e para você mesma.

Antonella ficou pensativa, desde a ocasião do café, Carol enviava todos os dias alguma flor, talvez como uma forma de se manter presente, ou apenas para tentar conquista-la.

— E o jantar? Por que ainda não marcou o jantar com ela?

— Laura... eu não sei. Eu não estou pronta para conhecer outra pessoa, para me relacionar, para...

— Transar... Eu sei, amiga, por todas as fadas místicas do universo, você está há mais de um ano e meio sem sexo, isso é uma forma antiga de tortura, tenho certeza. Não sente falta? De ter alguém, de amar de novo, de sentir aquele frio na barriga antes de um encontro?

— Claro que sinto, eu não sou de ferro.

— Ela é uma fofa, Antonella. Ela te manda flores todas as manhãs, ela não se importa que você vá jantar com o Carlinhos lá. Ela está fazendo de tudo para te conquistar.

— Eu não sei se consigo amar outra pessoa.

— Só o tempo dirá. Agora adianta ficar aí só pensando nas possibilidades da vida? Você pode não acordar amanhã, acha que viveu o suficiente?

Elas estavam deitadas na cama, enquanto trocavam confidências, algo rotineiro desde o início da amizade, tanto tempo, que já perderam as contas. Laura não tinha muito o que reclamar, Sérgio fazia qualquer coisa por ela, cuidava da Lara sempre que estava em casa, e era muito carinhoso, não tinha motivos para desconfiar de nada, se não fossem os últimos acontecimentos.

— Preciso desabafar o que vem acontecendo... tente imaginar como se fosse você, Antonella, e tente me dar razão, ok? Você dorme, acorda com a bebê chorando e percebe que seu marido não está na cama. Você levanta, vai até o quarto e fica um tempinho até a bebê voltar a dormir. Está acompanhando o raciocínio?

— Sim.

— Certo. Você volta para o quarto e seu marido está na cama?

— Está? — Questionou confusa.

— Não! Ele não estava. Aí o meu sexto sentido apitou tanto, que me fez sair na ponta dos pés para tentar pegar alguma coisa, foi quando eu vi ele desligando o celular antes de entrar para casa.

— Vocês conversaram?

— Eu pensei em arrancar o pescoço dele com uma faquinha de pão, você acha que eu estava no clima de conversar?

— E o que você fez?

— Coloquei a Lara no meu quarto, e tranquei a porta.

— Não pediu explicações? Ele não se defendeu?

— Segundo ele, era um cliente de outro país que só poderia conversar naquele horário. Faça-me o favor, né?

— Que horas eram?

— 2h da manhã, amiga. Você tem noção?

— É... eu também desconfiaria, para ser bem sincera. Mas como vocês estão? Sexualmente falando.

— Estávamos né? Porque agora estou em greve. Antes disso, estava tudo ótimo, aquele filho da puta gostoso nunca me deu motivos para pensar em uma traição, até agora.

— Você já pensou na possibilidade dele estar sendo sincero? Se ele nunca deu motivos para uma desconfiança, talvez devesse considerar.

— Talvez, mas ele vai sofrer as consequências até lá.

Sobre-viverOnde histórias criam vida. Descubra agora