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— Nunca mais faça isso. — Ella se afastou olhando furiosa para ela.

— Ella, por favor. — Pediu aflita.

— Não pense que tem essa liberdade comigo, porque não tem mais.

— Me desculpa.

Ella a encarou ali, e ignorou sua presença indo diretamente para seu quarto, sendo seguida por Catarina.

— Eu não esconderia de você se soubesse que poderia entender minha decisão. Tudo o que eu fiz...

— Não comece a justificar, por favor! Você se esqueceu do quanto Phelipe fez mal a mim, e a outras pessoas? Acha que não sei o que significa estar no lugar dele?

— Eu não sou ele. Não me compare ao Phelipe.

— Ok. Diríamos que você realmente seja diferente dele... até quando? Quando tempo vai levar até você se corromper? Até matar a primeira pessoa, a andar com uma arma na cintura enquanto se acha o próprio deus? Meses? Anos?

— Antonella, as coisas não funcionam assim.

— Não tenho o mínimo interesse em saber como a máfia funciona, nem se preocupe porque não quero explicações.

— Me parece que você se esqueceu quem o seu pai é. Não faço nada que ele não faça, por que para você é mais fácil aceitar ele do que eu?

Ella a encarou e soltou os cabelos tirando a aliança que percebeu que não tinha retirado até o momento, tendo sua ação monitorada pelos olhos atentos de Catarina.

— Infelizmente, e apesar de o amar muito, eu não pude escolher o pai que tenho, mas ainda posso escolher a pessoa com quem desejo passar o resto dos meus dias. E garanto que não vai ser com alguém que se coloque, e me coloque em risco. Não quero e não vou viver acompanhada de seguranças 24h por dia, me recuso a ter alguém ao meu lado que pode simplesmente ser assassinada por ter inimigos que a ameaçam sua integridade e a de sua família o tempo inteiro. Talvez a vida seja realmente só uma, e pretendo aproveitá-la da melhor maneira possível, pretendo ter uma coisa que você e meu pai nunca vão ter, paz.

Ella percebeu que talvez acabou sendo cruel demais em suas palavras, e vê-la chorar não era algo fácil, mas não podia aceitar tudo aquilo, sabia o quanto estava apaixonada por Catarina, e não poderia deixar que seus sentimentos falassem mais alto. Catarina saiu enquanto Ella permanecia no mesmo lugar, se sentindo destruída de várias formas possíveis. 

— Laura, eu não podia te falar nada sobre isso. Sabia que você não ia esconder da Antonella, e a Catarina era capaz de me fuzilar. — Disse Sérgio sentado no sofá encarando Laura que estava bem longe dele com os braços cruzados à espera de uma boa explicação.

Laura viu seu telefone tocar, olhou para Sérgio e atendeu.

— Oi, Ella.

— Laura, vamos sair dessa cidade uns dias, por favor. Eu vou enlouquecer aqui.

— Vou arrumar as minhas coisas.

— Passo aí depois do almoço, estou esperando meu pai chegar.

— Combinado.

Laura ignorou Sérgio ali e entrou para o quarto, jogou uma mala grande em cima da cama e foi pegando suas melhores roupas em um armário.

— O que está fazendo?

— Não lhe devo satisfações, você não é meu dono.

— Tudo bem.

Ele continuou parado na porta enquanto via ela colocar as coisas em cima da cama, decidindo o que ia para a mala, e o que voltava para o armário. Sérgio se aproximou abraçando-a por trás, cheirando seus cabelos e pedindo desculpas por não ter falado nada, reafirmando que não podia entregar Catarina.

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