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A noite foi longa para Antonella que mal conseguiu dormir sem a presença do Carlinhos ao seu lado, mesmo que não tenha dormido nada na noite anterior. Já na madrugada e vencida pelo cansaço, Ella tomou alguns calmantes e finalmente conseguiu relaxar. Catarina por outro lado estava feliz, mal podia acreditar que estava ao lado de seu filho, apesar de se sentir mal por ver que ele estava deslocado, e as vezes chamava sua mamãe, o que lhe cortava o coração.

Em uma separação quem mais se machuca sem dúvidas são os filhos, vê-los perdidos, independente da idade, se eles entendem ou não pelo que os pais estão passando, não deixa de ser uma experiência difícil, e em alguns casos desnecessário.

— Ele dormiu bem? — Perguntou Jorge vendo Catarina sair do quarto com um semblante cansado.

— Sim... só chamou muito por ela. Ela é a mãe que ele conhece, eu sou só uma estranha.

— Filha, não pense assim. O Carlinhos ainda não entende, mas logo ele vai entender, tenha paciência.

Catarina estava terminando o seu café da manhã quando ouviu alguém lhe chamar, ao sair, recebeu um envelope e assinou um canhoto entrando para o interior da residência. Jorge a observou em silêncio, enquanto ela abria o envelope, se deparando com a documentação do divórcio.

— O que foi? — Perguntou Jorge.

— Os papéis... do divórcio.

— Não assine ainda. Ella está magoada, agindo sem pensar como sempre. Dê um tempo a vocês.

— Ela não vai me perdoar, Jorge. Acho que o mínimo que posso fazer é deixá-la livre.

— Não... você está errada pensando assim, não faça isso.

Catarina subiu e se deitou com Carlinhos acariciando sua pele, sabia que Antonella não demoraria a aparecer e queria aproveitar até os últimos instantes ao lado dele. Carlinhos acordou, tomou banho, tomou o café da manhã com a ajuda de Catarina e estava no sofá brincando e vendo desenho.

Ela olhou o relógio e percebeu que já se aproximava do horário do almoço, e não havia nem sinal de Ella. Catarina ficou apreensiva, e com medo de ter acontecido alguma coisa, ligou para o celular dela, mas ela simplesmente não atendia. Tentando manter a calma, Catarina deu o almoço de Carlinhos e ficou mais um tempo tentando acreditar que Antonella estivesse dormindo um pouco a mais, mas já começava a se preocupar.

— Laura, preciso saber onde Antonella está. — Pediu Catarina entrando sem ser convidada com o Carlinhos no colo.

— Sinto muito, mas se você não sabe, é porque minha amiga não quer.

— Laura, a Antonella não apareceu para pegar o Carlinhos, e ela não atende as ligações, por favor, pode ter acontecido alguma coisa, eu preciso saber onde ela está.

Laura olhou o relógio e ligou para sua amiga, depois de mais de cinco chamadas não atendidas, se convenceu de que era melhor falar de uma vez. Laura passou o endereço, e Catarina deixou o Carlinhos ali enquanto dirigia até o hotel.

Depois de se identificar como esposa de Antonella, Catarina conseguiu o acesso para entrar no quarto, encontrando-a dormindo profundamente. Ella estava sob o efeito dos calmantes, e dormia enquanto usava uma camisola escura e um tanto sexy.

— Ella... acorda.

Catarina se aproximou de seu rosto sentindo sua respiração, ao se afastar viu na mesa de cabeceira um frasco com remédios.

— Ella... por favor. Por favor, acorda.

Sonolenta, Ella abriu os olhos e sorriu ao ver Catarina ali, mas seu corpo estava pesado demais, lento demais e seu raciocínio era quase nulo.

Sobre-viverOnde histórias criam vida. Descubra agora