— Eu acho que devo começar dizendo que você está realmente de parabéns, conseguiu me fazer de idiota esse tempo todo acreditando no seu teatrinho. Está satisfeita?
— Não pense que foi fácil para mim. Eu não teria feito isso se eu tivesse outra escolha.
— Imagino... deve ser realmente difícil decidir entre ser honesta, ou ser uma grande filha da puta.
Catarina ficou em pé, estava nervosa, ela sabia que as coisas não estavam bem, e que muito provavelmente levaria algum tempo para que Antonella pudesse perdoa-la, se é que algum dia poderia fazer isso.
— Ella, embora eu soubesse que isso ia ser difícil para você, saiba que foi muito difícil para mim tomar essa decisão. Eu não podia arriscar perder vocês, essa foi a única forma de conseguir sair da máfia de forma segura, sem arriscar a sua vida, a vida do meu filho, eu fiz por nós...
— Não existe mais nós, Catarina.
— Eu fiz o que você tanto me pediu, Antonella, quantas vezes insistiu para que eu deixasse tudo para trás e vivesse ao seu lado como uma família comum? Ninguém podia saber que eu estava viva, se desconfiassem, poderiam usar você ou o meu filho para que eu aparecesse. Pelo amor de Deus, você sabe que não ia aceitar que eu sumisse no mundo sem dar notícias, sem manter contato, e eu simplesmente não podia.
— Onde esteve?
— Holanda...
— Você sabe o que eu fiz esses anos todos enquanto você passeava na Holanda? Sabe o que passei? O quanto sofri? O quanto me culpei por não ter insistido um pouco mais para que você largasse tudo e ficasse comigo? Sabe o quanto me culpei por não ter me despedido de você?
— Ella, meu amor...
— Não me chame assim, você pouco se importou comigo, ou com o que eu sentia. — Ella fez uma pausa para tentar acalmar seus soluços, ela chorava e mal conseguia raciocinar. — Me arrependo amargamente do dia em que te conheci, me arrependo de ter me apaixonado, me arrependo de ter me casado com você. Eu odeio você, eu odeio quem você se tornou, pouco me importa com o que você está metida ou não, você... morreu para mim.
Antonella se levantou e Catarina se aproximou tomando seus lábios em um beijo urgente, em meio às lágrimas, Ella tentou se desvencilhar de seu agarre, estava profundamente machucada, e não a perdoaria fácil. Ella a empurrou e lhe acertou um tapa em seu rosto, elas se olharam em silêncio tentando recuperarem a calma.
— Nunca mais toque em mim. — Avisou Antonella subindo para o quarto.
Catarina a seguiu rapidamente e a viu juntar suas coisas colocando-as em uma mala grande.
— Não faz isso, Ella... por favor.
— A casa é sua, não faz o menor sentido para mim continuar aqui.
— A casa também é sua, você é minha esposa, tudo o que é meu também é seu.
— Sou sua esposa por pouco tempo.
Em todo o momento, Catarina tentou manter a calma, mas vê-la ir embora, era cruel de tantas formas que não pode deixar de chorar, não sabia o que fazer, ou o que dizer, só não podia aceitar que tudo estava acabando.
— Você não vai levar o Carlinhos. — Disse Catarina vendo-a arrumar as coisas dele também.
— Quero ver quem vai me impedir.
Catarina saiu dali nervosa, acendeu um cigarro enquanto chorava do lado de fora da casa, vendo Jorge se aproximar com o cenho franzido e uma expressão preocupada.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sobre-viver
RomanceDuas máfias rivais estão a ponto de iniciarem uma guerra, depois que Jorge Firmino decide roubar uma carga valiosa de seu principal rival, Phelipe Zimam. Para evitar que um confronto inicie, Phelipe decide sequestrar o que Jorge tem de mais precioso...