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O que mais une duas pessoas que se amam, é sem dúvidas o respeito. E o que fazer quando ele não existe mais? Catarina estava se olhando no espelho, seus braços estavam roxos assim como seu olho, seu lábio estava inchado e sua pele ainda suja de sangue. Ela se olhava no espelho e não conseguia acreditar que era ela ali, sempre tão vaidosa, agora tinha seu rosto desfigurado, machucado, triste, nunca conseguiu identificar os abusos de Phelipe a tempo, e nesse momento se culpava um pouco por isso, mas o amor as vezes cega, e não deixa identificar os abusos a tempo, porém bastou que ela negasse sexo, ou pedisse o divórcio para que conhecesse outra versão de Phelipe Zimam, ou a verdadeira face dele.

Ela ligou o chuveiro e ficou um tempo ali, sentindo a água fria tocando em sua pele machucada, não se importava com a ardência, a água a acalmava de uma forma que nada mais importava. Um pouco mais calma, ela saiu e colocou suas roupas com vestígios de sangue no cesto, pegando um moletom limpo na gaveta. A cada hora, Phelipe tentava entrar, batia na porta, chamava ela com sua voz doce, e pedia desculpas, e a cada instante que ele surgia ali, Catarina chorava triste pelos minutos dolorosos que passou.

Já era noite e fazia muito frio, ela estava sentada na cama com o corpo enrolado em um edredom quando ouviu Phelipe tentando forçar a porta para entrar, e ela sabia que ele faria isso. Ele abriu a porta e olhou para ela, seu rosto tenso deixava evidente a preocupação em seu olhar.

— Catarina, por favor me perdoa. Eu perdi a cabeça. Eu fiquei desesperado com a ideia de perder você.

O homem se aproximou chorando e tocando em sua mão, ela ficou em silêncio observando-o, queria acreditar que seu arrependimento era verdadeiro.

— Eu amo você, Catarina, eu não imagino minha vida sem você, desculpa por passar dos limites, isso nunca mais vai acontecer.

Ele a puxou em seus braços e a abraçou, ele chorava por medo de perdê-la, ela naquele momento chorava sem saber no que pensar.

— Me perdoe, por favor, por favor, eu amo você. Vamos conversar, vamos resolver nossos problemas, mas não me deixe sem você. Me deixe cuidar de você, por favor.

Ele a pegou no colo tirando Catarina dali, e a colocando na cama da suíte. Pegou uma pomada e começou a passar em seus hematomas, entregou a ela um comprimido e ficou abraçado a seu corpo até que ela exausta, pegasse no sono.

Quando Catarina acordou, sentia muita cólica e dores no corpo todo que não a deixavam esquecer o que aconteceu, ela se sentou, viu um buquê gigante de mais ou menos 500 botões de rosa, e Phelipe entrando com uma bandeja de café da manhã.

— Você está bem, meu amor? Trouxe seu café.

Ela ainda estava meio que em transe, embora soubesse que o que Phelipe fez foi horrível, estava tentando inutilmente relevar, como se pudesse apagar o que aconteceu naquele escritório.

— Você quer ver sua mãe? É isso? Se for importante pra você, eu posso trazê-la. Eu juro que as coisas vão mudar, eu amo você, eu só quero te ver feliz.

Ainda sem dizer nenhuma palavra, Catarina encarou a bandeja, se sentia enjoada, e com uma cólica a cada instante mais forte. Ela estava um pouco tonta, aérea, sem forças. Ela se levantou para ir ao banheiro e Phelipe viu que os lençóis estavam sujos de sangue, em uma quantidade preocupante.

— Catarina...

Ele correu pegando-a antes que ela desmaiasse, ficando inconsciente em seus braços. Como de costume, Phelipe chamou o médico que cuidava da família há anos, ele ficou sozinho no quarto com Catarina por um momento, e com uma enfermeira que sempre o ajudava nas consultas.

Catarina abriu os olhos pesados com dificuldade, olhou o médico ali examinando-a, a enfermeira olhava com um semblante preocupado, deixando-a em alerta.

Sobre-viverOnde histórias criam vida. Descubra agora