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Quando a bomba estourou, foi apenas a ponta do iceberg, e Catarina já estava se preparando há um tempo para isso, ela era inteligente o suficiente para perceber que alguma coisa de muito errada estava acontecendo nos últimos meses. Os próprios aliados de Phelipe, consequentemente os de Catarina, começaram a se unir, e não foi muito difícil encontrar alguém que pudesse dar com a língua nos dentes, e falar um pouco mais do que devia.

A união entre Catarina e Jorge, foi encarado como traição por grande parte dos aliados, principalmente porque Jorge foi o principal responsável pela morte de Phelipe, fora que, para alguns homens, ser liderado, ou fazer negócios com uma mulher, afeta diretamente na masculinidade frágil deles.

Foram longos dias de análise, Jorge, Sérgio e Catarina, sabiam que algo muito grave poderia vir a tona, principalmente quando percebeu que Cecília começou a se aproximar de Afonso, um homem perigosíssimo que Phelipe fez o favor de destruir a sua família.

Depois de conversarem, Catarina decidiu colocar uma escuta nos óculos de grau de Cecília enquanto ela ainda era babá de Carlinhos, analisando cada passo daquela mulher, e entendendo tudo o que era planejado. Quando Cecília colocou a escuta no escritório no dia em que Catarina a demitiu, eles passaram a fazer reuniões importantes apenas na casa de Jorge, soltando apenas o que era irrelevante na sala de Catarina. Cecília na ocasião, foi apenas usada como peça chave para um plano maior, ela queria se vingar de Antonella, queria que os homens a sequestrasse em troca de dinheiro, deixando o caminho livre para conquistar Catarina. Quando na verdade, os homens sempre deram indícios de que tinham outros planos.

Naquela manhã, Catarina estava inquieta quando levou café na cama para Antonella, sabia que teria que se despedir de sua esposa e de seu filho, pelo menos por algum tempo, e o fez, desde o dia anterior quando os levaram para jantar. Depois de sair do quarto, Catarina entrou no quarto de hóspedes onde vestiu um colete à prova de balas, assim como ordenou que toda sua equipe fizesse, suas mãos tremiam e as pontas dos dedos suavam, tudo poderia sair milimetricamente como o esperado, como também poderia algo dar errado, e ter sua esposa e filho correndo riscos ali, a deixava em pânico.

— Você está pronta? — Perguntou Sérgio tocando em suas mãos.

— Um pouco. Não esqueça de vigiar a porta, ninguém pode entrar ou sair do quarto até tudo acabar.

— Já repassamos o plano várias vezes, confia em mim, ninguém vai tocar em sua família.

— Eu te devo a minha vida, obrigada.

Catarina entrou no escritório e se sentou, carregou sua arma e a deixou fácil, seu principal alvo era Afonso, ele era extremamente perigoso. Em um monitor pequeno, viu quando Cecília se aproximou do portão, se remexendo em sua cadeira confortavelmente.

Quando eles entraram no escritório, foi tudo muito mais rápido do que esperavam, o tiro certeiro em Afonso o levou para o chão em menos de três segundos, Cecília e o outro capanga, foram mortos com a mesma rapidez. Um dos homens de Catarina trataram de rapidamente espalhar sangue próximo ao seu corpo, dando indícios de que ela era uma das vítimas daquela manhã.

Não foi fácil ouvir Antonella gritar em desespero, no chão, Catarina pensou algumas vezes se realmente valia a pena encarar essa farsa, mas que outro jeito Antonella iria embora com Carlinhos e não tentaria contato? Era uma situação delicada, e uma decisão difícil de tomar.

Quando Sérgio saiu com Antonella, Catarina se sentou no chão e chorou, não era fácil admitir que precisava se afastar de sua família para conseguir se livrar de tudo aquilo da qual se meteu.

Jornais contratados pela própria Catarina, noticiavam sua morte como assassinato. De óculos escuros e peruca ruiva, ela lia cada trecho das matérias enquanto deixava o país ao lado de Sérgio, que se dividia entre ajudá-la, cuidar de sua família e trazer notícias de Antonella.

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