Ninguém muda da água para o vinho sem que realmente as intenções sejam verdadeiras, e ainda assim, corre um grande risco de ter dificuldades em mudar totalmente de um dia para o outro, porque toda mudança é um processo, um processo lento e doloroso por sinal, e que acontece de dentro para fora.
Já se passaram dois meses depois que tudo aconteceu, Catarina estava como de costume malhando pela manhã, as vezes sentia que fez o certo em se afastar completamente de Antonella, embora em dois meses, não conseguiu esquecê-la um só dia. Era estranho porque mesmo que a convivência entre elas foi rápida, ambas estavam ligadas mesmo que em pensamento.
Antonella já estava conformada que Catarina não a procuraria mais, mas desejando de coração que sua protetora estivesse bem, porque no fim, era só isso o que realmente importava.
— Eu acho que você podia se dedicar aos negócios. — Disse Laura concentrada em seu escritório.
— Não faço questão, Laura. E confio em você.
— Pelo menos aqui, você ocuparia a mente e não pensaria tanto na Catarina.
— Eu não penso mais nela.
— Uhum, e meu pai é um gnomo.
— Certamente, pra você ter nascido estranha assim. Chata!
Catarina estava sentada à beira da piscina aproveitando o sol, tentando se aquecer naquele dia frio. Ela estava pensativa sobre os últimos comportamentos de Phelipe, que parecia ter mudado por um longo período, mas deixando indícios de que na prática, as coisas não eram tão simples assim. Nada que possa ser encarado com gravidade, apenas algumas grosserias gratuitas, e sua forma bruta de não aceitar opiniões contrárias, o que ele havia evitado nas últimas semanas.
Talvez um dos pontos principais que lhe trazia essa instabilidade, era o sexo não estar sendo tão frequente quanto gostaria, Catarina não se sentia completamente recuperada psicologicamente, então em alguns dias tudo fluía, mas em outros, ela simplesmente travava gerando um certo atrito entre eles. Claro que no início, Phelipe disfarçava bem, dizia que a entendia, mas a máscara de bom moço, estava caindo aos poucos.
Naquela noite após o jantar, Catarina espalhou hidratante pelo corpo, vestiu uma lingerie sensual que comprou na loja da amiga de Antonella, e sentia-se ansiosa. As vezes, se culpava por não conseguir dominar o próprio corpo, sem saber que na verdade, sua mente era sua maior inimiga.
Phelipe chegou, puxou seus cabelos para trás de forma possessiva e cheirou seu pescoço, apertou sua cintura enquanto deslizava a língua para seu umbigo. Ele cheirou sua calcinha afastando-a para o lado tocando-a, mas ela não estava com vontade, não conseguia se excitar como em muitas outras noites. Ele tentou penetra-la com o dedo lhe causando desconforto e fazendo-a se afastar.
— Não consigo, amor... desculpa.
Ele estava irritado, por um momento pensou em força-la, mas mudou de ideia, por mais que a tentativa lhe agradasse.
— Eu estou cansado disso, Catarina. Você nunca pode, nunca consegue, nunca está afim.
— Eu queria, mas...
— Queria porra nenhuma. — Gritou se levantando da cama. — Você é tão inútil que não consegue nem cumprir suas obrigações.
— Phelipe, você está me magoando.
— Sabe de uma coisa, homem que não tem em casa procura na rua, sendo assim não me resta outra alternativa.
— O que? Você não pode...
Catarina se sentou sem acreditar que Phelipe estava realmente dizendo com todas as letras que estava indo atrás de outra mulher, ele se arrumou e saiu. Ela olhou a porta aberta e chorou, se sentia completamente burra por ter acreditado que algum dia ele mudaria, e isso, ultrapassava todos os limites. Phelipe chegou na madrugada, por volta de 4h da manhã, tomou banho, e ignorou o fato de Catarina ter se trancado em seu quarto.

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Sobre-viver
RomansaDuas máfias rivais estão a ponto de iniciarem uma guerra, depois que Jorge Firmino decide roubar uma carga valiosa de seu principal rival, Phelipe Zimam. Para evitar que um confronto inicie, Phelipe decide sequestrar o que Jorge tem de mais precioso...