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Matteo narrando.

_Chegou tarde hoje.- falo vendo Noah entrando.

_Hã...muitas coisas pra resolver.- ele fala e eu o vejo subindo as escadas.

Estranho.

Dou de ombros e volto a comer a comida que estava em meu prato. Termino de comer e subo para meu quarto. Tomo um banho rápido e visto só uma cueca, me jogando na cama e pagando no sono.
............

Acordo e faço toda a minha rotina matinal, sem novidades. Entro no estúdio e lá vamos nós, para mais um dia de trabalho.

_Acho que vou largar mais cedo, hoje.- informo a Július.

_Por quê?- ele pergunta.

_Quero sair um pouco.- falo dando de ombros.

_Deixa eu adivinhar...vai vê a Hannah?- ele pergunta rindo.

_Não.- respondo._Não existe só ela de mulher no mundo, sabia?

_Mas ela é sua preferida, que eu sei.- ele pisca pra mim.

_Talvez.- sorrio de lado.

Voltamos a trabalhar. Onde eu quero ir, eu nunca levei ninguém. É lá onde eu relaxo. Saio do estúdio e monto na moto, dando partida para o outro lado da cidade. Foram 40 min de estrada, mas vale a pena.

Paro em cima daquele enorme morro, que dá uma visão ótima da cidade. Me sento ali na grama, olhando para o céu e para a cidade, fechando os olhos e sentindo o vento sobre o meu rosto.

Coloco meus braços sobre minha perna dobrada e fico pensando em tudo que aconteceu em minha vida. Eu sei, as vezes sou muito frio, debochado. Mas sei lá, eu acho que isso, de alguma forma, me protege de ser machucado pelas pessoas.

Fui magoado pela pessoa que eu mais amava nesse mundo, o meu pai. Na primeira oportunidade, abandonou eu e minha mãe aqui. Disse que ia procurar um novo emprego no Brasil e que ia voltar, mas tudo isso era um conversa fiada. Ele só queria se livrar de nós. Acho que o meu dom de pintar e desenhar, veio dele.

Ele conseguiu um emprego, e hoje é dono de uma das maiores galerias de artes, do Brasil. E mesmo assim, ele quis saber da gente? Não. Só minha mãe que se ilude, pensando que ele se importa comigo.

Mas eu não preciso do carinho, amor ou atenção de ninguém. Meu amor próprio já é suficiente para minha sobrevivência.

Fico mais alguns minutos ali, eu amo esse lugar. Depois me levanto e resolvo ir pra casa. Entro e vejo Noah tirando seu tênis. Aliás, já são 17:00.

_Oi.- ele me cumprimenta.

_Oi.- respondo me sentando na poltrona e me esticando.

Ele sobe para seu quarto e eu fico ali, parado e pensando no que vou fazer. Está tudo um tédio, minha vida está meio que, repetitiva demais.

Tiro minhas botas e coloco do lado da poltrona. Ligo a TV e ligo para um delivery, pedindo um hambúrguer e batatas fritas. Logo Noah desce todo arrumado e bem perfumado.

_Onde você vai?- pergunto.

_A casa de uma amiga.- ele responde e eu ergo uma sobrancelha.

_Que amiga?- pergunto curioso.

_Uma aí, você não conhece.- ele dá de ombros.

_Sei.- estreito os olhos._A mesma do motivo de você ter chegado tarde ontem?- o provoco.

_Sim.- ele responde com seu sorriso sínico e eu rio.

_Ah, moleque.- jogo uma almofada nele._Cuidado, pra não se apegar.

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