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Ámbar narrando.

Estou almoçando com meu pai e Lara, quando Aurora vem até nós, colocando um copo de suco para a Lara.

_Aurora, você está bem?- percebo seus olhos inchados.

_Não, tá tudo bem.- ela passa a mão nos olhos.

_Hã...sei.- volto a comer.

Termino de comer e vou até a cozinha, vê Aurora.

_Aurora, pode me falar. O que houve?- pergunto me aproximando dela.

_Ámbar.- ela para de fazer o que está fazendo e me olha._O Matteo...ele...ele foi pra Nova York.- ela falar eu congelo.

_Como? Tenho que ir atrás dele, ele não pode ir.- falo agoniada.

_Ele já foi, pegou o vôo as 10:00.- ela fala e meus olhos começam a encher de lágrimas.

_Não.- dou passos pra trás, com a mão no peito pela enorme dor que estou sentindo._Não, Aurora. Fala que é mentira, ele tá aqui.- falo apreensiva.

_Não, ele não está.- ela fala pondo a mão na minha e eu choro cada vez mais alto.

_NÃO. AHHHHHHH.- derrubo as coisas da mesa.

_Ámbar, clama, respira.- ela vem atrás de mim.

_AHHHHHH.- derrubo a fruteira.

_Ámbar.- ela tenta me segurar.

_O MATTEO...NÃO.- bato a mão no vidro e ele se parte. Olho para minha mãe que jorrava sangue sem parar.

_Ai, meu Deus.- Aurora começa a ficar nervosa.

_O que foi isso?- meu pai aparece na cozinha._Ámbar, sua mão.- ele vem até mim.

_AHHHHH.- bato minha mão novamente no vidro. Parece que tem uma força dentro de mim e que quer que eu quebre tudo.

_Ámbar.- meu pai me segura pela cintura. Me debato contra ele e sua camisa fica cheia de sangue._Temos que ir ao hospital.

_Ele foi embora, pai, ele foi embora.- choro com toda a minha alma._Por culpa minha.

_Calma, vamos ao hospital. - ele fala e Marcos também aparece na cozinha. Os dois me levam até o carro, onde damos partida para o hospital.

Entramos no hospital e me levaram lá pra dentro de uma sala. Minha vista está ficando embaçada.

_Ela está perdendo muito sangue.- a enfermeira fala aplicando uma coisa na minha veia e eu apago.
...........

_Ela vai ficar bem?- escuto a voz do meu pai.

_Sim, nós só cedamos ela, para costurar os pontos e para lhe dá a bolsa de sangue.- ouço a voz da enfermeira, suponho.

Abro meus olhos lentamente, acostumando com a claridade.

_Ámbar.- meu pai vem até mim e beija o topo da minha cabeça.

_Oi...- falo rouca._Eu surtei de novo, não foi pai?

_Sim, filha. E dessa vez, foi o pior de todos.- ele fala.

_Sim.- olho pra minha mão que está engessada._O Matteo, pai, ele foi embora.- falo já sentindo aquele vazio no peito.

_Fiquei sabendo. Mas por quê isso tudo? Você não namora o Noah?- ele me olha confuso.

_Namorava.- corrijo triste._Tivemos uma desavença e terminamos. E quanto ao Matteo, ele foi muito importante pra mim.

_Sei.- ele me abraça de lado.
.........

Subo para meu quarto, depois de um dia no hospital, e Aurora vem junto.

_O que é isso na sua mão?- pergunto olhando o que ela tinha em suas mãos.

_O Matteo, ele mandou te entregar.- ela me estende.

_Tá, obrigada.- pego com um sorriso fraco no rosto.

_Vou sair, pra você ficar a vontade.- ela saí.

Respiro fundo e abro. Vejo que é o quadro que ele me pintou. Sorrio por lembrar daquele momento e a carta cai nos meus pés. Pego a carta e sua corrente tava ali. Pego a mesma e enrolo na mão, começando a ler a carta.

"Puta merda, hein cabelo de fogo. Tô parecendo um adolescente se declarando por cartas. Mas em fim, quero que você não fique triste ou chateada com a minha decisão, foi o melhor para nós dois. Estávamos nos machucando. Bom, pelo menos, agora você não vai ter quem pegue no seu pé, o tempo todo.

Ámbar, com você, eu aprendi o que é se arriscar por alguém que vale a pena. Foi muito arriscado o que fizemos, eu corria o risco de perder meu irmão, mas mesmo assim, eu me arriscava. Por quê por você, sempre valerá a pena.

Eu estou partindo, mas quero que todas as nossas lembranças, permaneçam em seu coração e em sua memória. Desculpa por ter feito você chorar, nunca foi a minha intenção derramar se que uma lágrima desse seu rosto lindo e delicado.

Só te peço um favor, seja feliz.

-Matteo gostoso e lindo."

Vejo que eu já estava aos prantos e pedindo a Deus só mais um abraço seu. Coloco a corrente em meu pescoço e coloco o quadro da parede. Observo sua arte e parece que ali está nós dois.

Aí, Matteo, nem a perda da minha mãe, doeu tanto quando a sua. Pois minha mãe, eu sabia que ela estava indo para um lugar melhor. Já você, está vivo e longe de mim.

Será que um dia vamos voltar a se vê?

Só sei que a falta que eu sinto dele, nunca vai ser superada. Me sento na poltrona, começando a entrar no mundo de Tessa e Hardin novamente. Acho que acabo me distraindo, eles me entretem bastante.

Na cabeça, o poder do livro funciona, mas no coração, a falta dele, só piora. Me lembro de como éramos tão conectados, nossos corações batiam ao mesmo compasso, nossos corpos nús, era uma combinação perfeita.

Meu celular começa a tocar e eu o pego.

_Alô?

_Oi, Ámbar.

_Noah?- sorrio.

_Sim.

_Meu Deus, onde você está? Como você está?

_Eu estou na casa de um amigo e eu estou...bom, melhorando.

_Noah, de verdade, me desculpa, não sei de fato o que aconteceu comigo.

_Eu sei o que aconteceu, você se apaixonou pelo meu irmão.

_Quê? Não é que...

_Não, Ámbar, eu sei a verdade. Vocês se gostam.

_Gostavam.- corrijo.

_Como assim?- ele pergunta confuso.

_Matteo foi embora, Noah, pra Nova York.

_Quê? Como assim? Não é possível.

_É sim, pois ele foi.

_Meu Deus, preciso falar com minha mãe.

_Tá, liga pra ela.- falo e desligo.

Meu Deus, que vida.

C O N T I N U A . . .

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